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O aniversário da liberdade

Um editorial é pouco. Não cabe essa história. Muitos livros não caberiam. É, afinal, o aniversário do Partido Comunista do Brasil, dos 93 anos de luta do PCdoB, uma luta de classes, é certo, mas intransigentemente uma luta pela libertação do povo brasileiro. São quase 100 anos. Uma longa história de sacrifício dos militantes de um partido que neste país se dedicou a enfrentar todas as ditaduras, não se curvando a quaisquer formas de exceção, fosse a exceção legal, fosse a exceção das baionetas.

Nesses anos todos, mesmo com alguns tropeços, mudanças climáticas e ocasionais erros de avaliação, o PCdoB foi um dos poucos partidos a não se afastar de suas convicções socialistas e preservar os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que emergiram na Idade Média, com a Utopia de Thomas Moro, se fixaram no leste europeu e se espalharam pelo mundo.

A comemoração aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa do Maranhão, estado que, paradoxalmente, sendo o último a se libertar do coronelismo, foi também o primeiro a eleger um governador comunista no Brasil. O que não seria imaginável há algumas décadas quando seus militantes eram desterrados moralmente pela propaganda oficial das ditaduras e fisicamente presos, torturados, mortos, exilados do país.

O partido permaneceu grande parte de sua história na clandestinidade, seus militantes caçados por polícias políticas, vigiados pela força capitalista do imperialismo americano para viver uma rara história de dignidade ideológica. “O PCdoB é um partido de lutas históricas; sempre ligado às boas causas do Brasil e do mundo”, disse o deputado Othelino Neto. “A vitória do Maranhão é também uma vitória do Brasil”. disse a deputada Jandira Feghali. Os dois trazendo à tona verdades que custaram muito sangue e heroísmo até puderem ser ditas livremente.

E o primeiro governador eleito pelo partido no Brasil, Flávio Dino, confidenciou que houve uma discussão interna sobre sua candidatura pelo PCdoB. Temiam os efeitos de uma terrível campanha anti-comunista que, afinal, acabou acontecendo. O hoje governador refletiu e se manteve candidato pelo partido, livrando o Maranhão dos 50 anos de domínio. E diria o governador que o 5 de outubro foi apenas o primeiro passo, que estamos diante do maior desafio de nossas vidas, o maior desafio da história do estado: o de governar bem, governar com honestidade.

Em determinado momento, a plateia aplaudiu a menção ao nome de João Amazonas, feita pelo hoje presidente do PCdoB, Aldo Rebelo. E essa simples menção bastou para que a história do Brasil invadisse a história do Maranhão. Porque, afinal, fomos os últimos, mas também os primeiros, a partir da eleição de Flávio Dino, a reverenciar a liberdade de organização partidária.

No mais, o aniversário do PCdoB é, ao mesmo tempo, o aniversário da liberdade no Brasil. (Editorial do Jornal Pequeno)

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