Repórteres e cinegrafistas são expulsos do prédio da Assembleia Legislativa do Maranhão
No momento mais tenso da sessão plenária daquela quinta-feira, 25 de outubro de 1984, os repórteres e cinegrafistas, sob ameaças, tiveram de sair da Assembleia. Lá fora, a multidão frustrada quebrou vidros de carros e ônibus. No final da tarde, o governador do Estado, Luiz Rocha, telegrafou ao presidente da República, João Batista Figueiredo, e distribuiu uma nota à imprensa protestando contra a “intervenção do Ministério da Justiça” e advertindo: “Saberei lutar ou cair de pé, mas jamais serei considerado covarde”.
Diversas entidades do país inteiro condenaram a violência praticada no Maranhão, que teve ampla repercussão nos principais órgãos da imprensa nacional.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís, na pessoa de seu presidente, jornalista Leonardo Monteiro, emitiu nota oficial em protesto pelas “agressões verbais e quase físicas” por parte dos deputados malufistas dirigidas aos jornalistas Artur Gondin, da TV Globo, e Nelson Torreão, da revista Veja, quando no exercício da profissão.
O presidente do Sindicato frisou que não cabia descer a detalhes do incidente, manifestando repúdio ao ato violento dos parlamentares malufistas, ao mesmo tempo em que hipotecava solidariedade àqueles jornalistas.
Em 1984, o regime militar estava com seus dias contados. Depois de 20 anos amordaçados, os cidadãos brasileiros saíram às ruas para pedir a volta da democracia ao país. A campanha das diretas já, que exigia a retomada do voto popular para presidente da República, eletrizou a atmosfera política.
Entre janeiro e abril daquele ano, dezenas de comícios foram organizados nas principais cidades brasileiras. O maior deles teve São Paulo como palco. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram ao Vale do Anhangabaú, no centro da cidade.
A emenda constitucional que previa a eleição para presidente da República por voto popular não passou, mas a oposição conseguiu eleger, por via indireta, Tancredo Neves – que morreu antes de tomar posse e, por ironia da história, foi substituído por José Sarney, ex-prócer do partido do regime militar.
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