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Franklin Douglas defende um Plano Emergencial de Emprego para São Luís

Franklin Douglas, candidato do PSOL à Prefeitura de São Luís, se diz um realista esperançoso


Professor nos cursos de Comunicação e de Direito, doutor em Políticas Públicas, Franklin Douglas retoma à cena pública como candidato do PSOL à Prefeitura de São Luís.
“Os últimos dez anos foram uma espécie de período sabático, no qual fiz o curso de Direito e o doutorado em Políticas Públicas, que se somam à minha paixão, o jornalismo”, explica Douglas, que ocupou cargos de destaque na direção do PT até 2011, quando se desfiliou e seguiu ao PSOL.
“Mudamos de casa, mas ficamos no mesmo lado da rua”, sintetiza a sua saída do partido em divergência com Lula por ter se aliado à família Sarney, em 2010, com uma intervenção no PT maranhense.
Franklin foi secretário adjunto do Trabalho e Economia Solidária, no governo Jackson Lago (2007-2008). Acredita que sua trajetória pessoal, preparo acadêmico, experiência administrativa e suas propostas para a cidade o tornam um candidato à altura do PSOL, que crescerá muito em 2020.
Crítico da gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, mas esperançoso com o futuro da cidade, Franklin defende a geração de empregos como principal proposta de campanha. Nesta entrevista ao Jornal Pequeno, o candidato do PSOL fala sobre suas ideias:

Jornal Pequeno – Quais as propostas mais importantes que pretende apresentar nesta campanha?
Franklin Douglas – Nossa principal proposta será a geração de empregos! Como secretário adjunto de Trabalho e Economia Solidária que fui no governo Jackson Lago, tenho experiência no tema. Em São Luís, 121 mil pessoas recorreram ao auxílio emergencial de R$ 600,00 para ter como sobreviver. Auxílio o PSOL lutou para instituir, contra a vontade do governo Bolsonaro.
Foi devido à ação de nossa bancada federal junto aos outros partidos que o auxílio saiu de 200 para 600 reais. A luta agora é por estender esse auxílio até o fim da pandemia. Sustentado pelos partidos de Braide, Neto Evangelista e Duarte Jr, Bolsonaro não quer isso.
JP – Qual será o mote principal dos debates nesta campanha?
Franklin Douglas – O desafio desta eleição municipal é nacionalizar o debate sem perder o elo com os problemas locais. O desemprego, por exemplo, é responsabilidade da política econômica equivocada do Governo Federal. E os candidatos do Bolsonaro à Prefeitura de São Luís terão que se explicar sobre o desemprego que assola a vida de mais de 12 milhões de brasileiros e mais de 121 mil ludovicenses.
Vamos propor à cidade um Plano Emergencial de Emprego, apoiar desde as iniciativas de empreendedorismo até os negócios de micro e pequenos empresários, passando pelos empreendedores da economia solidária, potencializando a geração de trabalho por esses segmentos e pelos setores de turismo e da economia da cultura, garantindo ainda os cursos de qualificação profissional. Vamos viabilizar duas novas Agências Municipais do Trabalho (Sine): uma no Anjo da Guarda e outra na Cidade Operária.
JP – A ideia é implantar um modelo mais descentralizado na Prefeitura?
Franklin Douglas – Sim. Com a implantação de subprefeituras, criaremos Frentes de Trabalho Emergenciais nas áreas do Itaqui-Bacanga, da Cohab até Cidade Olímpica, do São Francisco ao Angelim, da Cohama até o Turu-Vila Luizão e na Zona Rural.
Com essas Frentes de Trabalho e ouvindo a população, as pequenas empresas e a mão de obra do próprio bairro serão utilizadas nessas obras de construção e recuperação de imóveis públicos municipais, como as escolas.
Há recursos para isso: só para a infraestrutura urbana, na Secretaria de Obras, há R$ 82 milhões no Orçamento. Tem é que usar esse recurso com transparência e eficiência!
JP – Qual sua impressão sobre as pesquisas divulgadas até agora?
Franklin Douglas – Quase todas tiveram problemas metodológicos. Viraram mais uma peça de marketing do que uma aferição de tendências, mas, no geral, são retratos do momento. O que vale é o que sairá das urnas. E, tenho certeza, à medida que a população for conhecendo nossas propostas, seremos vitoriosos.
