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A crise do emprego no Maranhão: um desafio a ser enfrentado

Por Wagner Cabral (professor doutor e pesquisador da Ufma)

A divulgação dos dados do CAGED (Ministério do Trabalho) sobre o mercado de trabalho formal em 2014 e 2015 confirmou as expectativas negativas sobre o desempenho da economia maranhense.

Assim, em 2014 foram criados apenas 871 novos empregos com carteira assinada em todo o Estado, com destaque para a construção civil, que fechou o ano com 6.264 demissões. Foi o pior resultado da série histórica iniciada em 2002.

Em dezembro de 2014, ocorreram 5.809 demissões, contribuindo fortemente para fechar o ano com o pífio crescimento de 0,18% no nível de emprego (+871 empregos), com demissões na construção civil, serviços e indústria.

Reeleita em 2010, a ex-governadora Roseana Sarney prometeu gerar 245 mil novos empregos em seu 4o mandato. Seria o “melhor governo da minha vida”, nas palavras da filha dileta da oligarquia. Contudo, os dados do CAGED apontam a criação de apenas 53.747 novos empregos no período 2011-14.

O “melhor (des)governo” de Roseana “cumpriu”, portanto, com somente 21,9% da promessa de campanha. Mais um vexame que ajuda a entender o processo de desagregação da oligarquia e a vitória de Flávio Dino.

Tal situação do mercado de trabalho tem relação direta com o modelo de desenvolvimento adotado, com base no predomínio do latifúndio (agronegócio) e do enclave exportador de matérias primas; quadro que tende a se deteriorar com a crise internacional, a queda das exportações e fechamento de unidades produtivas (usinas de ferro-gusa, a pelotização da Vale e, agora, talvez, a redução da Alumar).

Tal modelo, agregado ao predomínio da política patrimonial, corrupta e oligárquica, ajuda a entender algumas das características da força de trabalho no Maranhão:

a) a intensa urbanização, decorrente da expulsão de milhares de camponeses de suas terras nas últimas décadas;

b) mesmo com a brutal queda verificada, os trabalhadores na agricultura, pecuária, extrativismo e pesca ainda representam 31,8% da força de trabalho;

c) a baixíssima escolaridade da PEA, associada a baixos salários, ao pior PIB per capita e ao menor IDH-Renda do país;

d) o baixo grau de formalização da mão de obra, com apenas 27,7% dos trabalhadores(as) com carteira assinada, num cenário em que o emprego público é predominante (36,6%);

e) o agronegócio, por exemplo, tão festejado e agraciado pelo novo governo, contribui com apenas 2,6% dos empregos formais (18.653 empregos com carteira assinada). Ou seja, apenas 0,7% da população economicamente ativa é empregada pelo latifúndio exportador.

Eis o desafio que está posto para a sociedade maranhense e, em especial, para o governo Flávio Dino.

Afinal, a melhoria do IDH do Maranhão passa necessariamente por políticas de geração de emprego e renda que afetem positivamente o baixo IDH-Renda do estado (baseado na renda per capita).

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