Fechar
Buscar no Site

Jogador sofre com doença rara e vive com ajuda do governo: “gastei errado”

O futebol paga altos salários e muda a vida da maioria dos jogadores. Alguns deles, no entanto, não conseguem aproveitar a oportunidade. Adelson Luiz David, conhecido como Táxi, foi um deles. Ele defendeu alguns clubes, mas viveu seu auge no Goiás, onde foi companheiro de quarto de Fernandão – morto em acidente de helicóptero em 2014.

O dinheiro recebido no período foi todo gasto com roupas e noitadas. Não pensou no futuro, não fez nenhuma economia. Hoje, sofre com erisipela (infecção cutânea) na perna, que o impede de conseguir emprego. A doença é mais grave do que o normal já que ele tem veias entupidas no local e que atrapalham o tratamento. Casado pela segunda vez, Táxi vê sua nova esposa, Ana Paula, professora, também sofrer com o desemprego. Eles moram na casa dela em Olímpia, interior de São Paulo, e sobrevivem com ajuda de custo do governo que ambos recebem.

“É muito delicado, está difícil, quando estava um só desempregado, mas os dois… Está difícil. É estranho, hoje não entra dinheiro, a única coisa que está salvando é esse dinheiro emergencial. Por enquanto os R$ 600 do governo. Eram R$ 600, mas agora parece que vai cair para R$ 300. Vamos esperar, recebemos eu e a minha esposa, é o que está nos ajudando aqui”, disse Táxi ao UOL Esporte.

“Se pudesse voltar no tempo, com a cabeça que tenho hoje, seria totalmente diferente. Não era o dinheiro que o pessoal ganha hoje em dia, mas seria totalmente diferente com a cabeça que tenho agora, Hoje se entra algum dinheiro, eu já penso em comprar coisa para casa. Na época eu ganhava dinheiro e gastava em roupa, boné, tênis de marca. Gostava de dar uma volta, uma saída, eu esbanjava. Cheguei a ter 23 pares de tênis de marca. Tinha tênis novo que eu nem tinha usado ainda, mas eu já comprava outro por R$ 300,00. Não estava nem aí, eu já comprava, eu queria andar como os outros andavam”, completou.

A falta de emprego é o que mais incomoda. Vontade de trabalhar não falta. O problema é que Táxi sofre com uma doença de pele atípica. A erisipela é de fácil tratamento, mas não a de Adelson, que tem veias entupidas no local e que impedem a ação dos remédios. Já são quase três anos nessa situação, que o fez ser demitido dos últimos trabalhos.

“Eu fiz exames e tenho duas veias entupidas. Meu último serviço, em uma usina, era pesado demais, ficava em pé o dia inteiro quase. Não circulava o sangue e as minhas veias entupiram. Começou a dar coceira, eu coçava, passava uma pomada, só que foi crescendo até que o trem pegou feio mesmo. Para não ser mandado embora eu passava faixa na perna, eu não colocava botina, deixava ela dobrada. Só que a câmera pegou, um chefe da usina viu isso, me chamou na sala, mandou eu tirar a botina e mostrar. Fui para o médico, aí me deram atestado. Eu queria voltar a trabalhar, mas o médico não liberava. Até que fui demitido”, afirmou.

“Eu cheguei a fazer bico num posto de gasolina como frentista aqui em Olímpia, mas tinha que tirar a botina porque o pé incha. Tenho que passar por um cateterismo para desentupir as duas veias. Hoje eu estou desempregado há dois anos e meio e a minha esposa há três anos”, acrescentou.

Assim que seu tratamento for concluído, Táxi sonha em ter o básico. Voltar a se inserir no mercado de trabalho para poder se sustentar. E faz um apelo.

“Eu estou precisando, eu não tenho vergonha não, eu não estou roubando e o meu sonho é arrumar alguma coisa para eu fazer, quero trabalhar, ainda mais se fosse no futebol seria a melhor coisa. Mas eu preciso trabalhar, se eu conseguir alguma coisa dentro de Olímpia, é o que desejo”, concluiu.

COMPANHEIRO DE QUARTO DE FERNANDÃO

Durante sua trajetória no Goiás, Táxi dividiu quarto com ninguém menos que Fernandão. O atacante, que anos depois viria a se tornar um dos grandes ídolos do Internacional, impressionou Adelson não só pelo desempenho em campo, mas também pela personalidade fora das quatro linhas.

“O cara era gente boa demais, o pai dele tinha fazenda, tinha tudo. É que ele gostava de jogar futebol, mas pensa em um cara assim, o cara mais humilde do mundo, humilde mesmo, simplezão de tudo. Não tinha essas coisas de marca. Ele não estava nem aí. Era um cara que treinava, não perdia treino, não era expulso, não tomava cartão, tinha quase 2 metros. O bicho era grande e a cabeçada dele parecia um chute”, disse o ex-jogador. (VANDERLEI LIMA – DO UOL)

O conteúdo deste blog é livre e seus editores não têm ressalvas na reprodução do conteúdo em outros canais, desde que dados os devidos créditos.

mais / Postagens