Quem é o padre João Mohana
A vida de João Miguel Mohana (1925-1995), uma das figuras maranhenses mais belas do século XX, apresenta todos os aspectos de uma verdadeira pastoral vocacional. Ele deixou um rico legado de trabalho e de fé.
João Mohana nasceu no Maranhão, na cidade de Bacabal, no dia 15 de junho de 1925. Autor de mais de 40 livros, ele chegou a ser um dos escritores mais lidos no Brasil. Para familiares, amigos e uma legião de fiéis, foi brilhante nas três dimensões nas quais atuou: como médico, como padre e como escritor. Formou-se em Medicina bem jovem, respeitando um desejo de família.
Em 1949, quando completou o curso de Medicina pela Universidade Federal da Bahia, especializando-se em Pediatria, veio clinicar em São Luís. Paralelamente a esta atividade profissional, desenvolveu, na capital maranhense, importante atuação cultural, como presidente da Ação Católica, arregimentando novos talentos em torno do teatro, cinema, música e literatura, visando novas linguagens, movimento efetivamente vitorioso com a revelação de valores que depois passariam a figurar significativamente no cenário cultural brasileiro.
Anos depois, atendendo ao chamado da própria vocação, trocaria a Medicina por sua grande paixão e vocação maior, a Igreja e a vida de padre. Aos 30 anos, entrou para o Seminário de Viamão, no Rio Grande do Sul e, em 1960, tornou-se padre.
Como sacerdote, criou e orientou um grupo de jovens: a Juventude Universitária Autêntica Cristã (Juac), que ajudou a formar diversas gerações de maranhenses.
Levado por um sonho romântico – o da realização de uma vida, tendo por base uma obra literária -, o padre João Mohana acabou alcançando o posto de um dos escritores mais lidos no País. Com um estilo elegante e ágil nas linhas, vivo e sutil nas entrelinhas, ele escreveu livros que tratam de assuntos contemporâneos, àquela época, em face da conjuntura vigente, como também de questões mais amplas, como a transcendência de Deus e a aventura da existência humana, com seus enigmas e incertezas.
Além de dois romances – O Outro Caminho e Maria da Tempestade -, Mohana escreveu três peças de teatro (Abraão & Sara, Casulo de Pedra e Inês e Pedro), como também numerosos trabalhos de espiritualidade e orientação existencial, entre os quais se encontra, segundo opinião de especialistas, “a melhor coleção brasileira de educação para o casamento”.
Situado entre os autores brasileiros de maior sucesso de público, diversos livros seus foram traduzidos para o inglês, o espanhol, o italiano e o alemão.
Pesquisador da música maranhense, chegou a recolher um valioso acervo de centenas e centenas de partituras recolhidas na capital e em cidades do interior do Estado.
Autor de vasta bibliografia, com 43 livros publicados, ganhou prêmio da Academia Brasileira de Letras e foi eleito, em abril de 1970, para a Academia Maranhense de Letras, onde passou a ocupar a Cadeira nº 3. É o patrono da Cadeira nº 36 da Academia Ludovicense de Letras.
O padre João Mohana foi um dos maiores oradores sacros que o Maranhão teve a honra de beber na fonte de seu verbo, a inspirada lição de Deus no diálogo com os homens. Dono de um poder criativo inesgotável, sem perder um linguajar vivo, colorido, cativante, foi também autor de peças de teatro, gravações em discos e fitas. E grande parte de sua obra foi traduzida para outras línguas, em outros países.
Faleceu em São Luís, aos 70 anos de idade, no dia 12 de agosto de 1995. Nesta data, houve imensa comoção coletiva em razão de sua partida. Do velório na Igreja da Sé até o seu sepultamento no Cemitério do Gavião, o Maranhão presenciou, com lágrimas abundantes e o coração partido, o maior enterro visto em toda a nossa história.
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