Professor Sérgio Cutrim aponta vocação econômica do Maranhão na logística e agronegócio
O professor Sérgio Cutrim, doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela USP e docente da Universidade Federal do Maranhão, vê um futuro cada vez mais promissor na área de infraestrutura e da logística nacional. Para ele, “o setor portuário é e será cada vez mais importante para o crescimento social e econômico do nosso estado”.
Coordenador do Grupo de Pesquisa LabPortos e da Especialização em Logística Portuária, professor e vice-coordenador do mestrado em Propriedade Intelectual e Inovação, Sérgio Cutrim, na semana que passou, destacou-se como coordenador do V Simpósio Internacional de Gestão Portuária e do II Fórum Latino-Americano de Cidades Portuárias, eventos técnico-científicos com tema “Relação porto-cidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
Estes eventos tem como objetivo geral fortalecer e promover a difusão de conhecimento e práticas sobre a relação Porto-Cidade e seus reflexos nas dimensões da sustentabilidade. E tem como objetivos específicos promover a difusão de conhecimentos, melhores práticas e relatos da Gestão Portuária; fomentar a discussão sobre as experiências da Gestão Pública Municipal na administração do território e incentivar a elaboração e apresentação de trabalhos técnicos e científicos pelos pesquisadores e por profissionais do setor portuário sobre a temática destes eventos, que contam como organizadores a Universidade Federal do Maranhão, por meio do Grupo de Pesquisa LabPortos e a Asociación de Arquitectos y Urbanistas de América Latina y el Caribe.
O público-alvo é formado por agentes públicos das instituições administradoras e reguladoras do setor portuário, profissionais das instalações portuárias privadas, estudantes, professores e pesquisadores do setor portuário e demais interessados na temática portuária.
A programação do evento conta com painéis, palestras, estudos de caso, visitas técnicas, minicursos e lançamentos bibliográficos, e com todas as atividades presenciais transmitidas pela internet. Sobre o assunto, o professor Sérgio Cutrim concedeu esta entrevista:
Jornal Pequeno – Qual a importância da realização deste V Simpósio Internacional de Gestão Portuária e o II Fórum Latino-Americano de Cidades Portuárias?
Sérgio Cutrim – A importância está na discussão do tema mais importante para a vocação econômica do nosso estado que está na logística e no agronegócio. E estes dois setores se conectam no setor portuário que é e será cada vez mais importante para o crescimento social e econômico do nosso estado. O evento é acadêmico e técnico e tem como público os profissionais do setor, estudantes, pesquisadores e gestores públicos. Para mais informações podem pesquisar em: https://doity.com.br/portocidade
JP – Por que a escolha deste tema “Relação porto-cidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”?
Sérgio Cutrim – A relação porto-cidade representa uma nova perspectiva e posicionamento dos portos com a sociedade. Podemos definir a relação porto-cidade como um fluxo e processo de interação de vínculos funcionais e espaciais entre as instalações portuárias e as cidades. Estes vínculos envolvem atividades industriais, comerciais, de transporte e a relação espacial entre os dois grupos.
Existe uma moderna relação porto-cidade que é um processo de design social cooperativo, colaborativo e com cocriação entre agentes das instalações portuárias e representantes dos stakeholders. Este novo design social tem duplo objetivo. Primeiro, mitigar os impactos negativos da atividade portuária nas cidades e potencializar os impactos positivos. Este tema está diretamente relacionado à sustentabilidade. Neste sentido, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável criados pela ONU na Agenda 2030, representam um direcionador e um planejamento para as organizações públicas e privadas trabalharem a temática da sustentabilidade e os portos não estão alheios a esta temática.
JP – Que avaliação, a seu modo de ver, pode ser feita com base no cenário que se esboça na área portuária do Maranhão?
Sérgio Cutrim – No século XVIII, o Maranhão rivalizava com São Paulo como o estado mais rico e mais forte nas exportações, infelizmente esta realidade mudou muito.
Estamos atualmente em uma nova janela de oportunidades, considerando as perspectivas de investimento em gás, petróleo, soja, milho, hidrogênio verde, energias renováveis, créditos de carbono e graneis líquidos. E todos estes investimentos se conectam e precisam do setor portuário. Temos que aproveitar esta oportunidade e mudar o futuro do Maranhão, talvez seja um retorno ao nosso passado.
JP – E o que se pode dizer sobre perspectivas de expansão da malha ferroviária do Maranhão?
Sérgio Cutrim – A expansão da malha ferroviária do Complexo Portuário do Maranhão está na essência da vantagem competitiva do nosso estado. Existem complexos portuários sem nenhum acesso ferroviário. Nós já temos três ferrovias em nosso sistema logístico que são: Ferrovia Norte-Sul, Transnordestina e Estrada de Ferro Carajás. E agora temos mais duas autorizações ferroviárias com contrato assinado que são a EF 317, trecho de 520 km da Grão-Pará Multimodal ligando Alcântara até Açailândia e a Estrada de Ferro Balsas – Porto Franco, trecho de 230 km da VLI.
Ainda temos mais novos pedidos de autorizações ferroviárias que estão em análise que são das empresas Porto São Luís, Suzano S.A., Minerva Participações e Investimentos S.A., 3G Empreendimentos e Consultoria LTDA. Eu acredito que estas autorizações representam uma grande evolução para as ferrovias do Maranhão. Atualmente a bacia logística do agronegócio do Complexo Portuário do Maranhão apresenta um potencial de exportação de 15 milhões de toneladas. Com esta expansão ferroviária o mercado potencial poderá aumentar para até 67 milhões de toneladas com benefícios financeiros, ambientais e operacionais para todos os atores do Complexo Portuário do Maranhão.
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