Fechar
Buscar no Site

Ambientalistas criam movimento em defesa da bacia do Rio Pindaré

O geógrafo Nonato Moraes, fundador do Movimento Arariba, prega defesa das bacias hidrográficas do Estado

Biólogos, geógrafos e ativistas ecológicos iniciaram nesta semana uma ampla mobilização com o propósito de criar um comitê para a preservação do Rio Pindaré. Para estes ambientalistas, o Pindaré – um dos rios mais importantes do Maranhão – está ameaçado por um crescente processo de assoreamento e degradação.

O geógrafo Nonato Moraes, idealizador e fundador do Movimento Arariba,e outros ambientalistas participaram recentemente de uma reunião, realizada na Assembleia Legislativa, com vistas à articulação de um pré-comitê em defesa do Rio Pindaré.

Durante a reunião, Nonato Moraes, que também é integrante da Comissão de Educação Ambiental do Governo do Estado, apresentou um trabalho que mostra o nível de degradação de toda a bacia do Rio Pindaré.

“Há mais de dois anos, realizamos um trabalho voltado para a pesquisa sobre este rio, a partir de suas nascentes, nos municípios de Montes Altos e Amarante, de modo que temos muita preocupação sobre o estado em que se encontra o Rio Pindaré, considerando a importância que ele tem para todo o nosso Estado”, afirmou Nonato Moraes.

Ele elogiou o trabalho realizado pela Assembleia Legislativa, em favor da defesa dos recursos hídricos, desde a época do projeto “Itapecuru Águas Perenes”, idealizado pelo então deputado João Evangelista.

“Agora sabemos da sensibilidade e do empenho do deputado Rafael Leitoa em dar prosseguimento a este trabalho em defesa de nossos recursos naturais”, acrescentou o ambientalista Francisco das Chagas Sousa, o Chaguinha, membro da Comissão do Rio Preguiça e integrante do Comitê da Bacia do Rio Parnaíba.

Também participaram da reunião o ambientalista Ivo Gonçalves e os biólogos Ricardo Barbieri e Helen Nebias Barreto, professores da Universidade Federal do Maranhão.

Eles sugeriram rapidez na mobilização para a criação do pré-comitê da bacia do Rio Pindaré e audiências públicas em São Luís e municípios do interior do Estado, entre os quais Santa Inês, Montes Altos e Buriticupu. Ao final da reunião, o deputado Rafael Leitoa, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa,  disse que, logo após o recesso parlamentar do mês de julho, poderão ser iniciadas as audiências públicas.

EXPEDIÇÃO NAS NASCENTES DO RIO

No mês de agosto de 2017, equipes do Movimento Arariba realizaram expedição a partir da principal nascente do Rio Pindaré, localizada na aldeia São José, na reserva Krikati, no município de Montes Altos.

A equipe, formada também pelos biólogos Ricardo Barbieri e Walter Muedas, professores do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFMA, visitou também trecho do Rio Pindaré, na localidade Regalo, e depois reuniu-se com a comunidade nos municípios de Buriticupu, Pindaré-Mirim e Viana.

Para estes pesquisadores, é importante frisar que as cidades mais antigas do Brasil, e no Maranhão não é diferente, estão localizadas às margens de rios ou orlas marítimas. Pode-se exemplificar, em ordem cronológica: São Luís, Alcântara, Icatu, Viana e Guimarães. Estas características ocupacionais deu aos mares e rios uma importância muito grande para o desenvolvimento dos territórios.

O Rio Pindaré, em importância para o Maranhão, foi e é de grande importância. No Século XIX com a construção do Engenho Central de São Pedro, às margens do baixo curso do Rio, onde hoje fica a cidade de Pindaré-Mirim, surgiu a via de escoação da produção de açúcar, após o declínio da produção de algodão e arroz naquela região em meados também do século XIX, e ainda no Rio Pindaré a partir do Porto de Santa Filomena.

Fora isto, ressalta-se a importância para a economia no aspecto da sobrevivência dos ribeirinhos espalhados em pequenas povoações ao longo de suas margens durante todo o seu curso e de seus afluentes como Zutia, Caru, Buriticupu, Maracu e outros de menor destaque.

A utilização do Rio Pindaré como via de transporte e deslocamento de pessoas dentro do próprio território da bacia ou para a capital do estado; e ai talvez a mais importante, porque embora com o declínio dos grandes investimentos para aquela época na produção de arroz, algodão e a cana de açúcar, anteriormente ressaltada, que utilizavam o rio para escoamento; perdurou por todo o século XX, vindo a desaparecer quase que totalmente com a construção de rodovias federais, estaduais e estradas vicinais por todo território do estado.

Nos dias de hoje deve-se considerar que a importância do Rio Pindaré para o Maranhão, talvez represente muito mais do que naquele período. Para as pessoas que estão alocadas dentro do território desta bacia hidrográfica, o Rio Pindaréé de fundamental importância para a sobrevivência destas populações.

As pesquisas apontam que a devastação da floresta natural, preservada em fragmentos apenas nos territórios indígenas, com a retirada da mata ciliar, provoca um acelerado assoreamento do leito do rio. Há ainda as queimadas, com a quebra de meandros em intervalos de pouco mais de uma década entre um e outro, e isto se constitui em um dos fatores que contribuem para a penetração da cunha salina em parte de sua extensão, fato este registrado desde a metade do Século XX pelo escritor Ózimo de Carvalho em seu livro “Retrato de Um Município”.

O geógrafo Nonato Moraes lembra que o Maranhão possui 10 bacias, destas sete são estaduais (Mearim, Munim, Itapecuru, Preguiça, Periá, Maracaçumé e Pindaré) e três federais (Parnaiba, Tocantins e Gurupi) e dois sistemas hidrográficos, o oriental e o ocidental que incluem a costa maranhense e as Ilhas, e que a esse conjunto somam-se ainda os marcos regulatórios como as APAS, UCs, os manguezais, os Sítios RAMSAR Baixada Maranhense, Falésias e Parcel Manoel Luis, estes de interesse internacional, tratado do qual o Brasil é signatário.

“Não só para o Pindaré, mas para toda a malha hídrica do Maranhão, faz-se necessário um olhar institucional mais responsável e de uma atenção especial, levando em consideração que ao longo de todos os governos, não é do nosso conhecimento e nem temos a informação registrada de que tenha havido alguma iniciativa voltada para a conservação e preservação do potencial hídrico do Maranhão dada a sua importância para o desenvolvimento e a qualidade de vida da população do nosso Estado”, ressaltou Nonato Moraes.

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens