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Atletas lamentam competições suspensas e CPB fará tomadas de tempo para as Paralimpíadas

Daniel Dias garantiu vaga ao conquistar o ouro nos 50m livre no Mundial de Natação Paralímpica

Na última quarta-feira, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou a suspensão do calendário de competições de atletismo, natação, halterofilismo e tiro esportivo até junho. A notícia pegou muitos atletas de surpresa, a maior preocupação é que das 230 vagas estimadas apenas 117 foram asseguradas para os Jogos Paralímpicos até o momento.

A lista longa dos qualificados precisa ser enviada ao Comitê Organizador Local (LOC em inglês) até o dia 13 de maio. Como alternativa às competições, o CPB anunciou tomadas de tempo com um número reduzido de participantes.

– A diretoria técnica do Comitê de Crise analisou o cenário da pandemia, o número de pessoas que participam das competições e decidiu que não deveríamos fazer esses eventos regionais no primeiro semestre – afirmou Alberto Martins, diretor técnico do CPB.

As quatro modalidades atingidas pela decisão estão sob gestão direta do CPB. Historicamente, atletismo e natação são as modalidades que mais deram medalhas ao Brasil em Paralímpiadas, são 144 pódios somados. Maior medalhista paralímpico do país, Daniel Dias garantiu a sua vaga ao conquistar o ouro nos 50m livre no Mundial de Natação Paralímpica, disputado em setembro de 2019 na capital inglesa. Ele é um dos quatro nadadores qualificados para Tóquio, mesmo assim ficou preocupado com a ausência de competições em casa.

– Eu compreendo que o CPB tenha seus argumentos para tomar a decisão de suspender o calendário esportivo no primeiro semestre deste ano, respeito, mas eu não posso deixar de lamentar a situação. O atleta precisa participar destes eventos para ganhar ritmo de competição e se auto avaliar. Não acho que a preparação para Tóquio esteja completamente comprometida, mas seria melhor se tivéssemos pelo menos uma competição antes da aclimatação – disse Daniel Dias.

Entre os atletas que ainda não alçaram o índice ou não conquistaram uma medalha de ouro em mundiais a apreensão é ainda maior.

– Quando eu li o comunicado, fiquei em choque porque eu acho que todos os atletas estavam esperando que esse ano fosse diferente do ano passado. Acho que todos ficaram bem baqueados porque a gente esperava ter um Open e pelo menos duas competições para conseguir fazer uma marca expressiva para as Paralimpíadas. Infelizmente, como todas as competições foram suspensas, provavelmente, alguns critérios vão mudar – afirmou Raíssa Machado, recordista Parapan-Americana no lançamento de dardo.

– Não é só para mim que a coisa está complicada. Todos os atletas sofreram bastante com esse ano de 2020, mas achei que ia andar agora, né? O Comitê lançou essa nota para segurar a onda até junho, mas eu ainda estou buscando a minha vaga – contou Geraldo Von Rosenthal, do tiro esportivo. A modalidade tem apenas uma vaga confirmada com Alexandre Galgani.

Normalmente, seriam realizadas pelo menos quatro etapas do regional e um Open Internacional de natação e atletismo no primeiro semestre. Em entrevista ao ge, Alberto Martins, diretor técnico do CPB, revelou que tomadas de tempo serão realizadas para assegurar que todos possam buscar os índices necessários para carimbar o passaporte rumo a Tóquio.

– Nós devemos fazer tomadas de tempo com esses atletas de forma reduzida. Por exemplo, no atletismo, nós não vamos fazer uma competição com todas as provas juntos, mas podemos fazer tomadas para as provas de velocidade. Assim o número de pessoas presente será muito pequeno. A mesma coisa na natação, vamos dividir entre as provas de velocidade e provas de meio-fundo. Estamos articulando para que possamos ter um controle da performance dos nossos atletas – disse Alberto Martins.

 

É importante lembrar que, no contexto da pandemia, as pessoas com deficiência têm três vezes mais chances de contrair o novo coronavírus. Para frequentar as instalações do CT Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, todos os atletas precisam fazer testes do tipo RT-PCR (coleta de material com raspagem de nasofaringe) e de sorologia.

– Na minha opinião, a decisão do CPB foi a mais correta. Porque todo mundo quer competir e eu dou razão para isso, mas na hora que alguém pegar a Covid-19, na hora que alguém vai para o hospital, vai para a UTI, o índice vai ser a primeira coisa que a gente tem que pensar? A competição? Não, é a saúde e a vida das pessoas – falou Verônica Hipólito, que inclusive faz tratamento com imunossupressores por conta de um tumor cerebral.

Além das vagas, o CPB está preocupado com a classificação funcional de todos os brasileiros. Para garantir uma competição mais justa, os atletas são divididos em classes com deficiências semelhantes entre si. Sem competições internacionais por aqui no primeiro semestre, o diretor técnico cogita mandar atletas para o exterior. Alberto Martins também explicou que, em reunião recente com países das Américas, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, garantiu que os competidores não serão prejudicados por conta da classificação.

– As palavras textuais do presidente na nossa reunião foram: “Nenhum atleta deixará de participar em Tóquio por causa da classificação”. Isso nos deixou mais tranquilos. Isso quer dizer o quê? Vai haver alguma providência por parte do IPC e pelo LOC para que essa situação possa ser contornada.

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