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Frente Ampla Democrática se consolida e agita os bastidores das eleições na UFMA

Não se fala de outra coisa: a formação da Frente Ampla Democrática, que também foi estimulada pelo inusitado lançamento da pré-candidatura da professora Isabel Ibarra, parece ter pegado muitos de surpresa.
A Frente Ampla, que começou os primeiros movimentos ainda antes da eleição para presidente em 2022, surgiu com o claro e declarado intuito de construir, coletivamente, um projeto de universidade que rompa com a acomodação com o grupo que se consolidou em torno de Natalino Salgado, ao longo de suas gestões, e com velhas políticas de gabinete.
Talvez por isso mesmo a Frente Ampla e a pré-candidatura de Isabel Ibarra passaram a ser alvos de desqualificação, seja em menções diretas e desrespeitosas, seja pela omissão. Para entender melhor o jogo, leia este artigo de Ítalo Domingos Santirocchi:

As eleições na UFMA, o que há de novo?

Ítalo Domingos Santirocchi (DEHIS-UFMA)

É inegável que dois fatos sacudiram a UFMA no período de férias: o rompimento de Isabel Ibarra com o grupo de Natalino, sendo a primeira a ter coragem de se colocar como pré-candidata à reitoria, forçando os demais a se posicionarem. Acontecimento que levou ao segundo fato: a desistência da candidatura de Allan Kardec e seu alinhamento ao grupo de Natalino, seus antigos adversários e algozes.
O que vem depois é a insistência em velhas fórmulas: Natalino Salgado, aposentado, mas que não quer lagar o osso, quer promover Fernando Carvalho, seu pró-reitor com menor carisma e maior rejeição, a candidato a reitor. Natalino promove eventos de gestão e sai em busca de fotos com políticos por todo o lado, levando Fernando Carvalho a tira colo.
Mas essa pré-candidatura está estacionária desde que nasceu e permanece estagnada. Nem aderir ao discurso bolsonarista do “Future-se” e mudar o nome da pró-reitoria salvou Fernando da mesmice.
Do outro lado se faz a política de gabinete, na qual líderes continuam a querer decidir pela sua base, se juntando em torno da pré-candidatura do atual diretor do CCH, Luciano Façanha, que foi candidato independente a vice-reitor na última eleição e ficou em segundo lugar.
Algumas “análises de conjuntura”, que são publicadas sobre a eleição na UFMA, tratam com naturalidade o fato de ele ter tido sempre uma atitude ambígua com relação à gestão Natalino. Uma coisa é certa: Luciano possui muito mais carisma que Fernando Carvalho e vem dialogando com importantes nomes da tradicional oposição a Natalino, buscando se viabilizar. No entanto, como o próprio símbolo da sua pré-candidatura indica (várias mãos em direção a mão dele fazendo um L, de Luciano), é uma proposta personalista.
No momento em que, na UFMA, começam as movimentações para definições de pré-candidaturas, certamente a maior novidade foi a formação da Frente Ampla Democrática, que também foi estimulada pelo inusitado lançamento da pré-candidatura da professora Isabel Ibarra, que parece ter pegado muitos de surpresa.
A Frente Ampla, que começou os primeiros movimentos ainda antes da eleição para presidente em 2022, surgiu com o claro e declarado intuito de construir, coletivamente, um projeto de universidade que rompa com a acomodação com o grupo que se consolidou em torno de Natalino Salgado, ao longo de suas gestões, e com velhas políticas de gabinete. Talvez por isso mesmo a Frente Ampla e a pré-candidatura de Isabel Ibarra passaram a ser alvos de desqualificação, seja em menções diretas e desrespeitosas, seja pela omissão.
Dado o caráter “monolítico” da UFMA, ou seja, o fato de ainda hoje ser a única universidade federal do Maranhão, com o defeito de um multicampismo que ainda só existe no papel, vemos uma pressão muito grande de interesses políticos, partidários e econômicos nas eleições dessa universidade. Interesses esses legítimos e vitais para um país democrático, mas que, no caso da UFMA, vêm servindo para manutenção de grupos internos de poder.
O que precisamos nos questionar é sobre o papel desses interesses no âmbito de uma universidade que se pretende forte e autônoma. Apoios políticos são bem-vindos, desde que não impliquem – como parece ser a intenção de alguns grupos – em um tratoramento do processo eleitoral da universidade.
“Força e Autonomia” foi o lema da candidatura do professor Allan Kardec para a vice-reitoria, nas últimas eleições. Era um lema que caía bem para uma candidatura que se colocava crítica ao golpismo dos grupos que alçaram o poder em nível nacional e era, ao menos, independente da candidatura de Natalino Salgado. Este, para garantir sua posse, depois de legitimamente eleito, passou a adotar o lema do “Future-se” e não nomeou Allan para a vice-reitoria, embora este tivesse ficado em primeiro lugar.
Havia inclusive uma rivalidade direta, em termos de concepções de gestão da antiga Pró-Reitoria de Pesquisa (agora “agência de empreendedorismo”) entre Allan Kardec e o atual candidato da situação, Fernando Carvalho. Mas, eis que em nome da “política nacional”, Allan Kardec também se mostra bastante “camaleônico” – para usar a expressão do manifesto da Frente Ampla –, aparecendo em fotos de jantar em companhia de Natalino Salgado, Fernando Carvalho e cia. Até mesmo notícias em blogs favoráveis à gestão já afirmam o apoio de Allan à chapa situacionista, como se fosse o movimento natural das coisas.
É significativo o silêncio sobre alguns dos pré-candidatos a vice-reitor, os professores Dimas Ribeiro e Francisco Vale, que também compõem a Frente Ampla – docentes extremamente queridos e respeitados pelos pares. Dimas possuí, inclusive, grande experiência anterior de gestão pública, tendo recebido prêmio por gestão quando foi prefeito da cidade de Alterosa (MG). Mas porque são ignorados nos discursos de alguns blogs e lideranças?
A resposta é simples, porque são professores de Campi do interior do Maranhão, representam uma nova realidade da UFMA. Se silencia sobre a forte presença de servidores e discentes dos Campi do interior do Maranhão na Frente Ampla, algo que não pode mais ser ignorado, já que representam quase 1/3 do eleitorado.
Na UFMA, parece que tudo fica resumido ao nível pessoal e às coalizações políticas, ficando o projeto de universidade como que um adorno no debate de nível “coluna social”. Como dizem as más línguas, parece que a missão institucional da UFMA é ser um “centrão”. Mas há quem deseje lutar para que a UFMA de fato se torne uma universidade forte, autônoma e com uma gestão democrática.
Na insistência do velho, buscam esconder a nova UFMA que brotou e vem dando muitas flores e frutos de qualidade. A Frente Ampla Democrática foi o primeiro movimento a elaborar um Manifesto, dialogado, participativo, debatido e aprovado em assembleias públicas, onde deixa claro os seus princípios e as bases de seu projeto de universidade, sendo esse o grande diferencial desse grupo.

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