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Mestre Bebeto e os 40 anos do Bloco Akomabu

José Roberto Santos Pereira, o Mestre Bebeto, brilhou nas ruas de São Luís, no Carnaval de 1987, como Mestre da Bateria do Bloco Akomabu


Cedo demais para esquecer: Um jovem músico maranhense, chamado José Roberto Santos Pereira, o Mestre Bebeto, foi a grande estrela do Bloco Akomabu no Carnaval de 1987. Neste ano, aconteceu uma inovação: pela primeira vez, o ritual de bênção do bloco foi realizado em frente à tradicional Casa das Minas, na Rua de São Pantaleão.
Foi a época em que, mais diretamente, os fluidos positivos dos voduns e orixás passaram a atingir todos os integrantes do bloco. O estandarte que o Akomabu levou às ruas foi concebido pelo brilhante artista plástico Guilherme Mendes Ferreira que hoje, aos 80 anos de idade, vive injustamente como um anônimo morador de São Luís.
O estandarte foi concebido em louvor a Mãe Dudu, a então chefe da também tradicional Casa de Nagô, na Rua das Crioulas. Em novembro de 1986, Mãe Dudu completara 100 anos de idade.
Foi logo nos primeiros dias de janeiro de 1987 que o ritmista José Roberto Santos Pereira, o Mestre Bebeto, assumiu o comando da bateria do Bloco Akomabu, em substituição a Iguarajara Costa Santos, o precoce Mestre Guará, que ainda era adolescente.
Mestre Bebeto deu início aos ensaios do bloco com o auxílio de Robson Pinto e do próprio Iguarajara, que permanecera firme e forte na bateria. E foi assim que, indicado pela então diretoria do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), Mestre Bebeto, muito jovem ainda (ele tinha apenas 24 anos de idade), assumiu um dos maiores desafios de sua vida.
Com todo vigor de sua juventude e com um imenso entusiasmo, Mestre Bebeto assumiu a regência da bateria do Akomabu com 22 atabaques, 18 agogôs, 10 cabaças e três ganzás. Foi com esse arsenal de guerra que o bloco saiu às ruas naquele memorável Carnaval de 1987.
Importante lembrar: Bebeto foi integrante da banda musical da antiga Escola Técnica Federal do Maranhão (ETFM), hoje Instituto Federal de Educação (Cefet), que funciona na Avenida Getúlio Vargas, no Monte Castelo.
Mestre Bebeto, que fizera o Curso de Eletromecânica na Escola Técnica Federal, foi durante cinco anos mestre da bateria do bloco organizado Unidos do Retiro de Natal (Retirão) e, durante estes cinco anos, o bloco segurou nota dez, no item bateria, sagrando-se campeão do Carnaval maranhense, no ano de 1980, na categoria dos blocos organizados.
Mestre Bebeto, que sabia tocar tambor de mina, mas gostava mesmo só de apreciar, também toca treme-treme, atabaque, agogô, cabaça, pandeiro, tarol e outros instrumentos.
Portanto, vale lembrar, sua carreira musical começou na antiga Escola Técnica Federal onde, durante três anos, fora aluno do saudoso maestro João Carlos Nazareth, pai da cantora Alcione que, na época, não era consagrada e nem tão famosa como nos dias de hoje.
Com o Mestre João Carlos Nazareth, Bebeto adquiriu a técnica instrumental. E também recebeu, ao sair da ETFM, grande incentivo de ‘Seu’ Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo, saudoso dirigente do Grupo Musical “Nonato e Seu Conjunto”. Deste grupo, Bebeto participou como percussionista, tocando nos réveillons e carnavais do Clube Recreativo Jaguarema, que funcionava no bairro do Anil.
Também ex-participante do grupo ASA do Maranhão, no qual trabalhava com percussão, Bebeto fez parte ainda do Mocoroca, grupo de samba do Centro de Cultura Negra (CCN), fundado por Nilson Pastor, Maisena, Moisés, Benízio Santos Rodrigues e outros.
Com o afastamento temporário de Iguarajara, o Guará, da bateria Bebeto desde dezembro de 1986 estava na direção da bateria fazendo os ensaios iniciais do bloco. Em janeiro de 1987, em função de problemas surgidos com Guará, Mestre Bebeto acabou ficando mesmo na regência da bateria do Akomabu.
Pois bem: 2024 vai ser um ano repleto de celebrações. Acho que as novas gerações que estão chegando ao Movimento Negro precisam saber do talento de pessoas super valorosas que fazem parte da história destes 40 anos do Bloco Akomabu.
E foi assim, com o coração cheio de saudades, que resolvi escrever esta singela crônica para render minhas homenagens a estes ilustres personagens do Movimento Negro do Maranhão:

Viva Mestre Bebeto!

Viva Mestre Iguarajara!
Viva Mestre Sabará!
Viva Mestre Eliezer!
Viva Mundinha Araújo, nossa eterna matriarca do CCN e do Akomabu!

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