Sonhos X realidade

JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA
Corregedor-geral da Justiça
E-mail: [email protected]
Do Samba-Enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, apresentado no Carnaval de 1992 – Sonhar não Custa Nada ou Quase Nada –, colhi a inspiração para estas reflexões.
Do mencionado Samba-Enredo, apanho a seguinte passagem, a partir da qual passo a refletir: “Deixe sua mente vagar, não custa nada sonhar, viajar nos braços do infinito onde tudo é mais bonito nesse mundo de ilusão…”.
Como diz a letra do samba, não raro deixamos a nossa mente vagar em face dos nossos sonhos, viajando nos braços do infinito, num mundo de ilusão. Mas, convém não permanecer nesse estado de letargia, sob pena de impedir que os sonhos se convertam em realidade.
É preciso, pois, com sensatez e racionalidade, sopesar os sonhos à realidade, na busca de um ponto de equilíbrio, pois, afinal, ante os sonhos irrealizáveis não convém persistir sonhando.
É importante ter sonhos e desejos, mas é preciso, no mesmo passo, ser realista, não deixar que os sonhos proporcionem algum desconforto ou desequilíbrio mental, pois, afinal, nem tudo é possível, nem tudo é factível, nem tudo é realizável, daí que devemos sonhar, alimentar os nossos desejos, mas cientes de que há barreiras, pedras no caminho e dificuldades insuperáveis entre os sonhos e a realidade.
Nesse sentido, quem sonha o impossível, quem deseja o inalcançável, sabendo-o inalcançável, tende à decepção e à frustração.
Mas é preciso, sim, persistir nos sonhos, afinal, desejos e sonhos são molas propulsores que nos conduzem aos caminhos que podem, sim, nos levar à sua realização, motivando as nossas ações, sem perder de vista eventuais frustrações.
Pois bem. Foi sonhando com a melhoria da produtividade dos juízes de primeiro grau, que assumi a Corregedoria-Geral de Justiça, ciente de que era preciso confrontar a realidade, encará-la de frente; e a realidade, pelo que pudemos constatar, não convenceu da factibilidade dos meus, dos nossos sonhos, desde que houvesse planejamento e união de esforços, e, principalmente, criatividade, daí surgindo, em boa hora, os nossos mais relevantes projetos, que nos levaram a melhorar significativamente os nossos números, nos conduzindo, no mesmo passo, a sonhar um sonho possível, qual seja, o Selo Diamante de Qualidade do Conselho Nacional de Justiça.
A realidade pode ser, sim, um obstáculo à realização dos sonhos. Mas, convém não esquecer, sonhos e desejos não são meras fantasias: são, ao reverso, fontes primárias de motivação e propósito.
Os nossos sonhos, os nossos desejos, como se viu no exemplo acima acerca da nossa produtividade, impulsionam os nossos esforços, nos levando, como efetivamente nos levou, à inovação e à criatividade, as quais, de seu turno, nos levaram à realização dos nossos objetivos, nos colocando, agora, num lugar de destaque entre os Tribunais mais produtivos do país.
A capacidade de sonhar, é preciso anotar, funciona, também, como um mecanismo de defesa contra o niilismo e, até, contra o desencorajamento, nos fornecendo um senso de direção, mesmo diante de realidades difíceis, como parecia ser o caso do Eixo Produtividade sobre o qual me referi acima.
Transformar o sonho em realidade foi o nosso objetivo, afinal alcançado, com esforço e determinação de tantos quantos puderam – e deram – a sua contribuição, porque, convém destacar, a realidade não é o oposto dos sonhos, mas, sim, o caminho metodológico para realizá-los.
É isso.
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