Uma vida, uma Esperança
Há 34 anos, 28 de julho de 1979, na Cidade de. Parnaíba, sob as bênçãos do Padre John Patric, na igreja de São Sebastião, casamos Eu e a Beta. Uma cerimônia simples onde apenas alguns familiares puderam comparecer.
Eu cursava Engenharia civil na Universidade Federal do Piauí e ministrava aulas em escola particular em Teresina e escola publica em Timon, além de estagiar numa empresa privada na construção de casas para a classe media de Teresina. Era uma vida atribulada. Sem transporte e morando em Timon, tinha que percorrer grandes distâncias a pé, de ônibus e caronas, principalmente em uma moto que o meu irmão João Damasceno me emprestava. Combinamos, Eu e Beta, que só teríamos filhos após eu terminar o curso. Porém, com menos de onze meses de casamento, nascia nosso primeiro filho. Um ano depois do nascimento do primogênito, conclui o curso e dois meses depois, nasceu o segundo filho.
Um ano depois do nascimento do segundo, nascia prematuramente, a única filha (Izana), que veio a falecer com 16 dias de vida.
Foram anos de muitas lutas e adaptações, iniciando a vida profissional, com dois filhos e como âncoras de nossas famílias, eu e Beta fomos nos dividindo entre estruturar nosso lar. Ella cuidando das crianças e da casa, e eu me firmando como Engenheiro na iniciativa privada. Pouco antes de me formar, conseguimos fazer, no próprio terreno onde morava toda a família, quatro cômodos, aonde praticamente, nem chegamos a morar. Ao assumir as atividades de engenheiro, logo compramos o primeiro carro (uma Brasília), com um ano o primeiro carro zero e com menos de dois anos, a casa onde moramos até hoje, que passou por uma boa reforma.
Depois do carro novo, fizemos inúmeras e felizes viagens à Parnaiba onde meu sogro era o maestro da banda de música da policia militar e onde a Beta em função da transferência de seu pai, morou por dez anos, três dos quais namoramos e noivamos.
Já se vão trinta e oito anos de convivência e trinta e cinco de casamento sempre pautado na compreensão e companheirismo além, claro, do sentimento que nos une. Enfrentamos sempre juntos os problemas que são inerentes à vida de qualquer casal.
A partir de um determinado momento, dona Beta começou a dividir comigo as atividades empresariais, seja na construção de casas, até a instalação de uma loja de comercializar ferro, em maio de 1987, na Av. Miguel Rosa, próximo à ponte metálica. Começamos com seis e no final de um ano tínhamos um estoque de 100 toneladas de ferro. Somente eu, Beta e João Paulo trabalhávamos lá, sendo que dona Beta além de gerenciar fazia as entregas.
O negocio ia de vento em popa. Veio a primeira campanha para prefeito em 1988 e consumiu a loja. Mais ou menos na mesma época e praticamente do mesmo porte, nascia a hoje gigante Ferronorte.
Nos anos de 89 e 90, praticamente morei em São Luís, com as crianças pequenas. Beta não podia me acompanhar, mas estava sempre disposta e varias vezes dirigia sozinha de Timon a São Luís. Nas ferias escolares ela permanecia na capital maranhense com os pequenos.
A minha entrada na política teve seu aval e sempre esteve à frente em todos os momentos, seja em campanhas, seja em governos. Ela nunca reclamou da gente ter gasto em campanhas, o que ganhamos trabalhando empresarialmente, uma grana que poderia ser hoje um grande patrimônio. Não lamentamos por isso, o que nos faz falta hoje, é a saúde dela. Há cinco anos, acometida de uma doença neurológica degenerativa e hereditária, ocasionada por lesão no cerebelo (órgão responsável pela emissão de comando dos demais através do cérebro) denominada ataxia cerebelar. São milhares de ataxias, algumas a estatística é de uma pessoa por país no mundo. Mas nem o tipo da ataxia, a ciência tem meios de identificar.
Buscamos todos os meios de cura. Desde dois anos no Sara em São Luís, dezenas de médicos e clinicas em vários Estados, centenas de exames até fora do País, cura religiosa, remédio caseiro, orações, muitas orações e mesmo assim a doença avança lentamente.
Hoje vejo minha companheira debilitada, e com certeza sofrendo por não poder levar uma vida normal sob todos os aspectos inclusive curtir melhor os belos netos e ajudando mais diretamente o Luciano na sua grande tarefa. Mas não se entrega e está sempre ligada através das redes sociais e se cuidando como pode. Ela sempre foi da linha de frente. Além, claro, de não poder usufruir na plenitude, a solidez do nosso casamento, quando entro no ano de completar 60 e caminhamos para quatro décadas que estamos juntos.
Quantos momentos já foram subtraídos em função do seu estado de saúde. Lembro da última viagem a Barreirinhas, antes da manifestação da doença, em fevereiro de 2009. A foto abaixo retrata o que foram aqueles três dias.
Hoje nos apegamos a Deus e temos esperança de vê-la pelo menos ter sua saúde melhorada. Esta brava mulher que sempre procurou ajudar as pessoas e sempre foi cheia de vida, merece ser curada pela mão divina. Oremos…Deus testa os seus!!!
Engenheiro Chico Leitoa (ex-deputado e ex-prefeito de Timon)
(Publicação no blog do Elias Lacerda)
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