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Adesão do Maranhão à Independência do Brasil

CORONEL CARLOS FURTADO*

O processo de colonização do Brasil foi marcado por incertezas desde o início. Pedro Álvares Cabral chegou em 1500 a uma terra que os indígenas chamavam de Pindorama — “terra das palmeiras” em tupi. Ao longo dos primeiros anos, o território recebeu diversos nomes: Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra dos Papagaios e, finalmente, Brasil, por causa do pau-brasil, árvore nativa cuja tinta vermelha era valiosa na Europa.

No contexto do Maranhão, a colonização foi inicialmente fracassada. Os primeiros portugueses que tentaram se estabelecer no século XVI foram derrotados pela resistência indígena. Apenas em 1612, com a chegada dos franceses liderados por Daniel de La Touche, fundou-se o povoado que daria origem à cidade de São Luís. Em 1615, os franceses foram expulsos por Jerônimo de Albuquerque a mando da Coroa Portuguesa.

Durante o século XVIII, o Maranhão se destacou como uma das mais prósperas regiões do Brasil. O cultivo e a exportação do algodão impulsionaram a economia local, e São Luís passou a ser reconhecida por seu desenvolvimento urbano e vida cultural efervescente, sendo chamada de “Atenas Brasileira” graças à formação intelectual da elite local.

Entretanto, quando Dom Pedro proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, o Maranhão resistiu. Com interesses econômicos ainda fortemente ligados a Portugal, a elite local relutava em romper com a metrópole. A resistência começou a ruir com a Batalha do Jenipapo, no Piauí, em março de 1823. Apesar da derrota militar das tropas pró-independência, o confronto enfraqueceu as forças portuguesas.

O cerco naval a São Luís e a ameaça de bombardeio levaram à rendição da cidade em 28 de julho de 1823. Poucos dias depois, em 7 de agosto, foi assinado o termo oficial de adesão do Maranhão à Independência do Brasil, em solenidade realizada na Igreja Matriz da cidade de Caxias.

O atraso na adesão trouxe consequências: o Maranhão perdeu protagonismo político e econômico, sofrendo com o abandono da Corte Imperial e mergulhando em décadas de estagnação. Ainda assim, sua contribuição histórica e cultural permanece viva na memória nacional.

*Historiador, membro da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (Amclam).

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