Fechar
Buscar no Site

Padre João Mohana, a Última Ceia de Jesus, a Páscoa cristã e o sentido da vida plena


O tema da vida marcou profundamente a obra literária do padre João Mohana (1925-1995), cujo centenário será celebrado no Maranhão, no próximo mês de junho. Em seus livros Mohana escreveu que a ideia de vida está ligada sobretudo à Páscoa cristã, que é a passagem da morte para a vida; em outras palavras, da vida mortal para a vida eterna da ressurreição gloriosa.
Mohana dizia que para Jesus, como para os judeus de hoje, a Páscoa judaica comemorava a passagem da escravidão, em terra estrangeira, do povo eleito por Deus para a sua liberdade na terra, “onde corria leite e mel”, a ele prometida pelo mesmo Deus.
No discurso do pão da vida, Jesus explicou aos seus ouvintes que, durante os 40 anos da passagem do Egito, através do deserto, para a “terra prometida”, os israelitas, alimentando-se do maná, não comeram o pão do céu, já que morreram, sem um claro horizonte ultraterreno. O próprio Moisés, o libertador, não entrou na terra prometida, porque vacilou na sua confiança em Deus. E morreu ao avistá-la de longe, na terra de Moabe, indo melancolicamente reunir-se aos seus, na região dos mortos, o Sheol (Deuteronômio 32:49-52; 34,4-6).
Ele, Jesus, o novo Moisés, o Filho de Deus, é que nos veio dar o verdadeiro pão do céu, como deu aos apóstolos na tarde de Quinta-Feira Santa, conforme tinha prometido, no começo de sua vida pública:
“Não foi Moisés que vos deu o pão do céu. Vossos pais no deserto comeram o maná e morreram. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (João 6: 32.49.51).
Jesus cumpriu esta promessa quando, na Quinta-Feira Santa, através do seu corpo entregue e de seu sangue derramado, sacramentalmente, instituiu a Nova e Eterna Aliança. Fazer a Páscoa passou a significar receber, através das espécies sacramentais do pão e do vinho, o corpo e o sangue de Jesus, garantia não de uma “terra prometida”, onde todos morrem, mas de um “céu prometido”, onde a vida é plena, porque lá ninguém morre mais.
Nesse texto, João Mohana lembra ainda que o autor da Carta aos Hebreus, um judeu convertido a Jesus, escreveu que Jesus, o Filho de Deus, participou de nossa condição humana, tendo carne e sangue, “a fim de destruir pela (Sua) morte o dominador da morte, isto é, o diabo; e libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte (Hebreus 2:14).
Enquanto a morte nos ameaçar com o medo de perdermos a vida, não seremos verdadeiramente livres. Vida e liberdade só podem ser plenas sem a ameaça e o medo da morte. Esta é “o último inimigo”, no dizer de São Paulo. É a última corrente da escravidão.
Mohana acrescenta que Jesus, o Bom Pastor, veio ao mundo para que tivéssemos “a vida e a vida em abundância” (João 10:10).
Pela sua morte, supremo testemunho dado ao amor, à justiça e à verdade da sua vida terrestre, Ele desmascarou e feriu mortalmente o ódio, o egoísmo, o orgulho, a mentira e a injustiça dos que buscam o reino do diabo, “mentiroso e pai da mentira”, “homicida desde o início” (Jo 8:44).
Pela sua ressurreição, Ele garantiu a vida plena, eterna e gloriosa, para aqueles que carregarem a sua cruz de cada dia e O seguirem “buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça”.
O padre João Mohana sempre desejava a todos os cristãos a vida plena, garantida pelo “poder da ressurreição de Jesus”, que todos os anos celebramos, com tanto ardor e alegria, no Domingo de Páscoa, eixo e principal festa do Ano Litúrgico. O domingo tornou-se o Dia do Senhor, porque foi o dia da sua ressurreição.

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens