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Superação da polarização – canalização da indignação – da indefinição para a planificação

TEODOMIRO DE JESUS DINIZ MORAES*

Boa parcela de nossas mazelas, cultivadas no aparelho de Estado, origina-se de práticas antirrepublicanas, por certo cevadas desde a Colônia e o Império. Impenitentes, são escondidas ou expostas, atenuadas ou exageradas de acordo com o ritmo e a temperatura da luta política. O zelo moralista é gênero de segunda necessidade nesse bazar de interesses. (José Aldo Rebelo)

A  indignação com o cenário de descalabro sócio-político-econômico, a insistência dos detentores dos poderes em manterem privilégios e se distanciarem do corpo social, gerou o nível exagerado de polarização política, mais uma mazela, resultando na indefinição de qual norte o País vai seguir até as  eleições de 2026, e pós eleições; sendo necessário refletir-se sobre como evitar que tal inconciliabilidade se aprofunde, um dos polos chegue ou se mantenha no poder, e/ou outro aventureiro se aposse da “coroa” e  a sociedade dividida atinja o fundo do poço. É imprescindível!!!

Na análise da situação configurada em que o poder historicamente não é exercido com responsabilidade e ética, estando unicamente a serviço de interesses próprios e escusos, em detrimento do bem comum, comporta entender a indignação como pertinente, refletindo a humilhação sentida, a fadiga decorrente da resistência e a expressão da revolta silenciosa que quando tem eclodido como aversão pura, irascível, tem se mostrado ineficiente para reversão do quadro, que cada vez mais se agrava.

Assim, fica o alerta para que tal repulsa não seja, mais uma vez, canalizada nem para a desesperança, nem para tentativas atabalhoadas de mudanças, nem para a destruição da tênue democracia, e nem, principalmente, para a divisão da população propiciar a manutenção do status quo de quem só se beneficia com ela.

Há, portanto, que se encontrar alternativas viáveis para SUPERAR DISCÓRDIAS E ANTAGONISMOS infrutíferos, possibilitando que o DESENCANTO que assola a maioria TRANSFORME-SE EM VONTADE DE MUDANÇA EFETIVA, capaz de aglutinar pessoas e seus potenciais para gerar ideias, construir consensos, formatar propostas e elaborar projetos para atender ao bem comum com decisões e ações que permitam resgatar a dignidade humana dos brasileiros. “Bolsas” não cumprem esse papel.

Assim pensando e agindo o corpo social afetado, é possível sair da rota do fundo do poço para a esperança da luz do fim do túnel, isto é, se afastar da perspectiva DA INDEFINIÇÃO (Em 2027, por exemplo, o orçamento público brasileiro enfrentará dificuldades com o fim da exclusão dos precatórios da meta fiscal e o crescimento das despesas obrigatórias, cenário preocupante já anunciado) para focar a iniciativa DA PLANIFICAÇÃO e da prevenção, visando evitar a catástrofe preanunciada

É notório, consenso majoritário,  que os atores atuais do tripé de gerenciamento do País, legislativo, Executivo e Judiciário herdeiros e reprodutores dos atos inconsequentes, não têm condições éticas, sensibilidade humana, vontade política real, visão de estadistas para modificar o panorama e fazer com que o aparato estatal possa vir a ser estrutura organizacional responsável por administrar o país, garantir a execução das leis, oferecer serviços essenciais à sociedade e efetivar  ações  do interesse público.

Essa constatação apoiada no fato de que a política não responde mais aos anseios da população, o aparato estatal é um mero instrumento da classe dominante, e a representação democrática é um mecanismo inoperante e ineficaz para tocar qualquer tipo de transformação social, sugere tomada de providências por quem está sufocado, manietado e, porque não enfatizar, desesperado, no caso concreto a sociedade brasileira.

Então surge a questão crucial. Quais providências? Antes de qualquer resposta é de bom alvitre frisar que em situações de desencontros similares de inconformismo por afronta a dignidade, várias tentativas infrutíferas foram feitas, e ao final de cada uma, tudo continuou de mal a pior conforme constata-se atualmente.

Tem-se a impressão que faltou no passado e ainda falta às lideranças envolvidas capacidade de definir com clareza objetivos, planejar adequadamente ações, estabelecer métodos, envolver os cidadãos com responsabilidade e bem conduzir a indignação para os alvos pretendidos, pois, se assim não for, a sucessão de equívocos nas tentativas de mudanças, inclusive sem a observância fundamental de limites legais, continuará  conduzindo iniciativas a insucessos e gerando bodes expiatórios sacrificados como forma de desestimular insurgências ainda que legítimas.

Portanto, sem desmerecer as ações pretéritas, antes de mencionar providências e sugestões é, na perspectiva da PLANIFICAÇÃO, pertinente mobilizar lideranças insatisfeitas com o status quo para que seja efetuada leitura da realidade, definição de objetivos e estratégias; efetivando, pela primeira vez, debates, discussões, sensibilizações, propostas viáveis e detalhadas sem perder de vista a Carta Magna. Será possível?

Texto anterior: indignação – polarização – indefinição. No próximo texto planificação – mobilização – proposições gerais.

*Acadêmico efetivo, titular da cadeira nº 33, da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (Amclam), patroneada pelo Cel. PMMA Raimundo Onésimo Lemos Ribeiro. Comandante-gral da PMMA (mai/2000 – Out/2001). Filósofo e advogado.

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