Do Jornal Pequeno

O vereador Ivaldo Rodrigues (PDT) condenou duramente o tom da carta encaminhada ao Jornal Pequeno pelo secretário de Saúde do Estado, Ricardo Murad, a pretexto de esclarecer nota publicada domingo, no Colunaço do Pêta, segundo a qual a Caema estaria danificando ruas e avenidas recentemente pavimentadas pela Prefeitura de São Luís. Rodrigues afirma que ficou indignado porque, na carta publicada no JP, na última segunda-feira, Ricardo Murad, segundo Ivaldo, chama o prefeito de “canalha” e “patife”.

O prefeito João Castelo e o vereador Ivaldo Rodrigues acompanhados de uma multidão durante a autorização para a pavimentação de 21 ruas da Vila Luizão e outras 150 vias do polo Turu.

“E o mais grave é que Ricardo Murad não diz isso sozinho. Na condição de secretário de Estado, presume-se que ele fala em nome do governo que representa. Fala, portanto, em nome de Roseana Sarney Murad, que é a governadora do Maranhão e também sua cunhada, ” diz o pedetista.

Ivaldo ressalta ainda que a própria governadora e sua família já foram vítimas da “língua infame” de Ricardo Murad. “Hoje ele xinga o Prefeito. Ontem xingou o grupo Sarney, o Ministério Público, os deputados que lhe negaram voto para a presidência da Assembleia Legislativa, o candidato a presidente da Famem que não rezava na sua cartilha. Amanhã, quem será a próxima vítima das bravatas de Murad?”, questiona.

Por fim, o vereador pergunta: “Então, Senhora Governadora, eu lhe pergunto: de que lado a população está? Da quebradeira patrocinada pela Caema ou da recuperação asfáltica articulada pela Prefeitura? O povo, em geral, não erra no julgamento”.

Leia abaixo a íntegra da carta.

Carta aberta à Governadora Roseana Sarney

Senhora Governadora, hoje aqui escrevo para manifestar a minha indignação com o acentuado desrespeito que pauta o relacionamento entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís. Numa época em que o Brasil começa a reescrever a sua história, com avanços estupendos na economia, na ética e na austeridade do serviço público, aqui ainda se perde precioso tempo no varejo político-partidário, em disputas paroquiais que nos levam ao nada. Enquanto o País avança, o Governo do Estado lança publicamente farpas contra a municipalidade, sem qualquer cerimônia, como se vivêssemos no ‘velho oeste’ do caciquismo. O Brasil cresce e nós continuamos patinando na lama das pequenas vaidades. Sinto-me envergonhado.

O exemplo mais emblemático dessa falta de respeito institucional está numa carta publicada no início da semana passada, no Jornal Pequeno, pelo secretário de Saúde do Estado, Ricardo Murad, na qual ele, do alto de sua imperial prepotência, construída no sobrenome palaciano que hoje carrega como se fosse um troféu, ataca a autoridade do Prefeito João Castelo sem o menor pudor. E por qual razão? Por informações divulgadas no JP sobre uma suposta operação já iniciada pela Caema, a pretexto de serviços de esgoto, para quebrar as ruas asfaltadas pela Prefeitura de São Luís.

Na carta, sem rodeios ou meias palavras, Ricardo Murad chama o Prefeito de ‘canalha’ e ‘patife’. E não diz isso sozinho. Na condição de Secretário de Estado, presume-se que ele fala em nome do governo que representa. Fala, portanto, em nome de Roseana Sarney Murad, que é a Governadora do Maranhão e também sua cunhada. O insulto, indubitavelmente, é institucional e deve entrar para a história como um dos mais graves já registrados na política maranhense dos últimos 50 anos.

Políticos como Ricardo Murad agem assim no Maranhão, onde tudo pode, tudo acontece, debaixo das ventas, vendas nos olhos e togas do Poder Judiciário. Figuras como ele se acham acima dessas coisinhas que nós comuns chamamos de leis, dizem o que pensam, escrevem o que vem na telha, cumprem o que querem, agem pelo fígado, atacam como e quando convém. Atacam-se e intrigam-se, inclusive, quando a conveniência assim exige. A sua própria família, Senhora Governadora, por tantas vezes foi vítima da língua infame de Ricardo Murad.

Afinal de contas, quem governa o Estado, para em nome dele falar com tanta autoridade? A Senhora Roseana Sarney ou o Senhor Ricardo Murad? Hoje ele xinga o Prefeito. Ontem xingou o grupo Sarney, o Ministério Público, os deputados que lhe negaram voto para a presidência da Assembleia Legislativa, o candidato a presidente da Famem que não rezava na sua cartilha. Amanhã, quem será a próxima vítima das bravatas de Murad?

Ricardo Murad alega na carta que a Prefeitura está inadimplente com a Caema e que, por conta disso, a companhia de águas e esgotos não tem recursos necessários para consertar os estragos por ela feitos no asfalto novo entregue à população. Ora, se a Prefeitura deve e não paga, que a cobrança seja feita na forma da lei, com execução judicial e tudo. E, pelo que sei, essa cobrança já tramita na Justiça, inclusive com indeferimento no pedido de corte no abastecimento de água dos órgãos da Prefeitura.

Todos nós, cidadãos conscientes que pagamos impostos e demais obrigações em dia, conhecemos muito bem a Caema e sabemos qual o nível do serviço que ela presta à população. Não há o que se discutir. A Caema é quase uma unanimidade em matéria de reclamação, basta ouvir meia hora de comentários em programas de rádio. Isto, sim, é um problema grave de gestão! E todos nós sabemos também como a cidade tem padecido, ao longo dos últimos invernos, pelo problema de buracos e asfalto mal conservado pelas administrações municipais que antecederam a João Castelo. Pela primeira vez, bairros e ruas que nunca viram asfalto, de chão batido mesmo, começam a experimentar a novidade. Ruas e avenidas esburacadas pelo tempo, inclusive na esquecida Zona Rural, agora estão sendo asfaltadas e sinalizadas.

Então, Senhora Governadora, eu lhe pergunto: de que lado a população está? Da quebradeira patrocinada pela Caema ou da recuperação asfáltica articulada pela Prefeitura? O povo, em geral, não erra no julgamento. É uma questão quase matemática, como dois e dois são quatro. Insistir na quebradeira das ruas é um erro crasso da Caema, de Ricardo Murad e do Governo do Estado. Chamar o Prefeito de ‘canalha’ e ‘patife’ porque ele não paga a conta de água da Prefeitura – ao invés de esperar a decisão judicial sobre o tema – é uma atitude que merece uma análise sob a ótica não mais da política, mas da psiquiatria.

Esta é a razão da minha carta, Senhora Governadora, que resumidamente traduz o sentimento da maioria dos maranhenses de São Luís. Não deixe que seus auxiliares inventem brigas ou moinhos de vento. Não os deixe tão soltos assim para xingamentos quixotescos, que isso o povo não tolera. Mande o Senhor Ricardo Murad cuidar tão-somente da saúde do Maranhão. Esta, é bem verdade, precisa de cuidados.

IVALDO RODRIGUES, vereador de São Luís