A Pátria Amada que queremos, podemos construir

OSMAR GOMES DOS SANTOS
Juiz de Direito na Comarca da Ilha de São Luís (MA). Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas, da Academia Literária do Maranhão (Alma) e da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras (Amcal)
Nossa trajetória enquanto país é antiga e, ao mesmo tempo, recente. Ingenuamente, podemos considerar o ano de 1500 como marco inicial dessa história repleta de controvérsias, avanços e retrocessos.
Fomos colônia, sentimos o peso da coroa real durante o Império, negociamos nossa independência, abolimos a escravidão e nos tornamos república, com gosto de café com leite.
Flertamos com governos populistas, em outros momentos autoritários; vivemos períodos de progresso, mesmo que, por vezes, tenha faltado a “ordem” necessária para completar o sentido de um certo estandarte quadricolor.
Alçamos uma Carta Constitucional sólida após episódios que desafiaram nossa caminhada enquanto nação. O sonho de consolidação de uma sociedade justa e igualitária parecia, então, ganhar contornos mais nítidos.
Passados quase 37 anos, seguimos na caminhada para concretizar tal desiderato. É fato que a Constituição, por si só, não é capaz de realizar a proposta de país que tanto almejamos, todavia é o caminho para isso.
A Carta Magna é a espinha dorsal de um sistema que só alcançará plenitude se a sociedade se apropriar de sua proposta e a transformar em prática cotidiana.
Quando falamos “Pátria Amada Brasil”, a frase precisa significar muito mais que uma expressão bem formulada para soar como rima perfeita com a “mãe gentil”. Tal verso deve expressar amor à identidade nacional.
Está acima, e bem além, de um slogan governamental. Deve criar conexão entre chão, lugar, projeto de país e cidadãos movidos pelo amor à terra, à cultura e ao próximo.
É uma expressão nacionalista, na boa acepção do termo, que completa 103 anos neste 6 de setembro, data em que foi oficializada a letra do Hino Nacional Brasileiro, em evento alusivo ao centenário da Independência.
O 7 de setembro, que vem em seguida, marca um momento histórico que se renova anualmente e alimenta o sentimento de independência, libertando-nos rumo à caminhada de progresso sonhada a cada novo ciclo.
Vivemos, hoje, um momento ímpar nessa trajetória: o de reafirmação dos valores democráticos e do respeito às instituições que compõem os pilares de sustentação da nação.
No contexto atual, a responsabilidade é – e deve ser – de fato compartilhada. Neste 7 de setembro, cada brasileiro e cada brasileira poderia fazer um exercício de reflexão sobre o peso de suas atitudes no futuro da nação.
Esse exercício deve começar pelas práticas sociais diárias: na relação com o próximo, na conduta na vizinhança, nas atitudes no trânsito. Estende-se ao exercício do voto consciente e ao agir honestamente com o outro.
A Constituição Federal não deve ser livro de cabeceira apenas para políticos e legisladores. Precisa estar inserida e ser discutida no ambiente doméstico e escolar, para que, então, possamos vislumbrar efeitos práticos que ultrapassem o “eu”.
Feito isso, a Pátria Amada que queremos, enquanto nação, deixará de ser um ideal utópico e ganhará contornos reais, construídos nas práticas sociais cotidianas, em um país que pode, deve e tem tudo para dar certo.
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