O valor da introspecção

JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA
Corregedor Geral da Justiça
E-mail: [email protected]
Os dias presentes nos levam, todos concordam, a uma vida de correria, que, de seu lado, nos leva a uma quase permanente sensação de angústia, de não sermos capazes de atender às expectativas, ou seja, de não fazermos o que deve ser feito a tempo e hora, a considerar que tudo é para ontem, para agora, para já.
Pessoas como eu, de mente acelerada, que vivem a angústia da aceleração da vida, são levadas, com muito mais razão, a se perderem no caminho, tamanha a tenacidade com que me entrego aos afazeres do dia a dia, premido pelo tempo e pelas cobranças.
Por me reconhecer assim, estou sempre me cobrando um pouco menos de pressa, um pouco mais de pachorra, o que nem sempre é possível, pois, como tenho dito, minha mente é um turbilhão, processando várias coisas ao mesmo tempo, me impedindo até de realizar as introspecções – tema central dessas reflexões – que sei que preciso fazer, que todos deveriam praticar, enfim.
Os que convivem mais de perto comigo sabem que sou inclinado a análise interior, que condiz com aquilo que entendo como um processo fundamental para o meu desenvolvimento pessoal. E, quando falo em autoanálise, refiro-me, por óbvio, às introspecções, imprescindíveis nos dias de hoje, com tudo reclamando urgência.
Essas anotações são, portanto, uma advertência para a necessidade que todos temos de fazermos introspecções, voltando nossa mente para o nosso interior, mirando para dentro de nós mesmos, refletindo sobre as nossas vidas, crenças e ações, tentando contribuir, nesse processo de amadurecimento, para modificar o que deve ser modificado, construindo o que deve ser construído.
Tenho convicção de que, com uma autoanálise rigorosa, seremos capazes de selecionar nossos pensamentos e sopesar nossas angústias, nos permitindo crescer, pessoal e profissionalmente, valorizando o que importa e eliminando o que deve ser evitado.
Nesse cenário, precisamos compreender, sobretudo num mundo consumido pelas distrações das redes sociais, que todos somos capazes de fazer uma análise honesta e crítica de nós mesmos – como julgamos que somos capazes de fazer em face do semelhante -, pois que, na medida em que nos conhecermos melhor, estaremos mais preparados para entender o outro, melhorando, com consequência de uma natural evolução, as nossas relações interpessoais.
Agindo com o pensamento voltado para o próprio interior, creio, ademais, que seremos capazes de entender nossas limitações, compreender os desafios e nossa capacidade – ou incapacidade – de enfrentá-los, alinhar os nossos interesses, valorizar as nossas conquistas, crescer com as desditas, compreender melhor os nossos pontos fortes e fracos, bem como as crenças limitantes de nossas ações, com o que, no mesmo passo, seremos igualmente capazes de desenvolver empatia e capacidade de compreender melhor os outros, nos levando a uma melhoria contínua na seleção das nossas escolhas.
É isso.
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