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Waldir Maranhão resiste no cargo

Por Ricardo Noblat

Há pouca sustança nas diversas propostas estudadas até agora pelos partidos para forçar a saída de Waldir Maranhão (PP-MA) do exercício da presidência da Câmara dos Deputados. Ele substitui Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal.

O DEM e o PSDB protocolaram um pedido de abertura de cassação do mandato de Maranhão por desrespeito à vontade da maioria dos seus pares. Ele de fato desrespeitou-a quando decidiu anular a sessão de 17 de abril último que havia aprovado o impeachment da presidente Dilma.

Mas no mesmo dia, diante da repercussão negativa do seu ato, e da recusa dele pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Maranhão recuou e deu o dito pelo não dito. Depois pediu desculpas aos seus colegas de direção da Câmara e aos líderes dos partidos. Desculpou-se até com o vice Michel Temer.

Uma vez que procedeu assim, não há como cassar seu mandato pelo motivo alegado. Não há, também, como declarar vaga a presidência da Câmara porque Cunha não renunciou a ela. Nem tampouco declarar vaga a primeira vice-presidência ocupada por Maranhão, a não ser que ele renunciasse ao cargo. Diz que não o fará.

Cunha sonha com a volta à presidência da Câmara e estimula Maranhão a continuar a exercê-la enquanto isso. O mais provável é que Maranhão siga presidindo a Câmara e que se entenda com Temer para facilitar ali a aprovação das matérias do interesse do novo governo.

De obscuro deputado do baixo clero da Câmara, Maranhão tornou-se involuntário protagonista de uma crise que só faz manchar de forma indelével a instituição ora sob seu comando. Está sendo investigado por ser suspeito de ter recebido propina e salário de professor de universidade do Maranhão sem ter dado aulas.

Se Dilma for impedida pelo Senado de reassumir o cargo, Maranhão será o substituto de Temer em uma eventual ausência dele. Serão dias de glória para todos os chargistas do país.

Charge (Foto: Chico Caruso)

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