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Inácio Melo diz que instabilidade na política só aumentará a inflação e o desemprego

Inácio Melo analisa a conjuntura política e econômica do Brasil


Em artigo publicado no Jornal Pequeno, na edição deste sábado (11), o articulista Inácio Melo faz uma lúcida reflexão sobre a conjuntura política e econômica do Brasil.
Também por meio de postagens em suas redes sociais, o articulista do JP adverte que “quanto mais se esquenta o clima institucional mais o Brasil vira um ambiente hostil para os negócios. Manter o Brasil conflagrado em torno de crises evitáveis é jogar o Brasil em uma crise que pode nos custar anos de reconstrução”.
Eis na íntegra o artigo de Inácio Melo:

Instabilidade na política só aumentará a inflação e o desemprego

Inácio Melo
Empreendedor

Infelizmente o nosso país está mergulhando em uma crise institucional fabricada, sem razão concreta e levando para o fundo do poço a economia do país. Estamos assistindo, letárgicos, a uma crise política, econômica, social e principalmente uma crise entre poderes, e tudo sem uma razão muito evidente. Quem mais perde com isso são exatamente os mais vulneráveis, aqueles que mais sofreram com a duradoura pandemia do novo coronavírus.
Enfrentamos uma crise econômica que no resto do mundo foi causada pela pandemia do COVID-19, que obrigou governos a pararem bruscamente suas economias, e cadeias produtivas inteiras tiveram suas produções afetadas devido a crise sanitária global. Nosso país teve essa crise amplificada. Já vínhamos de quase uma década de “voos de galinha” na economia, isso quando a “galinha voava” mesmo que num voo que mais parecia um pulo, porque, de 2013 para cá, tivemos períodos de recessão o que trouxe muitos problemas à economia nacional, e com a pandemia de COVID-19 isso se agravou muito.
O resto do mundo ou pelo menos parte dele está saindo da pandemia e “ligando o turbo” para acelerar o crescimento de suas economias. Países da zona do euro falam em trilhões de euros em subsídios e em obras infraestruturais para alavancar a economia, após um ano de problemas.
Os EUA só ainda não saíram totalmente da crise devido a um considerável número de negacionistas que teimam em não cumprir medidas que são consenso na saúde pública. Não fosse os anti vacinas, os EUA estariam funcionando como uma espécie de locomotiva do mundo puxando a economia mundial para cima em um passo acelerado.
O mundo voltará seus olhos para as commodities, e se estivéssemos minimamente organizados, o Brasil poderia ser o grande filão desse processo. Ocorre que não estamos. Não estamos nem organizados muito menos, ao que tudo indica, com disposição para se organizar.
O Brasil enfrenta sua maior crise política desde a redemocratização, maior que o impeachment do ex-presidente Collor, maior que o Impeachment da ex-presidente Dilma. Nestes dois casos havia um certo consenso nacional para a retirada do mandatário do executivo federal. Agora enfrentamos uma gravíssima crise, primeiro econômica com desemprego chegando a 14 milhões de nossos compatriotas, e só tolo cai no engodo de que o desemprego é culpa dos que defendiam medidas de isolamento. Isso fosse verdade os países que tiveram medidas de isolamento bem mais duras que o Brasil não estariam voltando ao normal com forte alta no crescimento econômico. Aqui faltou mesmo foi gestão da crise.
Com desemprego alto, ainda temos a inflação batendo dois dígitos, outro dado extremamente preocupante, tendo em vista que o brasileiro já está com seu poder aquisitivo comprometido e o endividamento das famílias nunca foi tão alto.
Desemprego e inflação em um país que também está à beira de uma crise hídrica, que pode gerar uma crise energética e chegar a um inconcebível apagão; infelizmente, esse cenário meio apocalíptico ainda tem o agravante de uma crise institucional, ou seja, uma “tempestade perfeita” que trará muita dor de cabeça para os pais e mães de família de nosso país.
Como se já não bastasse a crise sanitária, (ainda estamos em pandemia) a crise econômica, a crise ambiental (crise hídrica com repercussão no setor energético) ainda passamos a conviver com uma grave crise institucional, que teve seu agravamento no feriado da Independência, no último 7 de setembro, quando o presidente da República resolveu nominar e atacar ministros do Supremo Tribunal Federal, o que levou vários de seus apoiadores as ruas, inclusive, alguns defendendo intervenção militar e outros parando caminhões nas BR’s pelo país.
Bem, a turbulência gerada por estes atos tem o potencial devastador na nossa já combalida economia, pois, quem em sã consciência vai investir seus recursos em um país que respira instabilidade? Quem irá investir em um país onde chefes de poderes agem como arruaceiros fabricando crises que são 100% evitáveis?
A fuga de investidores começou logo cedo, no dia 08, queda da bolsa de valores de São Paulo que funciona como um termômetro para o setor produtivo nacional, além de aumento do dólar tornando o real mais desvalorizado ainda.
Ou nos unimos para sanar os mais variados aspectos dessa crise, ou nos unimos para mitigar os danos dessa tempestade, ou nos unimos para criar um ambiente favorável ou fomento de emprego e renda, ou teremos alguns meses bem difíceis pela frente, e isso tenho certeza que ninguém quer.

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