Vídeo: Fala de Fufuca pedindo voto para Bolsonaro repercute nas redes após ser anunciado ministro de Lula
O deputado maranhense André Fufuca foi anunciado nesta quarta-feira (6) como o novo ministro do Esporte, no lugar da ex-atleta Ana Moser. Ele representa a entrada do PP no primeiro escalão do governo Lula (PT).
Logo após ser confirmado como ministro de Lula, começaram a circular vídeos de Fufuca nas redes pedindo voto no ano passado para Bolsonaro(veja acima). Outro vídeo que também foi disseminado mostra, em 2016, o voto de Fufuca a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousselff(PT).
Na campanha presidencial do ano passado, Fufuca pediu votos para Bolsonaro em um evento no Maranhão, declarando que o escolheu nos dois turnos e pedindo para que os seus eleitores também apoiassem o ex-presidente. “A gente tem uma missão, não apenas aqui mas no Brasil inteiro que é dar a maioria absoluta para Jair Messias Bolsonaro”, disse.
“Eu peço para quem eu acho correto. Eu peço voto para aquele que olhou para a BR-135 e inaugurou ela depois que quase 15 anos de abandono. Eu peço voto para quem colocou recurso para terminar a BR-010. Eu peço voto para mais de dois milhões de famílias que recebem o auxílio no nosso Estado. Isso quem fez foi o presidente Bolsonaro”, afirmou o novo ministro de Lula. (Veja no vídeo acima)
Parlamentar desde 2015, é médico, mas seguiu na política assim como o pai. Herdou o apelido de Francisco Dantas Ribeiro Filho, mais conhecido como Fufuca Dantas e atual prefeito de Alto Alegre do Pindaré (219 km de São Luís). Ele será o ministro mais novo da Esplanada —completou 34 anos na semana passada.
A rápida ascensão política foi respaldada por alianças, principalmente com personagens de oposição ao PT e a Lula. Sem um histórico de proximidade com o atual presidente, Fufuca chegou ao ministério do petista por uma costura que envolveu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Lula decidiu abrir espaço no governo para atender a demandas do centrão e tentar formar uma base mais sólida de deputados.
Na política nacional, o deputado esteve no lado oposto ao PT. A história dele passa por fortes alianças com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e pivô do impeachment de Dilma Rousseff (PT), e com Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL).
Fufuca, porém, é conhecido pelo pragmatismo. Na política local, construiu laços com partidos de esquerda no Maranhão. No estado, o PP esteve ao lado de Flávio Dino (PSB) quando o hoje ministro da Justiça foi governador. A família Fufuca também mantém laços com o clã Sarney.
Fufuca tem 34 anos de idade e será o ministro mais novo do governo Lula. Formado em Medicina, ele é natural de Santa Inês, município que fica a 280 quilômetros da capital maranhense São Luís. Por lá, é chamado de Fufuquinha. O seu pai, Francisco Dantas Ribeiro Filho, prefeito do município de Alto Alegre de Pindaré, é conhecido como Fufuca Dantas. Fufuca é um apelido regional para Francisco.
A carreira política de André Fufuca começou em 2010, quando, aos 21 anos, foi eleito deputado estadual pelo PSDB. Na Assembleia Legislativa do Maranhão, foi apelidado como “Menudo”, por ser o mais jovem de um grupo de parlamentares que haviam sido empossados naquela legislatura. O nome faz referência a boy band portorriquenha que fez sucesso nos anos 80. Em 2014, foi eleito deputado federal pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), que hoje se chama Patriota. O momento de maior destaque da carreira como parlamentar foi em 2017, quando comemorou o seu aniversário de 28 anos tomando posse como presidente interino da Câmara dos Deputados, cargo que ocupou por sete dias devido a uma viagem do ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia. Fufuca se filiou ao PP em 2016, e é o atual líder da bancada do partido na Casa. Ele é apadrinhado e fiel aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura, veiculado no último dia 31 de julho, Lira disse que o partido estava ajudando o governo Lula apenas porque os dois haviam feito um pedido aos seus correligionários.
Como mostrou a Folha, enquanto negociavam ministérios no governo Lula, as cúpulas de PP e Republicanos buscaram preservar diálogos com o bolsonarismo. A estratégia é deixar portas abertas com os dois campos políticos à espera de qual será o melhor rumo a ser tomado nas próximas eleições e na correlação de forças no Congresso Nacional.
O parlamentar ocupa uma posição estratégica nesse plano. Ele faz parte do grupo de homens de confiança de Ciro Nogueira, que mantém pregação contrária a Lula e mira a vice em eventual chapa presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2026.
Ciro Nogueira comanda o PP. E Fufuca costuma ser acionado em momentos decisivos. Em julho de 2021, o deputado assumiu interinamente a presidência do partido assim que Ciro Nogueira foi para a Casa Civil de Bolsonaro. Isso foi visto como uma forma de ele manter o controle sobre a sigla.
O primeiro alvo do PP na reforma ministerial foi a pasta do Desenvolvimento Social, comandada por Wellington Dias (PT), que é adversário político de Ciro Nogueira no Piauí.
O novo ministro do Esporte não começou a carreira no PP. Ele ingressou na política pelo PSDB, migrou para o PSD e foi eleito deputado federal pelo PEN, partido nanico que tinha apenas dois representantes na Câmara em 2015.
Começou a ganhar projeção ainda no PEN, quando se aproximou de Cunha, que à época presidia a Câmara. O então presidente da Casa tinha forte controle sobre o plenário ao liderar uma aliança de partidos de centro, inclusive do baixo clero, e de oposição à ex-presidente Dilma.
Fufuca foi da tropa de choque de Cunha que colocou em prática diversas manobras para protelar a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara. Enquanto isso, o grupo articulou o impeachment de Dilma –o novo ministro de Lula votou a favor do afastamento da petista, em abril de 2016.
Depois que o ex-presidente da Câmara foi cassado, Fufuca tentou descolar-se da sua imagem. Porém, nunca negou que existe uma amizade entre os dois. Em uma entrevista concedida ao G1 em 2017, Fufuca disse que Cunha ajudou diretamente na sua ascensão política. “A minha relação com Eduardo Cunha era de amizade, todo mundo sabe que eu tinha amizade. Quando eu cheguei aqui, foi ele que me deu espaço. Agora, a minha relação com Eduardo é de amizade. Política, a relação é zero. Ele é do Rio de Janeiro, eu, do Maranhão. Eduardo era do PMDB, eu era na época do PEN. Fui para o PP, ele queria que eu fosse para o PMDB”, afirmou.
O maranhense, porém, segue a cartilha pragmática do centrão. Como líder do PP na Câmara, fez acenos ao governo e se fortaleceu à medida que Lula ficava mais dependente de Lira na Câmara.
Mas a articulação arrastada para Fufuca assumir o Ministério do Esporte também teve um preço. Integrantes da bancada do PP passaram a criticar a postura dele na negociação e dizem que ele já entra enfraquecido na Esplanada.
Dessa forma, permanecem as dúvidas sobre quantos votos o governo Lula conseguirá atrair com a nomeação do deputado federal no lugar de Ana Moser, ex-atleta que deixa a pasta do Esporte.
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