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Texto do Pr. Moreira Silva, publicado na Página Gospel do Jornal Pequeno do dia 04/04/2021

O mundo que Jesus rejeitou
Não existe um termo que tem sido tão mal compreendido do que o termo “mundo” nas escrituras sagradas. Essa é uma das razões de nós não valorizarmos a cultura, a arte, a ecologia e a vida social porque entendemos que tudo o que pertence ao mundo material deve ser desprezado. Porém, a cosmovisão cristã nos ensina que tudo o que Deus criou é bom. O novo testamento trabalha a palavra mundo em três perspectivas e é bom sabermos disto, pois apenas uma destas três definições do conteúdo teológico da palavra mundo é que expressa o conceito de “mundano”, “profano” e “desumano”.
A primeira perspectiva de mundo expressa a natureza, o cosmos e a criação que proclama a glória de Deus, como dizia o salmista Davi: “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a glória das suas mãos” (Salmo 19:1). Este mundo Deus amou e se relaciona com ele como Criador.
A segunda definição de mundo representa a sociedade humana, realidade produzida pelo divino mandamento social: “sede fecundo, enchei a terra, multiplicai-vos”. A partir da célula-mãe da família, Deus constrói a sociedade, que não foi inventada pelos sociólogos ateus, nem tampouco pelos grandes pensadores gregos, ao destrincharem o significado da polis, da cidade, da vida como realidade social. Este mundo é mandamento de Deus, porque foi este mundo que Deus amou apaixonadamente ao ponto de dar o seu próprio filho (João 3:16). Com este mundo Deus se relaciona na perspectiva da redenção.
O terceiro significado de mundo fala a respeito do mundo como ideia, sistema organizado pelos homens, que não leva Deus em consideração. Ele pode estar em qualquer lugar, posto que é uma ideia, bastando apenas ser aceito. Pode se infiltrar no Vaticano, nas igrejas evangélicas e em qualquer convenção religiosa. Esse mundo está presente nos meios de comunicação, na cultura, no surrealismo da pós-modernidade que impõe que nós admiremos e aceitemos aquilo que vai contra os nossos princípios.  Ele impõe uma ditatura cultural, que retira o direito de opção e que tem o mercado, o dinheiro e o poder como grandes protagonistas, submetendo os homens aos seus caprichos. Foi este terceiro mundo que Jesus Cristo rejeitou. O Dr. James Houston expressou com muito brilho o espírito de nossa época dominado por este mundo: “As notáveis conquistas da ciência e tecnologia aumentam a ilusão de que o homem é independente de Deus, conduzindo à premissa ilusória de que a humanidade cria sua própria realidade. O ícone contemporâneo da hiper-realidade é a mídia de massa conhecida como televisão. Aí se intensifica o surrealismo pelas muitas ampliações produzidas pela tecnologia, todas expressando as novas extensões do eu. Hoje, maior e mais abrangente que um tsunami, o surrealismo parece cobrir todo o planeta, mas é raras vezes exposto como falso. Pelo contrário, é recebido sem nenhuma crítica como se fosse a melhor coisa que já aconteceu à raça humana. Convence-nos com a mentira de que é eficaz, poderoso, tangível e inquestionável” (Meu Legado Espiritual, pg. 109, Editora Mundo Cristão).
O mundo que Jesus Cristo viveu foi um mundo dominado pelo império romano, onde o imperador era clamado e obedecido como Deus. A religião estava demonizada porque as tradições e as coisas tomou o lugar dos seres humanos. Era uma religião hipócrita, farisaica, que andava de mãos dadas com o sistema (o mundo) da época. Então, Jesus Cristo confrontou com o seu estilo de vida que o levou à crucificação, denunciando o estado de alienação da humanidade. Por isto que a bíblia diz em 1 João 2:15-17: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. Existem duas razões pelas quais não devemos amar o mundo: porque é passageiro e porque o amor do Pai não está nele. Com este mundo Deus se relaciona como o juiz que o julga expondo suas contradições.
As escrituras fazem um panorama mostrando como as pessoas adeptas do mundo se tornariam no final dos tempos: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis.
Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (2 Timóteo 3:1-5). Este texto é um retrato da sociedade contemporânea. Os cristãos que se dispuserem a assumir Jesus como modelo deve ter um caráter humilde, preparada para sofrer grandemente com a renúncia do mundo.
Pr. Moreira.

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