Uma cidade com Passe Livre aos estudantes. Com um milhão de árvores plantadas em quatro anos. Com a Caema pública, mas sendo efetivamente cobrada pelo poder municipal, garantiremos água aos bairros e, também, construiremos quatro estações de tratamento de esgoto, funcionando de fato para despoluir nossas praias.
JP – De que forma a Prefeitura pode, por exemplo, implementar a cultura e o transporte coletivo?
Franklin Douglas – Com o circuito de cultura nos bairros, gratuito, a partir do efetivo funcionamento do Fundo da Cultura e seus 62 milhões de reais investidos transparentemente. Com um corredor de ônibus do Maiobão até o Anel Viário, passando pela Forquilha, Anil, João Paulo, melhorando o transporte do trabalhador.
Com nossas propostas para uma cidade inclusiva, que respeitará as pessoas com deficiência. Que promoverá a igualdade racial, numa cidade com 74% de negros e negras. Nossa chapa 100% negra e trabalhadora, com Arouche meu vice e eu, não conciliaremos com o racismo, com a homofobia ou o machismo.
Com nosso compromisso de ter um secretariado que expresse a cidade, com um primeiro escalão composto por negros, com 50% de mulheres, com pessoas com deficiência, com LGBTs.
Esse novo projeto por uma nova cidade é que fará o PSOL emergir com força na luta por uma cidade com igualdade, com fraternidade, com felicidade para seu povo. Isso as pesquisas são captam, porque amarradas aos interesses de quem as financia.
JP – Acredita que há de fato um favoritismo em torno do nome de Eduardo Braide?
Franklin Douglas – Quando a população tomar conhecimento que Braide sustenta o governo Bolsonaro e que ele não é dono de sua candidatura, mas sim Roberto Rocha, Ricardo Murad e Edilázio Júnior, esse favoritismo cai por terra, embora mantenha um recall que poderá lhe garantir a vaga no segundo turno.
JP – No seu modo de ver, há de fato um cenário indicando um provável segundo turno em São Luís?
Franklin Douglas – Sim. E haverá muitas surpresas. Duarte não se sustenta, também com seu discurso desconstruído pela sua aliança com Maranhãozinho (PL) e sua filiação ao partido da família Bolsonaro no Rio. Duarte só vê o eleitor como consumidor. Mas só é consumidor quem tem dinheiro para comprar, consumir.
Numa cidade de 121 mil desempregados, penso que devemos ver a pessoa como cidadão, com direito à saúde, educação, transporte, independentemente de ter dinheiro para ser consumidor. E temos que ver o cidadão como sujeito das políticas públicas, e não objeto. Neto será vítima de sua própria velha política. A rebeldia da ilha não perdoa traição, nem capitulação à oligarquia. O povo saberá construir um novo futuro para si e para a cidade.
JP – Qual sua análise sobre a administração do prefeito Edivaldo, nestes dois mandatos à frente da Prefeitura de São Luís?
Franklin Douglas – Uma administração que deixou a desejar. Não melhorou o transporte público: não fez o BRT, não colocou a internet gratuita nos ônibus. Os corredores exclusivos de ônibus só serviram para fechar as lojas na Avenida Colares Moreira (São Francisco) e na Rio Branco. As paradas são uma vergonha. Nelas, as pessoas não têm como se proteger do sol ou da chuva.
Não fez o Hospital da Criança. Não liderou a cidade contra a pandemia. Edivaldo Holanda Júnior, em oito anos de gestão, foi incapaz de construir uma única creche, das 25 que prometeu. De nossas 268 escolas, 80% tem problema de estrutura: forro caindo, sem ventilação, quadras sem manutenção; 5.888 professores trabalham em escolas onde 68% delas não têm sala de professores; 65% não tem laboratório de informática. Ninguém nem acredita que esse é o partido dos CIEPs de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.
Comparo a gestão atual a um trem, no qual o maquinista, o prefeito, conduziu o trem o tempo todo sem manutenção, sem cuidados, apenas preocupado com os passageiros da primeira classe, a das mordomias e dos que o ajudaram a ser eleito (Duarte Júnior, Neto Evangelista, Rubens Júnior, Bira do Pindaré, Yglésio), esquecendo-se dos vagões da educação, da saúde, do emprego… E, agora, faltando três meses para fim da gestão, acelera o trem para dizer que a viagem foi muito boa. Parece muito com o VLT do Castelo e Neto Evangelista, em 2012, que só funcionou no programa de televisão, ligando o Terminal da Praia Grande ao antigo Cabão. O povo não cai nesse engodo!
JP – Que influência podem ter nestas eleições em São Luís figuras como Lula, Sarney, Bolsonaro, Flávio Dino e o prefeito Edivaldo?
Franklin Douglas – Lula e Bolsonaro, nenhuma. O que eles têm de voto pertencem a eles próprios. Não transferem. Lembremos: em 2008, em São Luís, no auge de sua popularidade, Lula não conseguiu eleger Flávio Dino contra João Castelo.
De igual forma, Flávio Dino não transferirá votos, ele sequer terá palanque no primeiro turno. Sarney e Edivaldo são influências negativas. Até o Adriano tirou o Sarney do nome na propaganda. O apoio deles tira votos.
JP – Na sua avaliação, há um racha no grupo Sarney nestas eleições em São Luís?
Franklin Douglas – A oligarquia faz o jogo que sempre fez. Se divide para ter pontes com vários candidatos: Edilázio (PSD) com Braide; Roseana (MDB) com Neto (DEM); José Sarney (MDB) com Adriano (PV). Há ainda a periferia da oligarquia que se aproxima de candidatos que julgam competitivos. Bolsonarismo e oligarquia se misturam com os candidatos de Edivaldo e Flávio Dino.
JP – Qual sua opinião sobre o apoio do MDB ao deputado Neto Evangelista e sobre estas demais alianças para as próximas eleições na capital?
Franklin Douglas – Será um abraço de afogados. O eleitorado da ilha não engolirá. E indica que, para 2022, o consórcio dinista se dividirá: Weverton Rocha com Roseana Sarney, de um lado, e Brandão com Josimar do Maranhãozinho, de outro. No meio dessa salada de dinistas, bolsonaristas e oligarquia, os setores da esquerda que conciliaram com essas alianças estão sem discurso.
JP – Que reflexo estas eleições em São Luís poderão ter na sucessão do governador Flávio Dino, em 2022?
Franklin Douglas – O dinismo chegará dividido em 2022. Não deixará um legado de superação da estrutura oligárquica, por não ter rompido com essa estrutura, que prevaleceu de Benedito Leite a Sarney, passando por Vitorino Freire.
Qual será o legado de Flávio Dino? Será deixar o governo nas mãos de Brandão e Maranhãozinho, “devolvendo” o governo a José Reinaldo, de quem ganhou seu primeiro mandato de deputado federal? A Weverton, junto com Roseana? A Roberto Rocha?
Flávio não construiu nada de novo à esquerda. A rebeldia de São Luís nestas eleições poderá apontar um caminho de reconstrução de uma alternativa de esquerda, que não vota em perdão de dívida de igrejas pentecostais para ter votos de um segmento que não é progressista nem soma com um novo projeto de sociedade. Colocar a política na frente do eleitoral. Enfrentar o fascismo e denunciar o bolsonarismo. Defender a democracia, emprego e saúde para o povo.
Esses são os pilares da reconstrução de uma nova esquerda, que o PSOL almeja no Brasil e em São Luís. Inspirado em Ariano Suassuna, posto que os otimistas são ingênuos e os pessimistas, amargos, eu sou um realista esperançoso: acredito que ainda há esperança de reinventar o futuro de São Luís, de que um outro mundo é possível!
JP – Como pretende levar avante sua campanha nestes tempos de pandemia do coronavírus?
Franklin Douglas – Com criatividade, uma campanha militante e apostando em nossas propostas nas redes sociais e nos debates. Assinei um compromisso de participar de todos. Os demais, salvo Madeira, não. Neto Evangelista até já fugiu de um, com os urbanitários.
Com a observância às regras sanitárias, vamos fazer uma campanha nos moldes de Boulos e Erundina, em São Paulo; Renata, no Rio; Edmilson, em Belém. Vamos, Arouche, meu vice, compondo uma chapa 100% negra e trabalhadora, com nossos candidatos e candidatas a vereadores, defender o legado de Marielle Franco e de Wagner Baldez por uma sociedade justa, com igualdade, fraterna, em busca de uma cidade para viver bem.

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