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Texto do Pr Hamilton Rocha publicado na PG do dia 18/08/2019

AQUELE OLHAR
Lucas 22:54-62
Pr. Hamilton Rocha*
Jesus fora preso e levado à casa do Sumo Sacerdote. O evangelista registra: “Pedro o seguia de longe…”(v.54). Uma das causas de fracasso na vida cristã é quando seguimos a Jesus de longe. Seguir a Jesus “de longe” é o mesmo que negá-lo. Pedro não queria comprometer-se, mas três circunstâncias foram suficientes para denunciá-lo. Na realidade foram três circunstâncias inesperadas.
A primeira delas foi o seu sotaque de Galileu: “Certamente tu também és um deles, pois a tua fala te denuncia” (Mateus 26:73). Pedro era de Betsaida, na Galileia. Os galileus tinham uma pronúncia característica que sacrificava a boa articulação em determinados fonemas. Como alguns apóstolos eram da Galileia – além de Pedro, André e Filipe – ele foi apontado como um deles. Seria cúmplice, situação nada cômoda num processo criminal. Pedro achou melhor despistar. Negou.
Seria tão bom que nosso modo de falar nos identificasse como discípulos de Jesus! Lembremo-nos das palavras do apóstolo: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Colossenses 4:6). “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem” (Efésios 4:29). “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios 5:19).
A segunda circunstância foi o canto do galo: “E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo” (v.60). Foi aquele canto, dentro da noite, que serviu para despertar a consciência adormecida do apóstolo. Aquele canto teve a violência de um impacto. Fê-lo estremecer dos pés à cabeça.
É o que sempre acontece às consciências sensíveis. As consciências de pedra são à prova de bala. São refratárias mesmo à ação de Deus. Insensíveis. Por isso devemos levar em consideração a recomendação paulina: “Conservando a fé, e uma boa consciência, a qual alguns havendo rejeitado, naufragaram no tocante à fé” (I Timóteo 1:19). “Mas o Espírito expressamente nos diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia dos homens que falam mentiras e têm sua própria consciência cauterizada” (“marcada com ferro quente” (I Timóteo 4:1,2 – Bíblia de Jerusalém).
Por isso é bom exercitar a consciência para tê-la sempre vulnerável. Ela deve ser sempre um detector para revelar a presença de minas em nosso caminho.
Uma jornalista fez uma matéria sobre o papel de homens e mulheres no Kuwait, vários anos antes da Guerra do Golfo. Ela percebeu que as mulheres costumavam andar três metros atrás de seu marido. Voltando ao Kuwait alguns anos depois, ela percebeu que os homens estavam andando trinta metros atrás de suas mulheres. Ela, então, aproximou-se de uma das mulheres para pedir uma explicação. Isto é maravilhoso, disse a jornalista. Os homens estão tão cavalheiros agora! O que levou a essa tão fenomenal inversão de papeis? Minas terrestres! Respondeu rapidamente a mulher kuwaitiana.
A terceira circunstância foi o olhar de Jesus: “E o Senhor, voltando-se, fixou o olhar em Pedro. Pedro, então, lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dissera: “Antes que o galo cante hoje, tu me terás negado três vezes. E saindo dali, chorou amargamente” (vv.61,62).
Aquele olhar! Bendito olhar! Como terá sido aquele olhar? Censura, tristeza, perdão? Creio que foi tudo isso: censura, tristeza, perdão.
Um olhar que atravessou o olhar de Pedro indo até o seu coração.Tão eloquente que disse tudo, sem dizer nada.Tão suave que feriu sem machucar. Tão puro que lavou de lágrimas o rosto do apóstolo. Tão poderoso que levantou o discípulo para sempre. Para sempre. Aquele olhar!
• Pastor da Igreja Batista do Calhau em São Luís – MA

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