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José Ribamar Reis e os 20 anos do ‘Reino Encantado da Boemia’

O escritor José Ribamar Reis foi um grande cronista da história recente da velha São Luís

No próximo mês de fevereiro irão se completar exatos 20 anos do lançamento do livro ‘ZBM: O Reino Encantado da Boemia’, uma das melhores obras publicadas pelo economista e escritor José Ribamar Sousa dos Reis.
Ele lançou este livro em São Luís na noite de 8 de fevereiro de 2003, no Bar do Léo, no Vinhais. Inserida na série Memória da Cidade, esta obra traça um roteiro histórico e social da antiga Zona do Baixo Meretrício, compreendida pelos bairros do Desterro e Portinho.
Trazendo à tona personagens, situações e depoimentos sobre a fase áurea do local, o livro é composto de crônicas cuja temática são histórias resgatadas por José Ribamar Reis, que incluiu em sua obra aspectos geográficos dos dois bairros.
O autor dá uma visão das principais ruas, praças e becos do Centro Histórico de São Luís, fazendo com que o livro possa ser usado como um guia turístico dos bairros históricos.
‘ZBM: O Reino Encantado da Boemia’ contém, além de preciosas informações, mapas, fotografias e ilustrações – estas, assinadas pelo artista plástico Airton Marinho. As fotografias são de autoria de Edgar Rocha, Pedro Araújo, Azoubel e do próprio José Reis. No livro, podem ser encontrados ainda fragmentos de poemas de Ferreira Gullar, José Maria do Nascimento e José Chagas.
É importante lembrar que, para o lançamento de ‘ZBM: O Reino Encantado da Boemia’, José Ribamar Reis elaborou uma seleção musical das décadas de 40 a 70 cujo repertório contemplou boleros, sambas-canções, fox e músicas de antigos Carnavais.
Ribamar Reis dizia que a idéia deste livro sobre a ZBM, bem como da série Memória da Cidade, era apresentar ao público os encantos de São Luís que nem todos conhecem.
É importante lembrar, também, que José Ribamar Reis foi o escritor que fez do Maranhão sua trincheira de intelectualidade e vasculhou a história desse Estado com a sofreguidão de quem procura ouro. Era uma inteligência afável, um cultor da boemia serena dos que adivinham o sossego por trás de todas as fúrias. Dividia sua alma com os azulejos, os sobradões, as ladeiras, os folguedos, a cultura que espirrava de seus livros, seus poemas, discurso e palestras.
Ribamar Reis cumpriu sua missão de anunciar o novo mundo, mesmo diante daqueles para quem as utopias jamais se cumprem. Gostava de vê-lo, os passos lentos nos chinelos velhos, carregando em toneladas a história dos povos. Estranho destino de estudar, querer saber, descobrir a essência do homem.
Cabe portanto frisar: a morte do economista, escritor e pesquisador José Ribamar Sousa dos Reis, ocorrida no dia 7 de dezembro de 2010, deixou uma grande lacuna nos meios culturais de São Luís.
Ele foi meu amigo no bar, na redação e nos encontros inesperados que as ruas marcavam. Foi meu amigo, um companheiro fraterno. Guardo comigo as palavras com que escreveu a apresentação de meu livro “O Negro no Maranhão”, lançado no dia 13 de maio de 2004.

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