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Após despedida no Senado, Sarney diz “história vai lhe julgar”

Senador José Sarney faz seu discurso de despedida

Senador José Sarney faz seu discurso de despedida

Do G1 e UOL

Após 60 anos de mandatos políticos, o senador José Sarney (PMDB-AP) fez nesta quinta-feira (18) seu discurso de despedida no plenário do Senado. Ele afirmou se arrepender de ter voltado à vida pública depois de ter sido presidente da República, cargo que exerceu de 1985 a 1990.

Depois que deixou a Presidência da República – cargo que exerceu devido à morte do presidente Tancredo Neves, em 1985 – Sarney foi eleito para cinco mandatos de senador seguidos, dois pelo Maranhão e três pelo Amapá.  O ex-governador não foi candidato nas eleições deste ano.

“Eu tenho um arrependimento, até fazendo um mea-culpa . Penso que é preciso proibir que os ex-presidentes ocupem qualquer cargo público, mesmo que seja cargo eletivo. Nos Estados Unidos é assim, e eles passam a ter uma função que serve ao país. Então, eu me arrependo. Acho que foi um erro que eu cometi ter voltado, depois de presidente, à vida pública”, afirmou durante seu último discurso como senador.

Sarney falou sobre seu arrependimento quando defendia o fim da reeleição e ampliação dos mandatos para cinco ou seis anos. “Precisamos levar a sério o problema da reeleição”, disse. “Eu confesso que sou partidário de que não tivéssemos a reeleição, mas também sou crente de que o mandato de quatro anos é muito pequeno”, disse.

Apoio de colegas

O senador deu início à fala dizendo que não tem inimigos e que sempre cultivou o “diálogo e a paz”. “Deus me poupou do sentimento do ódio e do ressentimento, da inveja e do desejo de vingança”, afirmou.

Ele ocupou a tribuna por cerca de duas horas e recebeu apoio de diversos colegas, que o chamaram de “estadista”, “grande político”, entre outros elogios. As manifestações partiram de representantes de diversos partidos, como Gleisi Hoffmann (PT-PR), Romero Jucá (PMDB-AP), Ruben Figueiró (PSDB-MS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Sarney agradeceu, mas afirmou que pretendia fazer um discurso “modesto”, “sem muita gente”. “Não quis fazer um discurso bonito, não quis fazer literatura. Não como quem diz ‘adeus’, mas como quem diz ‘até logo’ a todos”, disse.

O plenário, que inicialmente estava vazio, ficou repleto de senadores e servidores ao longo do discurso. Os funcionários do Senado vão oferecer uma confraternização ao ex-presidente nesta sexta-feira (19).

Estatais e maioridade penal

O senador nunciou que vai reapresentar um projeto de sua autoria que estabelece o Estatuto das Estatais, que chegou a ser aprovado pelo Senado, mas ficou parado na Câmara dos Deputados. “Se ele tivesse sido feito, nós não teríamos esse problema que hoje estamos tendo, que estamos lamentando e que, de certo modo, está envergonhando o Brasil, que é o problema da Petrobras”, declarou.

Ao falar sobre segurança pública, disse que a maioridade penal deve ser “repensada” no país. Na visão do parlamentar, a legislação dá margem para que uma pessoa “possa matar até os 18 anos”. “Quer dizer, qual é o direito dele? O direito de matar, de matar até os 18 anos. Isso cria uma escola do crime”, completou.

O senador ainda citou dados da economia do Maranhão, seu estado de origem, para afirmar que o estado “está numa vanguarda bastante avançada”. “Esses números, sem dúvida, chocam, porque a nossa mídia escolhe, sempre, o Maranhão como um estado que é exemplo para o Brasil de crescimento menor”, disse.

“História vai lhe julgar”

O senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) disse nesta quinta-feira (18) não se preocupar com o futuro da família na política. Ele disse ainda que será julgado pela “história”. Mais cedo, Sarney fez um discurso de despedida no plenário do Senado no qual disse que o Maranhão (seu Estado natal) está na “vanguarda” do Brasil e chamou o golpe militar de 1964 de “revolução”.

“Eu acho que estou olhando é pra frente. Não estou olhando pra trás. Para analisar. É o que eu disse do Miguel Torga [pseudônimo do poeta português Adolfo Correia da Rocha]. Do que eu fiz e do que eu não fiz, não cuido agora (…) eles é que vão julgar, a história é que vai fazer a avaliação e o julgamento”, disse Sarney.

Sarney tem 60 anos de vida pública e foi deputado federal (três mandatos), senador (cinco mandatos), governador do Maranhão e presidente e vice-presidente da República. Sua filha, Roseana Sarney (PMDB-MA), apontada como sua sucessora política, renunciou ao mandato de governadora do Maranhão em meio a uma crise política e na área de segurança pública.

O senador também disse que se sentiu injustiçado ao longo do período em que foi presidente da República, mas disse que não iria “remoer” o passado. “A pior coisa do mundo e´remoer o passado”,disse.

O ex-presidente também descartou a possibilidade de assumir um eventual ministério durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). “Quem foi presidente da república não pode exercer outro cargo. Já disse isso. Me arrependi de ter voltado mesmo a um cargo eletivo”, disse o senador.

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