Quando visitei o Alasca

LUIZ THADEU NUNES E SILVA
Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
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Sexta-feira, 15 de agosto, manhã ensolarada, ventos fortes, característicos dessa época do ano na Ilha do Amor. Tempo em que a Ilha do Amor fica mais encantadora. Entre as muitas notícias que vejo na tela da TV da sala, o destaque é o encontro entre os presidentes Donald Trump, dos EUA, e Wladimir Putin, da Rússia. O encontro é mais uma tentativa para colocar um ponto final no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura três anos e seis meses, deixando um rastro de destruição, e milhares de mortos dos dois lados. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não foi convidado.
O encontro se dará na cidade de Anchorage, de 290 mil habitantes, a maior e mais populosa do Alasca.
O local escolhido para a reunião de alto nível é a Joint Base Elmendorf-Richardson, uma instalação militar americana localizada na região norte de Anchorage.
Em um post na sua rede social Truth Social, Trump destacou a expectativa pelo encontro, escrevendo: “HIGH STAKES!!!” (algo como ‘grades desafios’, na tradução para o português).
Em minhas andanças pelo mundo visitei o Alasca, -a última fronteira, em duas ocasiões. Visitei Anchorage, a primeira capital; Fairbanks, cidade autônoma e sede de North Star Borough; Juneau, a atual capital; e Barrow, a cidade mais setentrional do mundo. Barrow, cidade com dois mil habitantes, cercada de três mil ursos polares, tem como principal atividade a indústria petrolífera. Ao desembarcar em uma manhã, no verão de 2014, com temperatura de zero grau, o agente do aeroporto de Barrow, espantado, perguntou-me: “O que o senhor veio fazer aqui, neste fim do mundo? “O senhor é cientista ou trabalha com petróleo?”. “Sou andarilho e curioso, queria conhecer onde começa o mundo”, respondi. Ele deve ter pensado que eu não tinha juízo. O vi, observando-me, de soslaio, a caminhar com minhas inseparáveis muletas.
Passei quatro dias em Barrow, hospedado em um pequeno hotel de um casal de esquimós. Uma experiência fascinante: comida exótica, caminhadas na neve o tempo todo. Visitei um cemitério de esquimós.
O território do Alasca foi comprado da Rússia, conhecida então como Império Russo, em 1867 por US$ 7,8 milhões de dólares, o que corresponde hoje a 156 milhões. O Alasca foi incorporado oficialmente aos EUA em 1959. A transação entre os países, no entanto, foi alvo de críticas pelos russos, que posteriormente alegaram que o país recebeu “tratamento injusto” na negociação.
A reunião entre Trump e Putin será o primeiro encontro presencial entre os dois desde 2019, quando se encontraram durante o primeiro mandato do presidente americano. “O Alasca é o local mais estratégico do mundo, situado entre a América do Norte e o Pacífico ao Sul. Com apenas três quilômetros separando a Rússia do Alasca, nenhum outro lugar no mundo desempenha um papel vital em defesa nacional, segurança energética e liderança no Ártico”, disse um porta-voz da Casa Branca, em Washington.
Enquanto escrevo, os dois presidentes não haviam se encontrado. Oxalá, que o bom senso prevaleça e, que termine logo esse conflito, em que só quem perde são aqueles que não promoveram a guerra. Pessoas inocentes, que perderam suas vidas, seus bens, seu futuro. Enquanto, os senhores que a criaram, estão seguros e protegidos, refastelados em seus castelos. Além da indústria armamentista, uma das mais poderosas e lucrativas do mundo.

Luiz Thadeu em Anchorage, Alasca
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