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Jubileu de Estanho do PGLetras/Ufma

VERALUCE DA SILVA LIMA*

Em 2013, um grupo de professores do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) elaborou uma proposta de Curso de Mestrado Acadêmico e a enviou à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a qual foi aprovada. Nascia, assim, o Programa de Pós-Graduação em Letras (PGLetras), com o Mestrado Acadêmico.

A aprovação desse Programa foi a concretização de um sonho do Departamento de Letras, alimentado durante muitos anos, uma vez que o Curso de Letras, um dos mais antigos da Ufma, foi criado em 1953 e reconhecido por meio do Decreto 39.663, de 28 de julho de 1956. Após 60 anos de sua criação e duas diligências documentais da Capes, os egressos do Curso de Letras da Ufma e de outras IES do Estado poderiam, finalmente, dar continuidade à sua formação, sem necessidade de deslocamento para outros estados do Brasil ou países estrangeiros.

À época, o PGLetras/Ufma veio atender a uma grande demanda criada pelos cursos de graduação em Letras e prevalente em muitas regiões maranhenses, visto que os Mestrados em Letras mais próximos se localizavam em Teresina (UFPI) e Belém (UFPA), ambas capitais situadas a aproximadamente 500 km de São Luís. O Programa, portanto, representou uma conquista de fundamental importância, não apenas para a Ufma, mas também para o estado do Maranhão como um todo, já que a pós-graduação se constitui “o grande lócus da pesquisa de uma nação […] o agente diretamente interessado em responder às demandas da sociedade que ela mantém” (Cabral et al, 2020, p.12)**.

Destacamos que o PGLetras/Ufma, ao atender às exigências do 6º Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) para o período 2011-2020, foi oficialmente recomendado pela Capes. Esse Plano deu ênfase “[…] ao combate às assimetrias relacionadas à distribuição da pós-graduação no território nacional, à necessidade da melhoria da qualidade da educação básica, à formação de recursos humanos aptos a atuarem em setores estratégicos para o desenvolvimento nacional sustentável” (Capes, 2010, Apud Cabral et al, 2020, p.10 e 11). Assim, com tais objetivos precípuos, o Programa passou a contribuir para o avanço da pesquisa na área dos estudos da linguagem e para a qualificação profissional e intelectual na área específica de Letras.

Destacamos também que a Ufma, à época de aprovação do PGLetras pela Capes, mantinha-se como a única IES federal nordestina sem o seu Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras. Assim, tal implantação contribuiu para minorar as assimetrias regionais, acrescentando um Programa de Pós-Graduação em Letras aos existentes que, de acordo com a avaliação quadrienal realizada em 2017, Linguística, Letras e Artes mostrou-se como a área com o menor número de Programas, registrando um total de pouco mais de 200 deles em todo o território nacional. Podemos, portanto, afirmar que a implantação do PGLetras/Ufma representou um salto qualitativo na educação de nosso Estado, considerando a disparidade existente na formação de mestres e/ou doutores, privilégio esse que se concentrava nas Regiões Sul e Sudeste do país.

O Programa realizou o processo seletivo no segundo semestre de 2014, após recebimento do Ofício nº 010-30/2014 da Capes, datado de 7 de abril de 2014. Sob a coordenação da professora doutora Veraluce da Silva Lima, suas atividades acadêmicas tiveram início no dia 13 de abril de 2015, com a Aula Inaugural intitulada Variação e ensino: caminhos inseparáveis, ministrada pelo professor doutor Dermeval da Hora, da Universidade Federal da Paraíba, à época, coordenador da Área de Letras e Linguística da Capes.

Assim, em 2017, o PGLetras e os nove professores permanentes, que compuseram o Corpo Docente inicial do Programa, entregaram à sociedade maranhense 13 mestres em Letras cujas pesquisas contribuíram para o aprimoramento da educação no Estado. Esses professores foram os doutores Conceição de Maria de Araujo Ramos, José de Ribamar Mendes Bezerra, José Dino Costa Cavalcante, Ilza do Socorro Galvão Cutrim, Márcia Manir Miguel Feitosa, Marize Barros Rocha Aranha, Mônica da Silva Cruz, Sônia Maria Correa Pereira Mugschl e Veraluce da Silva Lima, distribuídos em duas Linhas de Pesquisa: Descrição e Análise do Português Brasileiro e Discurso, Literatura e Memória.

Um desses trabalhos, intitulado “Libras e Português como L2: a escrita dos surdos nas redes sociais”, recebeu o Prêmio Fapema Neiva Moreira 2017. Nesse trabalho, a autora demonstrou que as relações estabelecidas entre Libras e Língua Portuguesa, ambas com características distintas, têm na escrita um ponto de encontro, o qual liga duas comunidades separadas pela dificuldade de comunicação. O trabalho articulou a área de Letras com a área de Educação, ao apontar caminhos possíveis para o ensino de Língua Portuguesa como L2 para surdos que têm a Libras como L1.

Em dez anos de existência, comemorando neste mês de abril seu Jubileu de Estanho, o PGLetras já entregou à sociedade maranhense um contingente significativo de 160 mestres cuja atuação em setores estratégicos, principalmente o educacional, com certeza tem contribuído direta e significativamente para a melhoria da qualidade da educação básica do Estado e para o desenvolvimento nacional sustentável, como resultado das pesquisas por eles realizadas.

Concluímos, portanto, que o PGLetras/Ufma, ao comemorar seu Jubileu de Estanho, reafirma que, de fato, o ergástulo da Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras foi rompido. O Programa, nesta primeira década de existência, tem procurado buscar soluções para os desafios mais complexos dos Estudos Linguísticos, o que tem contribuído para a expansão das Ciências da Linguagem e para o desenvolvimento decorrente dessa expansão.

*Membro da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (Amclam), ocupando a Cadeira nº 32, patroneada pelo Deputado Provincial Antônio José Quim. Professora titular aposentada do Departamento de Letras/Ufma. Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Évora-Portugal.

**CABRAL et Al. A CAPES e suas sete décadas: Trajetória da Pós-Graduação Stricto Sensu no Brasil. In: Revista Brasileira de Pós-graduação-RBPG, ISSN (on-line): 2358-2332. Brasília, v.16, n. 36 (outubro de 2020).

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