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Salve! Salve! Mãe Andresa!

Mãe Andresa, que chefiou a Casa de Jeje em São Luís, entre 1914 e 1954, era muito estimada por quantos a conheciam


2024 será repleto de celebrações. Uma destas datas são os 70 anos do falecimento da mais notável mãe-de-santo de toda a história dos cultos afro-religiosos do Maranhão: Andresa Maria de Sousa Ramos, a lendária Mãe Andresa, que faleceu em abril de 1954.
Os jornais da época contam que o velório e o sepultamento de Mãe Andresa (1855-1954) aconteceram em São Luís em meio a uma grande comoção popular
Vale lembrar: durante quatro décadas, a celebrizada Mãe Andresa chefiou a tradicional Casa das Minas,considerada um dos mais antigos terreiros do Brasil.
Houve um tempo em que os tambores de mina enfrentavam os acirrados preconceitos da classe dominante maranhense (que perduram até hoje) e uma desenfreada perseguição policial.
Nesses tempos difíceis, Mãe Andresa, com seu jeito carismático e sua bondade infinita, iniciou um processo de abertura da Casa das Minas, até então fechada em si mesma e refratária aos contatos e às influências externas. Na época, pesquisadores apontavam a Casa das Minas, também conhecida como “Querebentam de Zomadonu”, como o único lugar da América onde eram conhecidos e cultuados os voduns da família real do Abomey.
Ainda hoje localizada na Rua de São Pantaleão, nº 857, a Casa das Minas dava-se ao luxo de tocar seus tambores livremente em suas festas e cerimônias, sem ser molestada pela polícia e com a inegável condescendência das autoridades da época. Isto já como um reflexo do prestígio que Mãe Andresa gozava nas mais diversas classes sociais do Maranhão de então.Nascida no município de Caxias, no ano de 1855, Mãe Andresa, que chefiou a Casa de Jeje entre 1914 e 1954, era muito estimada por quantos a conheciam.
A figura de Mãe Andresa chegou a ensejar extensos capítulos e páginas de grandes etnólogos como Nina Rodrigues, Manuel Nunes Pereira, Edmundo Correia Lopes, Octávio da Costa Eduardo, Pierre Verger e Roger Bastide.
Mãe Andresa aparece logo no primeiro capítulo do romance “Os Tambores de São Luís”, do escritor Josué Montello. Também o escritor Álvaro de Las Corsas, em sua obra “Labaredas dos Trópicos”, refere-se à respeitável figura de Mãe Andresa, situando-a como “a última sacerdotisa dos ritos daomeanos que se arraigaram no Brasil”.
O pesquisador português Edmundo Correia Lopes, que esteve no Maranhão em 1937, visitou a Casa de Jeje. Posteriormente, em um de seus trabalhos, Correia Lopes chegou a descrever, sem muitos detalhes, a casa de culto e referiu-se à nochê Andresa Maria como “velha voduno, preta brasileira, celibatária”.
O etnólogo maranhense Nunes Pereira, que em 1947 publicou “A Casa das Minas – Culto dos Voduns Jeje no Maranhão”, alude a Andresa Maria como “uma verdadeira Mãe: autoritária, quando é mister; boníssima sempre. Não há questões jurídicas entre os membros daquela família sujeita a Mãe tão diligente, tão tradicionalista e tão austera; mas, se houvesse a sua figura se revestiria da imparcialidade de um juiz”.
Mãe Andresa Maria “não é uma africana pura, mas como descendente de negros puros ainda conserva nas suas linhas físicas o vigor e a graça das mulheres do Continente Negro e a envolvente doçura dos velhos que nunca foram maus”.
Aos 99 anos de idade, Mãe Andresa, cujo senhor era o vodum Polibogi, faleceu às 12:30 horas do dia 14 de abril de 1954.

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