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Sites encolhem áreas chamadas de desertos de notícia no Brasil

Em sua quarta edição, o Atlas da Notícia, um levantamento sobre jornalismo local no Brasil, afirma que os chamados “desertos de notícias” foram reduzidos em 5,9% em relação ao estudo divulgado em dezembro de 2019. Agora são 3.280 municípios sem qualquer veículo local, ou seja, sem jornal, site, blog ou emissora de rádio e TV, contra os 3.487 registrados há cerca de um ano.
Em população, o encolhimento dos “desertos” teria sido maior, de 9,6%. Agora foram contados 33,7 milhões de habitantes sem acesso a cobertura local. Foi o jornalismo digital que levou a “esses 5,9% a mais, na diminuição dos desertos”, diz Angela Pimenta, diretora de operações do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), que realiza o levantamento.
Ela avisa que, em grande parte, “são sites com um, dois jornalistas, redações pequenas, em que seguir os protocolos de apuração, compromissos éticos, é muito desafiador”.
O Atlas não considera jornalísticos e exclui do estudo aqueles editados oficialmente, como sites de Câmaras ou ligados a igrejas e a partidos políticos, mas evita fazer uma avaliação de qualidade do material. Pimenta avalia que, como parte do que foi registrado agora é blog voltado para opinião, o levantamento pode indicar um efeito das campanhas municipais do ano passado. E que não é possível “prever sua sustentabilidade, voltando à questão dos desafios que o jornalismo local vive, de financiamento contínuo”.
Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados e análise do Atlas, diz que “tem muita coisa acontecendo”, com pequenas iniciativas digitais sobretudo no Nordeste. “Muita gente usando a plataforma Blogger, bem simples, mas falando de assuntos da prefeitura, o que está rolando, com quem o prefeito se encontrou”, descreve.
Sobre financiamento, cita casos como o de uma cidade no interior da Bahia em que o site serve de base para o responsável vender imóveis, como corretor. O avanço do digital foi observado pelos pesquisadores em todas as regiões do país, com “impresso fechando mas um monte de iniciativa, de uma, duas pessoas, fazendo o noticiário”.
Essa virada foi especial no Nordeste, diz ele. “Era o maior deserto em número de municípios e, nesta edição, perdeu o posto para o Norte”. No levantamento de dezembro de 2019, 73,5% das cidades nordestinas não tinham cobertura local. Na nova edição, a proporção caiu para 66,3%.

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