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Jomar Fernandes e a memória das fábricas antigas e dos bondes em São Luís

Jomar Fernandes, em seu livro, analisa a ascensão e decadência do velho parque fabril do Maranhão


O economista Jomar Fernandes, ex-prefeito da cidade de Imperatriz, divulga na internet o primeiro volume do livro de sua autoria, intitulado Economia Maranhense de 1890 a 2010, que busca uma nova interpretação da formação econômica do Maranhão.
Neste livro, Jomar faz uma interessante evocação da capital maranhense, durante todo o período de ascensão e decadência do antigo parque fabril do Maranhão. Ele foca um momento especial dos anos 50, por exemplo, época em que São Luís possuía cerca de 90 mil habitantes, já havia absorvido valores e inovações próprios da modernidade, mas ainda mantinha um ar de província que tornava a cidade acolhedora.
Em sua economia, baseada na indústria e no comércio, as referências mais destacadas eram fábricas de tecido, entre elas a Cânhamo, a Santa Amélia, a São Luís, a Rio Anil e a Santa Isabel.
Com cinco andares, o prédio do Hotel Central, entre a tradicional Avenida Pedro II e a Praça Benedito Leite, que acabara de ser reconstruído, era o mais alto da cidade. Pelas ruas, circulavam não mais que meia dúzia de carros de praça.
Em sua obra, Jomar Fernandes afirma que em 1895 o parque fabril no Maranhão atingiu seu auge. O livro de Jomar cita todas as indústrias em funcionamento naquele período, com início e término do funcionamento, capital investido, número de teares, capacidade de produção por ano, preço de venda dos produtos e número de empregados.
Segundo o autor, as principais fábricas eram: a Companhia Fabril Maranhense (Santa Isabel), que fechou as portas em 1971; a Companhia de Fiação Rio Anil, fechada em 1966; a Cia de Fiação e Tecidos Maranhense (Camboa), que encerrou atividades em 1970; a Cia de Fiação e Tecidos Cânhamo (Rua São Pantaleão), em atividade até 1969; a Cia de Lanifícios Maranhense (Santa Amélia), também até 1969 e a Cia de Fiação e Tecelagem São Luís, com encerramento em 1960.
Jomar lembra que, além de São Luís, havia indústrias têxteis em 8Codó e Caxias e outros tipos de indústria, com destaque para o Engenho Central São Pedro, em Pindaré-Mirim (1884-1892), que possuía usina de energia elétrica e ferrovia própria de oito quilômetros de extensão.

Bondes em São Luís

Em seu livro, Jomar Fernandes lembra cenas nostálgicas, como a do bonde que passava lentamente por algumas poucas ruas de São Luís. Para Jomar, a cidade parecia ter mais equilíbrio, porque andava sobre trilhos, com destinos certos, e ninguém tomava o bonde errado.
Veio, porém, aquilo a que se dá o nome pomposo de progresso e logo passou-se a imaginar que o bonde não mais levava a lugar algum, já que o futuro exigia veículos mais práticos, mais rápidos, mais sofisticados, fazendo-nos sonhar com rumos ainda desconhecidos.
De modo que a cidade, antes orgulhosa de seus bondes, agora começava a ter vergonha deles. Necessário, com urgência, atirá-los fora como ferro velho, ferrugem de tempo passado. E os administradores não deixaram por menos, pois, quando é para acabar com as coisas, eles são de uma eficiência espantosa.
Assim, de uma vez por todas, os bondes desapareceram, dando lugar aos ônibus, que logo invadiram a cidade. Os tempos passaram e, na crise do petróleo, quando tudo se agravou em matéria de transporte, houve quem pensasse na volta dos velhos bondes como solução, mas aí já era tarde.

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