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De onde vem o Akomabu

Bolouvi Lebené, professor da Universidade de Benin, ao visitar São Luís em dezembro de 1983, inspirou Mundinha a batizar o bloco com o nome Akomabu


Para as novas gerações que estão chegando ao CCN, é importante tomar conhecimento desta história: em dezembro do ano de 1983, o professor Bolouvi Lebené, da Universidade de Benin-Togo, fez uma visita histórica à cidade de São Luís e deixou um legado ao movimento negro do Maranhão: a legenda AKOMABU, cuja tradução, na língua ewe, significa “a cultura não deve morrer”.
Convidado para ministrar um curso na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o professor Lebené, ao término do Seminário “O Mundo Ewe Jeje: Língua e Cultura”, recebeu o convite para conceder uma entrevista ao jornalista Manoel Santos Neto sobre sua visita ao Maranhão.
No final da entrevista, o jornalista disse ao professor que Mundinha Araújo, então dirigente do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), estava buscando um nome para batizar o bloco afro que ela estava criando em São Luís.
Lebené deixou então uma lista de vocábulos ewe, da qual sairia, dois meses depois, o nome com que seria batizado o bloco carnavalesco do CCN.
Na época, a ideia de Mundinha era encontrar um nome criativo, bacana, que fizesse referência ou servisse de alguma forma de evocação ao tambor de crioula – expressão genuína da cultura popular do Maranhão. E o bloco do CCN acabou recebendo, inicialmente, a denominação de “Crioulo-bá”. Foi assim já em seus últimos ensaios, realizados sob um clima de muita euforia e expectativa na Rua de São Pantaleão.
Veio uma assembleia geral do CNN e o bloco – por decisão unânime – passou a chamar-se de AKOMABU. O batismo do grupo ocorreu, oficialmente, no dia 3 de março de 1984. Foi o saudoso pai-de-santo Euclides Menezes Ferreira, então chefe da Casa de Fanti-Ashanti, quem realizou o batizado, numa cerimônia também histórica, que contou com a participação do presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros do Maranhão, Jorge Itaci, e de Mãe Celeste, na época a famosa matriarca da Casa das Minas. Estes foram os padrinhos do bloco que acabara de nascer em São Luís.
No primeiro ano em que saiu às ruas da capital maranhense, o AKOMABU levantou a voz, a cantando músicas como “Eu vou pegar minha viola”, “Canto de Fé” (do bloco Ylê Ayê), “Sinhô Macutá” e outras. Mas já no ano seguinte, em 1985, o Akomabu chegava à passarela com uma música própria: “Luta de Negro”, composição de Paulo Henrique, o futuro Paulinho Akomabu, que muito sucesso fez e ainda faz até os dias de hoje em São Luís.
Agora, uma outra boa notícia: Mestre Eliezer, maestro da Bateria Akomabu, tem a pretensão de resgatar um pouco mais desta bela história, inclusive como forma de homenagear parceiros antigos, brilhantes percussionistas como Mestre Iguarajara, Gentil, Sabará, Tião e tantos outros. Afinal, o Akomabu já já vai completar exatos 40 anos: no dia 3 de março de 2024.

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