Morre Adenis Matias, fundadora do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa do Maranhão
A jornalista Adenis Mendes Matias, de 72 anos, faleceu em São Luís, nesta segunda-feira (8), vítima de câncer. Ela foi a fundadora e primeira presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa do Estado. Como repórter e redatora, teve uma carreira destacada no jornalismo maranhense, iniciada em 1976 no jornal O Estado do Maranhão, após sua graduação pela Universidade Federal do Maranhão.
Por mais de 40 anos, Adenis atuou na Secretaria de Estado de Comunicação Social, além de ter trabalhado na Câmara Municipal de São Luís e na Assembleia Legislativa do Maranhão. Ela também trabalhou como repórter no jornal O Imparcial, no jornal O Debate e na TV Difusora. Foi editora de Política do Jornal de Hoje.
Mulher corajosa e determinada, Adenis revelou seu espírito de jornalista rebelde e irriquieta em diversos episódios de sua trajetória profissional. E um desses episódios marcou a história recente do Parlamento maranhense. Agentes da Polícia Federal cercaram a Assembleia Legislativa do Estado em São Luís, na manhã do dia 25 de outubro de 1984.
Era uma quinta-feira, carregada de muita tensão política. Os policiais federais guardaram pontos estratégicos do interior do prédio, localizado na Rua do Egito, protegendo com metralhadoras a chegada de um ônibus especial com 17 deputados estaduais, que estavam confinados dentro de uma mansão localizada na orla marítima da cidade.
A invasão da Assembleia aconteceu durante o tumultuado processo de escolha dos delegados do Maranhão que teriam direito a voto no Colégio Eleitoral. Era a eleição indireta que iria decidir a escolha do sucessor do então presidente da República, João Batista Figueiredo. Aqui no Maranhão era uma guerra declarada entre os apoiadores de Paulo Maluf, liderados por João Castelo e Nagib Haickel, e o senador José Sarney, indicado como candidato a vice-presidente da República, na chapa de Tancredo Neves.
A jornalista Adenis Matias avisara logo cedo que havia algo estranho na Assembleia: “Hum, hum! Tem muita polícia aí fora. E tem uma ordem para limitar ao máximo o acesso da imprensa. Vão ficar aqui só mesmo os releseiros da Casa”.
Para espanto de todo mundo, Adenis gritou e protestou quando os agentes da PF ordenaram que a Galeria da Imprensa fosse imediatamente evacuada. Repórteres e cinegrafistas foram obrigados a sair do prédio.
Após esse episódio, Adenis fundou e foi a primeira presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa do Maranhão, ao lado de diversos jornalistas, entre eles Regis Marques, Cunha Santos, Djalma Rodrigues, Tony Castro, Denny Cabral, Ray Santos, Othelino Filho, Ademir Santos, Lauro Leite, Jersan Araújo e Gilson Dumont.
Na época, eu trabalhava como repórter de Polícia do Jornal de Hoje, de propriedade do então senador João Castelo, que funcionava na Rua Cândido Ribeiro (Rua das Crioulas). Adenis era minha companheira de redação. Ela fechava a página do noticiário político e eu ficava ligando para as delegacias de polícia, à cata das últimas notícias.
Nesta segunda-feira (8), a diretora de Comunicação da Assembleia Legislativa, Jacqueline Heluy, divulgou nota de pesar. O Governo do Maranhão também lamentou profundamente a perda, destacando a contribuição de Adenis ao jornalismo e expressando solidariedade aos familiares e amigos.
O velório está sendo realizado na Central de Velórios Pax União (Canto da Fabril), de onde seguirá para o Memorial e Crematório Pax União (Paço do Lumiar), nesta terça-feira (9), às 9h.
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