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Timbira 80 anos: essa história também é nossa

Robson Paz é secretário de Estado Adjunto de Radiodifusão, gestor da Rádio Timbira


ROBSON PAZ*

Há 20 anos, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) adotou quatro princípios para conceituar o rádio e a televisão pública: universalidade, diversidade, independência e especificidade.
Naquele ano, a Timbira, primeira emissora de rádio do Maranhão, agonizava. Via crúcis à qual resistiu por duas décadas, após fracassada tentativa de privatização, em 1995. Asfixiada administrativa e financeiramente, a emissora estatal fez a trajetória inversa do que propunha a Unesco. Muito diferente da pujante PRJ-9 Difusora ouvida em 60 municípios, na inauguração em 1941.
Setenta e quatro anos depois, mal balbuciava para parte de São Luís e outras poucas praças do continente maranhense. Nem de longe lembrava, a emissora que pertenceu aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, responsável pelo batismo da rádio em homenagem aos povos indígenas. Muito ainda aos anos de ouro das décadas de 60, 70 e 80.
Essa história começa a mudar na gestão do governador Flávio Dino, entusiasta da comunicação pública, quando a rádio estatal se aproxima dos princípios adotados pela Unesco. Retoma a universalidade, a partir da construção de novo parque de transmissores, adoção de modernos equipamentos e plataformas digitais.
Com melhor qualidade de sinal e maior alcance, a emissora torna-se acessível a todos os cidadãos e cidadãs do estado e do país, independentemente de sua condição social ou econômica. Pela internet pode ser acessada em todo o planeta. Está presente nas redes sociais e aplicativos de rádio, via transmissões em streaming, ampliando o leque de canais para interações com o público.
A Timbira valoriza a diversidade com programação plural, que reflete interesses do público dos mais diversos segmentos com a oferta de extenso cardápio de conteúdo, contemplando diferentes gêneros e temas. Além do jornalismo, a cultura, esporte, educação, saúde e prestação de serviços enriquecem a grade. A cultura maranhense é valorizada com amplo espaço dedicado ao segmento.
Com sustentação nos pilares do livre acesso à informação e na liberdade de expressão consagrados na carta universal dos direitos humanos, a pioneira do Maranhão adota linha editorial livre das pressões comerciais e financeiras. A verdade, a ética e a transparência ocupam espaço de relevo na programação.
A diferenciação é constatada na oferta de serviços distintos das outras emissoras. Não se limitando a oferecer programas para audiências negligenciadas, mas ao pautar assuntos ignorados pela mídia tradicional. Cumprindo papel complementar no sistema midiático, preconizado na Constituição.
Além de se notabilizar por democratizar a informação, o resgate da Timbira foi relevante para o mercado local da comunicação criando mais oportunidade para os profissionais. Acrescente-se ainda a retomada da vocação como veículo formador, com a abertura de espaço para jovens valores, por meio de programa de estágio em parceria com faculdades públicas e privadas.
Aos 80 anos, a Timbira está revigorada com integração inédita à rede de rádios públicas do Nordeste com a produção e veiculação de conteúdo jornalístico e cultural veiculado por dezenas de emissoras do Nordeste e outras regiões do país. A rádio mantém ainda parceria com as Rádios Nacional, Universidade FM, Câmara, Senado, Brasil Atual e Brasil de Fato.
O fortalecimento das rádios públicas de São Luís – Universidade FM e Timbira –, por meio da parceria entre a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) e a Fundação Sousândrade, é outro precioso presente que reforça a política de valorização da comunicação pública e construção da cidadania. Com a leveza e alegria da infância, a vitalidade da juventude e a experiência de octogenária, a Timbira segue inovando e fazendo história. E essa história também é nossa.

*Robson Paz é secretário de Estado Adjunto de Radiodifusão, gestor da Rádio Timbira

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