Nós, de fato, somos o povo brasileiro?

EBNILSON COSTA CARVALHO*
Hoje, não escrevo como militante de uma classe, nem como alguém que representa setores específicos da sociedade. Escrevo como cidadão brasileiro, como homem comum, que paga impostos, que trabalha, que acredita na justiça e na democracia, mas que está cansado — como milhões de outros brasileiros — da corrupção institucionalizada que tomou conta do nosso país.
A pergunta que ecoa dentro de mim, e talvez dentro de você também, é: somos realmente o povo brasileiro? Somos representados por aqueles que estão no poder? Somos respeitados? Ou somos apenas números em urnas, carne de manobra para campanhas eleitoreiras, e alvos da miséria e da violência geradas pela ganância de uma elite política apodrecida?
O Brasil atravessa uma das maiores crises morais da sua história. A corrupção deixou de ser um escândalo ocasional. Tornou-se epidemia crônica. Está presente em todas as esferas: no Executivo, no Legislativo, no Judiciário. E o pior: ela foi naturalizada. Tornou-se rotina, virou parte do sistema.
A corrupção não tem partido. Ela se enraizou tanto na esquerda quanto na direita. Os escândalos que tomaram conta do noticiário nos últimos anos mostram que o que menos importa é a ideologia. O que une esses “anjos do mal” é o interesse pelo poder, pelo dinheiro e pela impunidade.
Político corrupto é igual a qualquer criminoso de alta periculosidade. A diferença é que ele veste terno caro, discursa com hipocrisia e se esconde atrás do foro privilegiado. Roubar bilhões com uma canetada mata tanto quanto um revólver. E a morte causada por essa corrupção é lenta e covarde: está nas filas dos hospitais, na falta de medicamentos, no analfabetismo, na insegurança pública e na miséria de um povo que trabalha e morre sem ser visto.
Enquanto isso, esses senhores da vergonha nacional seguem em seus palácios, com seus carros oficiais, suas diárias, seus salários abusivos, seus gabinetes recheados de apadrinhados, tratando o Brasil como propriedade privada.
Como não se revoltar diante de tudo isso? Como aceitar que tenhamos tornados referência mundial de corrupção? Como tolerar que a política brasileira seja sinônimo de vergonha, cinismo e impunidade?
A cada escândalo, a resposta é a mesma: “sou inocente”, “tudo é político”, “perseguição”. A ladainha é conhecida. Mas as denúncias, os documentos, as transferências bancárias e os contratos superfaturados mostram o contrário. Um dos empresários mais poderosos do país já disse:
“Não conheço nenhum político que tenha se eleito sem caixa dois.”
A frase é dura, mas retrata a realidade. O sistema político está corrompido até o osso. A eleição, para muitos, é apenas o começo do projeto de enriquecimento ilícito.
Não podemos aceitar isso como normal. Não podemos ser cúmplices pela omissão. Por isso, é hora de nos levantarmos como povo. Não como massa de manobra, mas como cidadãos conscientes do nosso poder e da nossa responsabilidade.
Parafraseando o preâmbulo da Constituição:
Nós, representantes de fato do povo brasileiro, reunidos em todo o país, destinados a assegurar a honra, os princípios democráticos e o bem comum, repudiamos veementemente a presença desses corruptos no poder.
Temos o dever de expurgá-los da vida pública, de denunciá-los, de enfrentá-los nas urnas e nas ruas. Não com violência, mas com coragem cívica, com firmeza ética e com indignação legítima.
Vocês, que transformaram a política brasileira em um pântano de imoralidade, são os verdadeiros responsáveis pela miséria do nosso povo.
Vocês são culpados pela falta de escolas dignas, pelo abandono da saúde, pela violência crescente, pela destruição das instituições.
Vocês são persona non grata entre os homens e mulheres honestos deste país.
Nós, o verdadeiro povo brasileiro, não aceitamos mais suas mentiras, seus conchavos, seus discursos vazios.
Queremos uma nova política, feita por gente simples, honrada, com coragem para mudar, com vontade de servir, e não de se servir.
Viva a verdadeira República! Viva o Brasil decente! Viva o Maranhão! Viva o povo brasileiro que resiste, que luta e que não se curva diante dos ratos da corrupção.
Para vocês, meu desprezo e minha indignação.
*Advogado. Acadêmico da 21ª cadeira da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (Amclam). 1º Sargento Veterano da PMMA, historiador, mestre em História Social, bacharel em Teologia, graduando em Letras Espanhol e escritor, publicou: O Segredo da Menina do Casaco Vermelho; Véu e Sangue e Bananazil: A Republicata de Papel.
Instagram: @ebnilsoncarvalho
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