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Agiotagem: a miséria desprotegida

Secretário de Segurança, Jefferson Portela

Editorial JP, 21 de fevereiro. Blog do Cunha Santos

Não será surpresa se, em breve, Gláucio Alencar Pontes Carvalho, José Alencar de Miranda, Júnior Bolinha e o sanguinário pistoleiro Jhonatan de Sousa e Silva, presos pelo assassinato do jornalista Décio Sá, ganharem companhia na cadeia. É que a Secretaria de Segurança Pública, conforme anunciado pelo titular da pasta, Jefferson Portela, decidiu reabrir o inquérito da agiotagem no Maranhão.

Pode ser que, agora, os maranhenses passem a ter uma idéia do real tamanho desse polvo cujos tentáculos carregaram tanta miséria, fome, violência e desestruturação para inúmeros municípios do Estado. Prefeitos, ex-prefeitos, gestores e empresários envolvidos com a máfia da agiotagem serão investigados nessa nova fase do inquérito, mas é preciso que se diga que, para além do mais cruel desfecho desse crime, a morte do jornalista, sempre a população desconfiou de que ficou muita sujeira debaixo dos tapetes, deixada por quadrilhas que se especializaram em sugar recursos públicos de municípios paupérrimos do Maranhão.

Houve, e talvez ainda haja, casos em que transferências federais das Prefeituras, como FPM, Merenda Escolar, Fundos de Saúde, eram recebidas pelos agiotas ou seus emissários e sicários, na boca do caixa, em agências bancárias do Maranhão. Ao povo, sobrava a desgraça, o desemprego, a falta de leitos hospitalares, a lama das ruas, a falta d’água, de escolas, de segurança, de energia elétrica e até de banheiros. Um crime inominável, uma espécie de genocídio lento, um atentado mortal contra a coletividade.

O inquérito foi engavetado por dedos misteriosos no decorrer do governo Roseana Sarney, sob os auspícios do então secretário de Segurança, e protestos do deputado Raimundo Cutrim que, inutilmente, tentou instalar na Assembléia uma CPI da Agiotagem. Mas, infelizmente, já havia uma determinação no mínimo oficiosa para encerrar o assunto. A população assistiu à prisão do executor e de mandantes da morte de Décio Sá, mas a prática letal de agiotar os cofres públicos deu-se por encerrada com o engavetamento do inquérito.

Outro caso de agiotagem viria à tona. Vereadores foram acusados de usar funcionários do legislativo municipal para tomar emprestado dinheiro barato e repassar a juros extorsivos para terceiros. O delegado responsável por esse inquérito, Augusto Barros avaliou, à época, que o esquema movimento R$ 30 milhões.

Ao reabrir esse inquérito, o governo sabe que está mexendo em casa de marimbondos, mas um governo que não defende seu povo não é um governo. O governador Flávio Dino já deixou mais do que evidente que pretende, de fato, governar esse Estado e, dentro de suas atribuições, tem coragem para defender a população. E, enquanto não for completamente liquidado esse corrosivo esquema de agiotagem nos cofres públicos municipais, o povo maranhense enfrentará essa condição de viver a miséria desprotegida.

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