Fechar
Buscar no Site

“São Luís precisa retomar sua liderança, nesta terça parte do Brasil”, afirma Inspetor Noberto

Inspetor Noberto em Cametá/PA, com o prefeito de Cancale, Pierre-Yves Mahieu (com a faixa) e o prefeito de Cametá, Victor Cassiano (ao centro e de calça jeans azul)

O turismólogo, escritor e inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antonio Noberto, concedeu entrevista exclusiva ao blog na qual, entre outras coisas, nos fala do valor da nossa história e as grandes possibilidades que temos de ocupar uma melhor posição socioeconômica no ranking nacional, tal qual aconteceu no século XIX e início do século XX. O Inspetor defende que o nosso passado de abastança material e cultural está a um estalar de dedos para revivermos tudo aquilo que um dia fomos.

Antonio Noberto, recebendo o Troféu Cazumbá de Turismo 2012, vencedor na categoria Melhor evento cultural voltado para os 400 anos de São Luís, ao apresentar a Exposição França Equinocial para sempre

Tudo isto e muito mais nesta entrevista, concedida ao jornalista Wellington Rabello, na qual o Inspetor nos leva a uma grande viagem no tempo quando São Luís era a quarta cidade brasileira.

Wellington Rabello – Me fale de você. Quem é o Inspetor Noberto?

Inspetor Noberto – Um idealista, um sonhador que adora correr atrás dos seus sonhos. Nasci na pequenina cidade de Pentecoste, no interior do Ceará, onde vendia tomates no carrinho de mão com os meus irmãos, e vim para o Maranhão aos sete anos de idade. Hoje, sou bacharel em Turismo pela Ufma, iniciei o curso de História pela Uema, e recebi o título de Doutor Honoris Causa em História pela Febacla e de Embaixador da Paz por uma entidade internacional de direitos humanos (OMDDH). Sou PRF há trinta anos, vice-presidente da Cruz Vermelha, licenciado, e membro-fundador e ex-presidente da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e fundador de outras academias e membro de mais algumas.

WR – Você falou em sonhos. Quais são os seus sonhos?

Inspetor Noberto – Sou das antigas. Não me conformo com o Maranhão em último lugar no ranking nacional e São Luís na parte debaixo da tabela. O lugar do nosso estado é no G4, no topo da pirâmide, onde estão os empregos, a renda e o desenvolvimento. Mas para voltarmos ao topo será preciso muita luta e uma mudança de mentalidade. Precisamos sair do conto de fadas das ideologias e abraçarmos novamente o mundo real, tal qual fizeram os nossos antepassados, que tão bem representaram o Maranhão e transformaram esta terra em um lugar cobiçado e muito concorrido, quase um pedaço de Europa, vale dizer.

Sempre digo que nós não precisamos fazer nada de muito diferente para alcançarmos os degraus de cima, basta apenas imitá-los naquilo que é basal.

WR – E qual o segredo dos nossos antepassados?

Inspetor Noberto – Eles eram focados, não se deixavam levar por qualquer conversa, sabiam soprar as cortinas de fumaça colocadas à sua frente. Eram críticos e pragmáticos e não relativizavam tudo. Rumavam para aquilo que realmente tinha futuro: Deus, riqueza, cultura, conhecimento, etc. Eles, melhor do que ninguém, sabiam que o mundo do conhecimento era o bom caminho, e sabiam que o primeiro mundo era o segredo do sucesso. Aos poucos os jovens maranhenses foram embora estudar em cidades como Lisboa e Coimbra; Paris, Nice, Marselha e Montpellier; Londres, Liverpool e Manchester; Washyngton e tantas outras.

Atualmente, cultuando a pobreza, o bairrismo e a xenofobia viramos marionetes nas mãos dos mega interesses. A grande maioria não sabe que o Maranhão sempre foi um país a parte e que a sua capital foi a quarta cidade do Brasil. Não sabem também que a Praça Pedro II, nascida como uma cidadela, foi o primeiro pedaço de chão colonizado em um terço do Brasil. Do Rio Grande do Norte ao Amazonas foi aqui que está parte do nosso país começou. Precisamos valorizar tais preciosidades.

Assim como conseguimos transformar o ouro branco, o algodão, em riqueza material e intelectual, a ponto de sermos chamados de Atenas Brasileira, a libertação através do conhecimento também nos lançará para a riqueza, caso a gente se permita abandonar a mentalidade de colônia e de pobreza que se nos abateu.

WR – E como isto seria possível?

Inspetor Noberto – No brasão da Academia Ludovicense de Letras está escrito: “Savoir pour transformer”, Saber para transformar. E só quem tem o conhecimento pode propor mudanças reais para maranhenses e ludovicenses pleitearem um Maranhão e uma São Luís melhor.

WR – Tudo bem… Mas de forma bem prática, como isso seria possível? Nos dê, ao menos um exemplo, de como você poderia ajudar a promover tal mudança.

