Weverton não será punido por preferir Lula
Embora o PDT tenha aprovado na convenção nacional, em julho, uma resolução que proibia seus candidatos de fazer campanha para postulantes de outros partidos — chamada até de “cláusula anti-Lula” —, a direção da sigla fará vista grossa para os membros que apoiam a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A uma semana da eleição e com o presidenciável do partido, Ciro Gomes, estagnado nas pesquisas, com 7% das intenções de voto, a possibilidade de “virar a casaca” sem ser punido tem deixado pedetistas mais à vontade para endossar o palanque de Lula, movimento que vem ocorrendo há alguns dias.
Dentro do partido, há apoios claros ao ex-presidente. Na última quarta-feira, um grupo assinou um manifesto em favor da candidatura do petista. Há também os chamados candidatos do Lula — é o caso de Carlos Eduardo e Acir Gurgacz, que concorrem ao Senado pelo Rio Grande do Norte e por Rondônia, respectivamente. Eles aparecem em eventos e vídeos ao lado do ex-presidente.
O postulante ao governo do Maranhão pelo PDT, Weverton Rocha, também já usou as redes sociais para reforçar seu laço com o petista dizendo ser o melhor amigo de Lula e ter ficado ao lado dele enquanto esteve preso em Curitiba. Rocha aparece em segundo lugar, com 20% das intenções de voto, segundo o Ipec. No Estado, o PT fechou apoio ao candidato do Palácio, Carlos Brandão(PSB), e parte da militância petista apoio Weverton.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que não punirá os candidatos, alegando que ninguém pediu voto para Lula de forma literal. Mas a resolução trata do tema de forma mais ampla. O texto indica a proibição da “propaganda a favor de candidatos que não sejam os indicados pelas convenções nacional e estaduais” da sigla.
— A resolução diz sobre o nosso candidato pedir voto para alguém de outro partido. Me mostre uma foto, um vídeo de um pedetista pedindo voto para o Lula que eu levarei à comissão (de ética do partido). Nenhum candidato nosso foi à televisão pedir voto para outro partido — diz Lupi.
Ao GLOBO, o dirigente atribui a presença de Lula nos materiais de divulgação dos candidatos pedetistas às alianças regionais. Interlocutores de Lupi, porém, afirmam que ele faz vista grossa por priorizar as disputas estaduais, em vez do projeto presidencial de Ciro.
Embora o presidente do PDT seja o maior fiador da campanha de Ciro, mantendo-se firme quanto à candidatura presidencial mesmo após repetidos apelos em contrário de correligionários desde o ano passado, seu objetivo nesta eleição é eleger o maior número de deputados e ampliar a bancada do partido no Parlamento.
“Mudança é difícil”
A estimativa é conseguir de 33 a 38 cadeiras na Câmara, que hoje tem apenas 19 pedetistas. Para tanto, ele admite a aliados que a associação com Lula pode favorecer os correligionários.
Questionado se os constantes ataques de Ciro a Lula podem prejudicar as alianças entre os dois partidos nos estados, Lupi sustenta que não, embora diga que agiria de outro modo. O dirigente ainda rebate afirmando que a reação do presidenciável pedetista se dá pelo assédio que vem sofrendo do PT pelo voto útil:
— Quem bate não lembra, quem apanha não esquece. Ninguém lembra dos ataques do Lula ou do PT ao Ciro, mas aí, quando ele sobe o tom por causa disso, todo mundo dá destaque aos ataques dele. Eu não faria assim, eu gosto mais de ironia, do teatro político. Mas é o jeito de cada um — afirma Lupi, reconhecendo que o cenário não é favorável para o correligionário.
Ele continua:
— Mudança na (eleição) presidencial é mais difícil, mas não é impossível. E eu vou trabalhar até o último minuto para isso. (Com informações de O Globo)
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