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Magno Bacelar, Bernardo Almeida, Othelino Filho e os 60 anos da TV Difusora do Maranhão

Magno Bacelar e Othelino Filho dentre tantos personagens que construíram a história da primeira emissora de TV do Maranhão


Quem teve a chance de ler o livro “Éramos Felizes e não Sabíamos”, do escritor Bernardo Coelho de Almeida (1927-1996), encontrou ali um dos relatos mais interessantes sobre os bons tempos da era do rádio e sobre o surgimento da televisão em nosso Estado: a TV Difusora do Maranhão, Canal 4, inaugurada em São Luís no dia 9 de novembro de 1963.
Para quem não sabe, Bernardo Almeida, grande jornalista e grande locutor, foi o predestinado diretor artístico e administrativo da Rádio Difusora, fundada em outubro de 1955, e em seguida ele teve o privilégio de assistir muito de perto à chegada revolucionária da televisão no Maranhão.
Neste seu livro famoso, publicado em 1989, Bernardo Almeida fala de sua vocação para o rádio, no qual militou durante um quarto de século. Em vários capítulos, além de enaltecer a grande era do rádio, que não volta mais, ele fala de suas reminiscências da TV Difusora, a mais antiga emissora de televisão do nosso Estado.
E mostra como o advento e os primórdios da televisão no Maranhão ficaram tão vinculados à área do Centro Histórico de São Luís, a começar pela tradicional Avenida Pedro II, onde fica localizado o Edifício João Goulart.
Foi deste prédio que, naquele sábado, dia 9 de novembro de 1963, ia ao ar pela primeira vez uma imagem de televisão no Maranhão. Era a chegada da TV Difusora. E precisamente às 8 horas da noite, em meio a olhares atentos e curiosos, entrava no ar a tão esperada TV Difusora, já decantada nas páginas dos jornais impressos que, à época, circulavam na capital maranhense.
A solenidade de inauguração, muito concorrida, contou com a presença do então ministro da Justiça, Abelardo Jurema (1914-1999), que representou o presidente da República, João Goulart (1919-1976).
Estavam presentes também o governador do Maranhão, Newton Belo (1907-1976), vários governadores de Estados vizinhos e diversas autoridades civis, militares e eclesiásticas.
No dia 10 de novembro, segundo dia da programação inaugural, o Departamento de Jornalismo da TV Difusora, comandado por Bernardo Almeida, fez a sua primeira entrevista de repercussão nacional. Era entrevistado o patrono da emissora: o então senador Juscelino Kubitschek (1902-1976):

“Eu me orgulho muito disso. Eu fui a primeira imagem a aparecer oficialmente na televisão para, ao lado, e com José Leite Machado, chamar Raimundo Bacelar e Magno Bacelar, os dois diretores proprietários da empresa. E a partir daí eu era uma espécie de entrevistador oficial da emissora.
E houve um tempo em que as emissoras de televisão todas elas tinham aqueles entrevistadores com aquelas entrevistas cansativas, maçantes. Eu me lembro de uma com João Calmon, aquele deputado federal, que foi de uma hora e meia e eu fiquei com alergia aos panelões que eram muito baixos no pé direito do Edifício João Goulart. E eu não podia mais ficar por muito tempo diante deles, porque não conseguia dormir.
A grande entrevista da inauguração propriamente dita foi com Abelardo Jurema, que era ministro da Justiça, e veio representando o presidente da República, mas o nosso patrono foi Juscelino Kubitscheck, a quem eu tive a honra de entrevistar, pois ele veio um dia depois da inauguração”, escreveu Bernardo Almeida em seu livro de memórias, onde também acaba se revelando um boêmio habituado às noitadas de farra.

“Éramos Felizes e não Sabíamos” cita diversas figuras da época, entre as quais Raimundo Bacelar, que também fora jovem diretor da Rádio Timbira, e faleceu no Rio de Janeiro, no ano de 2016. Magno Bacelar (1938-2021), por sua vez, veio a óbito em São Luís nesta terça-feira passada (dia 14).
Para quem não sabe, Othelino Filho (1949-2017), além de brilhante jornalista, era boêmio como Bernardo Almeida, e os dois acabaram sendo juntos brilhantes redatores do formidável “A Difusora Opina”, o famoso editorial do meio-dia levado diariamente ao ar pela TV Difusora.
Othelino Filho foi diretor de Jornalismo, já no prédio da Camboa, na mesma época em que o nosso estimado José Ribamar Gomes era o Editor-Chefe da emissora. Aliás, é bom não esquecer: José Ribamar Gomes, mais conhecido como “Gojoba”, foi o primeiro “garoto propaganda” da televisão maranhense.
Nestes tempos, em que a TV Difusora ruma para os 60 anos, que serão celebrados em 2023, cabe frisar o legado formidável de outros grandes profissionais, como Florisvaldo Sousa, Lima Coelho, Fernando Leite, Cinaldo Oliveira, Antônio Carlos Schulibert; o diretor de Jornalismo José Ribamar Pinto, o editorialista Pedro Leonel Pinto de Carvalho e Fernando Sousa, apresentador do telejornal.
Na fase em que iniciou um esboço de suas memórias, o saudoso Othelino Filho chegou a fazer um rascunho de reminiscências falando dos fundadores Raimundo e Magno Bacelar.
E com referências a outros pioneiros, entre os quais Luís Cardoso de Almeida, diretor-técnico que montou o transmissor; os diretores de Tv: Jesus Itapary, Haroldo Rego, Inácio Santos, Telecine, Ribamar Fernandes (“Escurinho do Samba”) e Antônio Vieira; os encarregados da Sonoplastia: Elvas Ribeiro (“Parafuso”) e Giovani Brito. Na Dramaturgia: Reinaldo Faray e Jorge Onet e nas câmeras Ribamar Pinto e José Ribamar Cabral.
A eles todos, no mesmo tom em que fizera Bernardo Almeida com o livro “Éramos Felizes e não Sabíamos”, Othelino Filho deixou o registro de suas carinhosas homenagens. Que venham as celebrações pelos 60 anos de fundação da TV Difusora do Maranhão, Canal 4.

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