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O menino humilde da Coréia de Cima que virou estrela do Gigante Negro Akomabu

Paulinho Akomabu começou a brilhar no Akomabu em 1985, aos 16 anos de idade: um sucesso que perdura até hoje


No início do ano de 1985, quando o Akomabu saía, pela segunda vez, nas ruas de São Luís, os integrantes do bloco não precisaram mais cantar as músicas com as quais os negros da Bahia agitavam o seu carnaval. O afoxé do Maranhão ganhou uma composição própria: “Luta de Negro”. E foi com esta música que o bloco, arregimentando um grande número de pessoas, negras e não-negras, extasiou a passarela da Praça Deodoro no momento de sua apresentação.
Profundamente emocionado, um menino de apenas 16 anos, nascido no bairro da Coréia de Cima, não conseguiu conter sua emoção. Ele foi às lágrimas e eu estava lá no momento em que o adolescente chorou diante de uma multidão de militantes do movimento negro.
Com suas vestes brancas, os passistas e os membros da Bateria Akomabu entoavam na Deodoro a música que aquele garoto, espontânea e despretensiosamente fizera num momento de pura inspiração.
Hoje, já homem feito, em plena maturidade, Paulo Henrique Nascimento Aguiar, o nosso estimado Paulinho Akomabu, avalia que aqueles momentos experimentados em plena Praça Deodoro e nas ruas da periferia de São Luís marcaram profundamente sua vida. E este estímulo fez com que Paulo Henrique, logo após o carnaval, se integrasse ao Centro de Cultura Negra (entidade com a qual, até então, não tinha nenhum vínculo) e também se inspirasse mais e mais na criação de novas músicas para o bloco.
Num curto espaço de tempo, Paulinho compôs “Preto Fugido”, “Grito de Esperança” e “Cintilante Raça Guerreira”, esta última canção em parceria com o saudoso Escrete e Fernando Prego, que era compositor da antiga Turma do Saco. Às vésperas do carnaval de 1987, Paulinho se antecipou e lançou “Pai Quilombo” e “Dançando Afoxé”, músicas que na época obtiveram amplo sucesso.
Vizinho deste grande cantor e compositor, que morava com seus pais na Rua Santo Expedito, na Casa nº 7-A, na Coréia de Cima, sempre fico muito feliz porque sei a trajetória que Paulinho percorreu para poder construir sua carreira com alicerce sólido. Hoje, ele acha que o Akomabu, nestes seus 40 anos de existência, vem conseguindo, de maneira extraordinária, resgatar e valorizar a cultura negra do Maranhão.
“Grande parte das pessoas que estão chegando ao CCN é através do bloco. Porque é um ritmo forte, que contagia até mesmo as pessoas não-negras. E neste ano de 1987 o bloco, com certeza, virá mesmo arrebentando”, afirmara Paulinho numa entrevista que a mim concedera muito antes do carnaval de 1987.
Paulinho faz questão de dizer que, como cantor e compositor, não gosta de subestimar nem de menosprezar o trabalho de ninguém. É com essa simplicidade e este jeito humilde de ser que Paulinho transformou-se em uma das estrelas do Gigante Negro Akomabu.

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