Inspetor Noberto – Nós temos um exemplo recente. Ano passado estive na cidade de Cancale, na França, pela quarta vez. Fui ministrar uma palestra naquela cidade que fundou São Luís. Na ocasião, no ancoradouro de onde a esquadra francesa partiu para dar início à nossa cidade em 19 de março de 1612, recebi a comenda maior da cidade das mãos do prefeito Pierre-Yves Mahieu. Na ocasião, eu e o vereador Aldir Junior, que representou a municipalidade, convidamos o prefeito francês a visitar o Maranhão. E ele veio para cá no final de março e ficou até o início de abril do corrente ano. Fizemos matérias na Mirante, encontro com o atual prefeito de São Luís, trouxemos o prefeito de Viçosa do Ceará, pois aquela cidade foi iniciada pelos franceses do Maranhão em 1590, e levamos Mahieu ao Pará, onde visitamos Bragança, Belém e Cametá, cidades fundadas ou influenciadas pelos franceses de Daniel de la Touche. Em Cametá, onde eles falam afrancesados, a visita da comitiva francesa causou um verdadeiro reboliço e levou ao debate a fundação daquela cidade, se realmente teria sido pelos jesuítas em 1635 ou se por Daniel de la Touche, que esteve lá em 1613. Detalhe: La Touche também é o fundador de Bragança, primeira cidade fundada no Pará. De volta à Ilha, lançamos em português o livro “La Ravardière: de Cancale a São Luís” (está à venda na livraria AMEI, no São Luís Shopping). Enfim, naquele período, 411 anos depois, a nossa cidade voltou a ser a capital da França Equinocial. E tudo isto foi organizado por mim, um mero ludovicense, que faz política pública do próprio bolso. Imagine a gente com a máquina para bancar o progresso e o desenvolvimento…

Nossas ligações com França, Portugal, Holanda, Espanha, Inglaterra e outros países precisam ser renovadas, vez que o segredo do sucesso dos nossos antepassados era o caminho rumo ao conhecimento. E isto aconteceu porque a Assembleia Provincial, a atual Alema, aprovou uma lei que enviava e custeava os maranhenses na Europa e Estados Unidos. Não é à-toa que São Luís, Alcântara, Viana, Caxias, Brejo e tantas outras cidades se destacaram tanto naquele período, a ponto de o Maranhão exportar em torno de 30% de toda a cultura produzida no Brasil.

Outro exemplo prático de valorização da nossa história é fazer apresentações histórico-culturais na São Luís antiga. É possível trazer à baila a curiosa história de Ana Jansen. Se a gente chegar lá, vamos propor e realizar o Auto de Ana Jansen. Vamos dar vida aquela personalidade conhecida como A rainha do Maranhão. Isto trará visibilidade para a nossa capital. Faremos também o Auto da Balaiada, o Auto da Fundação (foi feito uma única vez em 8 de setembro de 1962), nos 350 anos de São Luís. A história e a cultura serão fortes ferramentas para o nosso crescimento e desenvolvimento. Os ludovicenses e os maranhenses sentirão orgulho de pertencer a esta terra que tudo foi, mas que hoje está bem carente quando comparado aqueles tempos.

WR – O Maranhão tem muita história… e porquê atualmente este passado de glória não é divulgado?

Inspetor Noberto – Isto é algo curioso e até perverso. Ninguém nesta parte do Brasil tem tanta história. Éramos tão “bam-bam-bans”, que tudo chegava aqui primeiro: a energia elétrica, o bonde, a academia de letras, a biblioteca pública, o cinema, etc. Dava gosto viver no Maranhão. Atualmente, o nosso passado pujante não faz mais parte da pauta. Quase ninguém sabe que éramos tudo isso e mais um pouco.  Existe um interesse local, regional, nacional e internacional em manter esta cortina de fumaça e os antolhos nos maranhenses. Infelizmente.

O ex-secretário de Turismo de Saint-Malo, na França, cidade fortificada que recebe mais de quatro milhões de visitantes por ano, Jean-Claude Weisz, quando visitava São Luís dizia: “vocês (ludovicenses) dormem sobre um tesouro e não estão sabendo”. Jean-Claude se referia ao nosso invejável potencial histórico-cultural.

WR – Você é candidato a vereador por São Luís. Quais as suas pautas?

Inspetor Noberto – Todas que acabei de mencionar e muito mais. Temos compromisso com esta mega pauta, compromisso com as comunidades, onde ajudei a fundar o Conselho Comunitário de Defesa Social da zona rural de São Luís e, com isto trouxemos ganhos para as comunidades e ajudamos a pacificar a BR-135. Note que estamos há poucos dias das eleições e os bloqueios de rodovia zeraram. Isto é fruto de um diálogo permanente com as comunidades. Temos compromissos também com o trecho: caminhoneiros, caçambeiros, carreteiros, vanzeiros, carrinhos etc. Este é um segmento que estava abandonado e largado à própria sorte, e eu o trouxe para a pauta política e para as decisões. As pessoas do trecho são pessoas maduras, de vivência e são aquelas que param e ajudam a família que está com o veículo com defeito mecânico no meio do nada, de noite e de madrugada.

Voltando para a pauta mais geral, caso eu seja eleito vereador por São Luís, abriremos os olhos do nosso povo para as grandes possibilidades de emprego e prosperidade através do conhecimento e da ligação histórica com o primeiro mundo e com as cidades vizinhas do Maranhão, especialmente do Pará, Piauí, Ceará e Tocantins, que orbitam a nossa capital. Modéstia à parte, sei o caminho das pedras.

WR – Algo mais a dizer?

Inspetor Noberto – Toda longa jornada começa pelo primeiro passo. E o início de tudo será a minha eleição no dia 6 de outubro, para vereador de São Luís. É possível fazer, basta o ludovicense me dar um voto de confiança. Inspetor Noberto é o nome da esperança.

Muito obrigado pelo espaço e até a próxima.

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens