Jorge Nascimento, poeta e jornalista, morre em São Luís, aos 89 anos
Esquecido das novas gerações, o poeta e jornalista Jorge Nascimento faleceu aos 89 anos, na manhã de terça-feira (11), no Hospital São Luís, na Cidade Operária, onde estava internado há cerca de 30 dias.
De acordo com informações de familiares, ele morreu logo após ter sido submetido a uma cirurgia realizada para eliminar complicações decorrentes de uma enfermidade no estômago.
Jorge Nascimento, irmão do também poeta José Maria Nascimento, foi casado com Dona Glória, de quem ficou viúvo. Ele trabalhou como repórter e redator do Jornal Pequeno, durante muitos anos escreveu para publicações do antigo Serviço de Imprensa e Obras Gráficas (Sioge) e era servidor aposentado da Secretaria de Cultura do Estado.
José Maria Nascimento conta que seu irmão, Jorge Nascimento, como jornalista, exerceu a profissão em São Luís, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Chegou a trabalhar na redação do Jornal do Brasil, no Rio, e foi repórter e redator de vários jornais e outros periódicos da capital maranhense.
Como funcionário público, trabalhou, desde a década de 1980, na SECMA, de onde foi posto à disposição do Sioge, entre 1985 e 1994. Em 1995, aposentou-se. No Sioge, trabalhou como membro do Plano Editorial SECMA/Sioge, fez parte do Conselho Administrativo da mesma instituição, onde foi, também, editor do Suplemento Cultural e Literário Vagalume.
Nos últimos tempos, Jorge Nascimento vinha enfrentando graves problemas de saúde. Ele passou por delicada cirurgia na terça-feira e não resistiu. Foi sepultado na manhã desta quarta-feira (12), no Parque Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar.
O escritor Alberico Carneiro, professor de Teoria Literária, Latim, Filologia e Literatura e antigo colaborador do Jornal Pequeno, prestou este testemunho, no final da tarde desta quarta-feira:
“Jorge Nascimento nasceu com a vocação para a escrita, para a humildade e para a obscuridade. Como os grandes escritores tinha a alma, o coração de criança, daí sua obra prima, no gênero conto: Zé Coré. Nos deu também: Olhos para a rainha, dentre outros contos. Poeta singular em versos de metros longos, para além de alexandrino. Sua obra merece ser resgatada. Jorge morre esquecido. É uma contratação cruel, mas verdadeira. Perdi um grande amigo. Ganhei uma grande, eterna e invejável memória”.
Uma vida inteira consagrada
ao jornalismo e à literatura
Poeta, jornalista, contista e pesquisador, Jorge Pereira do Nascimento nasceu em São Luís, no dia 8 de janeiro de 1931. Francisco Camelo o biografou dizendo que “Jorge consubstancia o caminhante que conheceu e palmilhou este Brasil de dimensões continentais”.
Trabalhou em São Luís no “Jornal do Povo”, como revisor e repórter, 1956/58; “Jornal Pequeno”, 1975/79; “O Estado do Maranhão”, 1980/1992 como repórter e copy-desk; na Rádio Educadora, 1964/66, colaborou na revista “Legenda”, na década de 60; foi secretário da Fundação Joaquim Nabuco, entre 1981/1982; em Belém do Pará, trabalhou dois anos no Conselho Nacional de Petróleo, de 1950 a 52; no Rio de Janeiro, trabalhou no “Jornal do Brasil”, 2º lugar num concurso para revisor, de 1957/1959.
Esteve também em Recife. Em Pernambuco foi revisor tipográfico do “Jornal do Comércio”, 1974; do “Diário de Pernambuco” 1975 e “Diário da Tarde”, também em 1975. De novo no Rio, trabalhou no Ministério da Educação e Cultura, como revisor de textos, indicado pelo poeta Carlos Drummond de Andrade.
Como poeta Jorge Nascimento chegou a usar, nos seus sonetos amplos, técnica diferente, ou pouco usada, de versos bárbaros, até de mais de 20 sílabas.
Jorge Nascimento também fez parte da Equipe de Pesquisa e Jornalismo do antigo Sioge e participou das Edições Especiais do “Diário Oficial”: “372 anos de São Luís”, “Professores, Emancipação do Ser Humano”; “28 de Outubro, Dia do Funcionalismo Público”, “120 anos da Morte de Gonçalves Dias”, “Os 100 anos de Corrêa Araújo”, “Nauro Machado, Poeta-Argonauta Transfigurador do Real” e “Sioge de ontem e hoje”.
Jorge Nascimento escreveu “Ausência restituída”, poesia, 1971; “Perfis maranhenses, cronicontos, Universo maranhense”, 1983; “Os mortos não lêem os epitáfios das manhãs”, 1986, e seu conto “Olhos para a Rainha ou Zé Coré”, consta dos Contos Maranhenses.
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