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Mundinha completa 80 anos e ganha homenagens dos movimentos sociais do Maranhão

Mundinha chega aos 80 anos reconhecida como uma das maiores lideranças do Movimento Negro no Brasil


Mundinha Araújo, uma das maiores ativistas políticas do Maranhão, completa 80 anos neste domingo (8). Ela vai receber homenagens de diversos movimentos sociais, ao final da missa em ação de graças que será celebrada às 10 horas, na Igreja de São Pantaleão.
Autora de vários livros publicados, além de ser a fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão, Mundinha dedicou boa parte de sua vida a desenvolver pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); comunidades negras rurais e sobre a resistência cultural (festas e danças de pretos) de comunidades maranhenses tradicionais.
Vai aqui um pouco sobre a homenageada: Maria Raymunda Araújo nasceu em São Luís, na Rua da Misericórdia, no dia 8 de janeiro de 1943, sendo a segunda dos 12 filhos de Neuza Ribeiro Araújo e de Eugênio Estanislau de Araújo. No exercício do magistério (1964-1975), Mundinha costumava debater com seus alunos e professores a questão do preconceito racial no Brasil, começando aí a sua militância pela causa.
Nesses tempos acompanhava com interesse a luta dos negros nos Estados Unidos pelos direitos civis, enquanto na África o movimento de libertação das colônias portuguesas culminava com a independência política e a instalação de governos populares na Guiné Bissau, Angola e Moçambique.
No Brasil, em meados dos anos 70, tem início o processo de reorganização de entidades que lutam contra o racismo e a discriminação racial.
Motivada por todos esses episódios, Mundinha Araújo fundou em São Luís, no ano de 1979, o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), referência nacional dentre os movimentos sociais do País até os dias atuais. Com a fundação do CCN, inicia as suas pesquisas sobre a resistência do negro escravo. Com este trabalho, construiu um formidável banco de dados, cujas informações vem contribuindo para a construção da história do negro no Maranhão.
“Eu sou da mesma geração de Angela Davis”, afirma Mundinha, lembrando que viveu intensamente aquela época em que começou a ter forte repercussão em São Luís a luta dos movimentos negros criados nos Estados Unidos em defesa dos direitos civis.
Na década de 80, Mundinha participou ativamente da mobilização dos negros em São Luís, coordenando a Semana do Negro no Maranhão, seminários e outros eventos, cujos temas enfocavam a questão racial no Brasil.
Ao mesmo tempo em que atuava como pesquisadora e militante do Movimento Negro, Mundinha que, além de professora, é técnica em Comunicação Social do quadro de servidores do Estado, exercia na época as suas funções profissionais na Unidade de Editoração do Instituto de Pesquisas Econômico-Sociais e Informática (Ipei – Fipes – Ipes) – (1975-1985).
Em 1985, pretendendo trabalhar na área de pesquisa, solicitou sua transferência para a Secretaria da Cultura, sendo lotada no Arquivo Público do Estado.
Na Cultura, coordenou o ‘Mapeamento cultural dos povoados de Alcântara’ (1985-1987) e na área de Arquivo foi monitora do ‘Guia de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual’, sob a coordenação do Arquivo Nacional (1987), publicado em 1988.
Em 1991 assumiu a direção do Arquivo Público do Estado do Maranhão (Apem), em cuja administração foi desenvolvido o projeto de modernização dessa instituição (1991 – 2002).
No Carnaval de 2013, Mundinha foi homenageada pelo Bloco Akomabu com o tema ‘Mundinha Araújo, a guerreira que faz história’. Em 2014, foi homenageada na oitava edição da Feira do Livro de São Luís (FeliS). Em novembro de 2014, na data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, aconteceu a cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa à escritora, pesquisadora e militante do movimento negro Maria Raymunda Araújo, título concedido pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Produção literária

Além de ter sido a organizadora do livro ‘Documentos para a história da Balaiada’ (2001), Mundinha já publicou as seguintes obras: ‘Breve memória das comunidades de Alcântara’ (1990), ‘A invasão do Quilombo Limoeiro – 1878’ (1992); ‘Insurreição de escravos em Viana – 1867’ (1994), ‘Em busca de Dom Cosme Bento das Chagas – Negro Cosme: tutor e imperador da liberdade’ (setembro de 2008) e ‘Descendência de Elesbão Lourenço de Araújo e Ana Raimunda de Sá Caldas (Donana)’, este último livro lançado em 2012.
Mundinha está em plena atividade e pretende publicar, ainda neste ano de 2023, quatro trabalhos: ‘Memória dos Quilombos Maranhenses – Século 19’, ‘Catarina Mina, a africana que fez história no Maranhão’, ‘Bumba-meu-boi em tempos de fogo’ e ‘Tambores do Maranhão – Da repressão à consagração’.
Tem um livro inédito: ‘Apontamentos para a história do Movimento Negro’. E agora acalenta o sonho de publicar uma autobiografia: ‘80 anos – Tempos de lembrar’, com histórias de família, sobre sua infância e adolescência, e sobre a São Luís em que estudou, trabalhou e militou como ativista política,
Neste domingo (8), Mundinha completa 80 anos reconhecida em todo o País como uma das maiores lideranças do Movimento Negro no Brasil.

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