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Você sabe onde vende tempo?

LUIZ THADEU NUNES E SILVA
Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.           
Instagram: @Luiz.Thadeu                   
Facebook: Luiz Thadeu Silva
E-mail: [email protected]

Como ainda não se vende tempo, ando corrido, assoberbado de tarefas, obrigações, deveres e afazeres. Disse “ainda”, pois tudo está mudando, e logo, logo, estarão redefinindo o calendário. O tempo é invenção de Deus, que criou a eternidade. O calendário é invenção dos homens, portanto: horas, minutos e segundos podem ser, no futuro, recalculados. Caro leitor, amiga leitora, não duvide disso.

A convite de Ana Cristina, fui para um café da manhã, em sua casa. Lá, estavam ela, seu companheiro de jornada, Eloi; e Rita, amiga gaúcha que visitava nossa Ilha do Amor. Apaixonados por viagem, falamos de nossas caminhadas pelo mundo. Marcamos a conversa para o café da manhã, pois o dia estava corrido para mim: estágio, prova da faculdade, reunião de trabalho, e no final do dia atravessaria o Atlântico.

Elon Musk, segundo os entendidos em finanças, o terráqueo mais rico do mundo, tem muito dinheiro e pouco tempo. Ao visitar um amigo, em outra cidade, não se hospeda em hotel, mas na casa do amigo, otimizando o tempo. Tenho me sentido quase um Elon Musk, obviamente, pela falta de tempo.

Nada é tão democrático no mundo quanto o fator tempo. Pois vejamos: A beleza não é democrática, uns belos, outros feios, até parecem que vieram ao mundo ao avesso. A inteligência não é democrática: uns são inteligentes, outros são desprovidos dela. A saúde não é democrática: uns tem diferentes tipos de doenças, outros sadios. O dinheiro, esse não tem nada de democrático, ao contrário, está cada vez mais concentrado nas mãos de poucos, enquanto a maioria apenas sobrevive. Mas o tempo, assim como a morte, são democráticos. Ninguém no mundo tem um minuto a mais do que o outro.

Por falar em dinheiro, lembro sempre do meu velho e saudoso pai, Luiz Magno, que viveu até os 84 anos. Onde papai estava, o dinheiro não estava, e vice-versa. Durante sua longeva vida, papai e o dinheiro nunca se encontraram.

Certa vez, em tom provocativo, num café da tarde, disse-lhe: “Está na hora do senhor guardar um pouco de dinheiro para mais tarde”. “Ora, meu filho, se cheguei nesta idade e não guardei segredo, vens tu me pedir para guardar dinheiro?”, e foi risada para mais de metro. Pelo menos papai tinha tempo para rir de si mesmo, o que não deixa de ser uma forma de riqueza.

Vejo no meu entorno todos corridos e assoberbados, sem se dar conta que o melhor da vida está passando, corrido no varal do tempo. Já estamos quase na metade do quarto mês do ano, que começou ontem.

A vida, no seu sentido mais cru e despojado, é um intervalo entre dois tempos. O passado e o futuro, já que é ilusório pensar que existe presente. É, no entanto, que essa vertigem chamada vida se derrama neste intervalo!

Porque tem dias que a gente se perde num labirinto sem fim, atropela as horas, ignora a paisagem e só sabe querer chegar. Mas chegar aonde?

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