‘Vou te pegar, vagabundo!’, ameaça deputado, no plenário
Primeiro-secretário da Câmara, o deputado Giacobo (PR-PR) se descontrolou na noite de terça-feira e quase agrediu fisicamente o colega Alfredo Kaefer (PP-PR). Ambos são parlamentares do estado do Paraná. No fundo do plenário, o GLOBO presenciou o momento em que Giacobo correu enfurecido em direção ao colega.
— Vai tomar no cu. Eu vou te pegar, vagabundo! Vou mostrar suas notas frias! — gritou.
Giacobo estava revoltado com o fato de o jornal “O Paraná”, de propriedade da mulher de Kaefer, ter repercutido uma reportagem de “O Estado de S. Paulo” que o citava.
O caso tratava da venda de uma propriedade do também deputado Nelson Meurer (PP-PR) por valor abaixo do preço de mercado. Na transação de Meurer, a suspeita da Procuradoria Geral da República é que ele tenha tentado driblar o bloqueio de bens imposto pela Justiça.
Giacobo foi citado no texto porque a empresa que comprou o imóvel fica no mesmo endereço de uma outra empresa sua e onde funciona o escritório do PR, seu partido.
Procurado pelo GLOBO depois dos xingamentos na primeira-secretaria, Giacobo disse que Kaefer era “mesmo um vagabundo” e que seu jornal era “um pasquim”. Mas alegou que só perdeu a compostura porque estava sendo pressionado a arquivar uma investigação da primeira-secretaria sobre a prestação de contas de gastos da cota parlamentar por Kaefer.
Kaefer nega qualquer irregularidade e diz que vai avisar a presidência da Câmara para que instaure um procedimento no Conselho de Ética da Casa.
— Vou falar com o presidente Rodrigo Maia, para ele já saber que estou sendo ameaçado aqui na Câmara. Não tem nenhum cabimento essa história de investigação. Ele está inventando essa história. E, se quiser investigar, tudo bem. Tenho o passado limpo. Já o dele, é outra coisa — diz Kaefer.
Giacobo, por sua vez, disse que não poderia falar sobre o fato específico que investigava e reafirmou algumas vezes que Kaefer era um “vagabundo”.
O deputado do PR é conhecido por, em 1997, ter sido premiado 12 vezes na loteria, em um período de apenas 14 dias. Como primeiro secretário, entre as funções de Giacobo estão “interpretar e fazer observar o ordenamento jurídico de pessoal e dos serviços administrativos da Câmara” e “ratificar despesas da Câmara dos Deputados”.
O GLOBO procurou a presidência da Câmara para saber se alguma providência seria tomada diante do caso, mas até o momento não recebeu resposta. (O Globo)
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