Júlio Mendonça diz que o Maranhão terá novo modelo de desenvolvimento, para vencer o atraso e superar a pobreza
O deputado Júlio Mendonça (PCdoB), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa do Estado, é um otimista por natureza. Na terça-feira (dia 30 de maio), ele fez o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar e, em seu discurso, voltou a conclamar em favor da união de forças da classe política, para que o Maranhão consiga reverter os seus baixos indicadores sociais.
“Existe a possibilidade de nós termos um novo modelo de desenvolvimento em nosso Estado. É possível, sim, redescobrir e redesenhar um novo ciclo para a nossa economia. Acredito, sim, que o Maranhão terá um novo modelo de desenvolvimento, para vencer o atraso e superar a pobreza”, ressaltou.
Júlio Mendonça costuma dizer que, como deputado, sua meta é trabalhar como um elo entre a comunidade e o poder público estadual, buscando fazer um mandato popular, participativo e propositivo.
Filho do agricultor e pequeno empresário Lázaro Domingos Corrêa e da professora Josele Mendonça Corrêa, Júlio Mendonça é médico veterinário, graduado pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema), onde foi professor. Tem especializações em Gestão Empresarial, Gestão Pública e Saúde Pública.
Foi titular da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar e presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp), na gestão do governador Flávio Dino.
Teve atuação marcante na criação da Secretaria de Agricultura Familiar, instalada com o objetivo de dinamizar, estruturar e atender aos anseios dos trabalhadores do campo e fomentar as cadeias produtivas do Estado.
Também ajudou a desenvolver diversos programas de assistência aos trabalhadores rurais; criou o Programa de Compras da Agricultura Familiar (Procaf) e instituiu a valorização da cadeia produtiva do Maranhão e a certificação de produtos como o mel, a mandioca e o babaçu, dentre outros.
Na Agerp, desenvolveu a política de capacitação de centenas de produtores e produtoras rurais, através de cursos e assistência técnica com o objetivo de melhorar as atividades rurais e aumentar o valor agregado de produtos e serviços oferecidos aos pequenos agricultores.
Tem como uma de suas bandeiras o desenvolvimento da agricultura por entender que a produção agrícola familiar é um elemento fundamental para a segurança alimentar e nutricional da população. Também atua em defesa da educação, infraestrutura, saúde e segurança Pública.
“Eu sou uma pessoa simples, baixadeiro da zona rural de Viana, filho de uma professora e de um agricultor, sou médico veterinário, e faço parte de uma geração que viveu o processo de abertura política no país e que sonha e luta por um estado mais justo, próspero e inclusivo”. Foi o que declarou o deputado Júlio Mendonça, logo no início desta entrevista:
Jornal Pequeno – De que forma o senhor tem pautado sua atuação nestes primeiros meses de mandato?
Júlio Mendonça – Estou buscando pautar o nosso mandato em defesa de dois temas principais, antenados com o modelo de desenvolvimento sustentável que defendemos para o estado, que é a agricultura familiar e o meio ambiente, sem desmerecer os demais temas.
Temos apresentado várias proposições, e entre elas destaco o projeto de lei de ampliação das compras governamentais na agricultura familiar, criação de comissões especiais para acompanhar conflitos fundiários em São Benedito do Rio Preto e Alcântara.
Destaco também a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar e o nosso trabalho à frente da Comissão de Meio Ambiente, no combate aos lixões, ao processo erosivo das voçorocas na região centro-sul e na preservação das nossas bacias hidrográficas.
JP – O que lhe inspirou a criar a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, do Desenvolvimento Rural, da Agroecologia e da Regularização Fundiária?
Mendonça – O que nos motivou a criar a Frente da Agricultura Familiar foi principalmente a relevância do tema, dentro do contexto do desenvolvimento sustentável, que defendemos para o estado. Temos um estado rico em diversidade, um povo trabalhador, com mais de 30% da água do Nordeste, com vários biomas e com grande capacidade de produção de alimentos saudáveis.
JP – Na sua avaliação, é possível compatibilizar agricultura familiar com agronegócio na atual conjuntura econômica do Estado?
Mendonça – Na minha visão, é possível sim compatibilizar agricultura familiar e agronegócio, obedecendo as condições edafoclimáticas e o zoneamento econômico e ecológico do estado, tendo como base a priorização orçamentária pelo estado, em áreas como assistência técnica, crédito, regularização fundiária e inovação tecnológica aos pequenos e infraestrutura aos grandes produtores.
JP – E qual sua análise sobre a questão da pobreza no Maranhão?
Mendonça – A maior parte da pobreza no nosso estado está na periferia das grandes cidades e na zona rural dos municípios mais ao norte do estado, com maior concentração no Baixo Parnaíba e Baixada, fruto de ciclos com base em monoculturas, economia de enclave, priorizando grandes projetos, sustentados por um modelo político oligárquico, extremamente concentrador.
JP – Como está agora a situação dos conflitos agrários no Estado e o andamento do processo de regularização fundiária?
Mendonça – Tanto o então governador Flávio Dino quanto o atual governador Brandão tem avançado bastante na questão fundiária. Destaco aqui o importante papel desempenhado pelo Iterma, através do seu presidente Anderson e sua equipe. O governador Brandão tem a regularização fundiária como uma das suas prioridades de governo. Infelizmente, o nosso estado ainda concentra um alto índice de conflitos, principalmente no Baixo Parnaíba, fruto do avanço desordenado da soja na região, gerando uma pressão muito grande em cima de comunidades, que lá residem por dezenas e às vezes centenas de anos.
JP – E qual é a situação das comunidades tradicionais, entre elas as comunidades quilombolas?
Mendonça – A grande maioria das comunidades dos povos tradicionais, no nosso estado, vive ainda em estado de vulnerabilidade, com baixos indicadores de qualidade de vida, em muitas delas, em disputa pela terra. Temos nos últimos oito anos várias políticas públicas afirmativas sendo implantadas, pelo governo do estado, como a criação da Secretaria de Igualdade Racial, junto com ela vários programas nas áreas da agricultura familiar, infraestrutura, saúde e educação, entre outros. Os desafios ainda são imensos, mas com a parceria do governo Lula, tenho esperança de que iremos avançar bastante.
JP – É projeto seu disputar prefeitura de algum município nestas próximas eleições?
Mendonça – Não é projeto meu ser candidato em 2024. Na minha cidade, Viana, irei trabalhar pela reeleição do prefeito Carrinho, que esteve comigo na minha eleição. Participarei em vários municípios, inclusive aqui na capital, fortalecendo e ampliando a nossa base, inclusive aqui em São Luís.
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