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Três histórias de uma história

Da coluna do Sebastião Nery (Tribuna da Imprensa)

Primeira história:

1 – “No jantar para 37 pessoas no palácio dos Leões, residência dos governantes do Maranhão, às vésperas do Natal de 2001, Sarney teve o pressentimento de que algo podia dar errado com a candidatura da filha à presidência, apesar da onda de popularidade em que surfava, dos números favoráveis dos institutos de pesquisa, que apontavam para um primeiro lugar em pouco tempo, e do entusiasmo incontido de Nizan Guanaes, o golden boy do Gantois, com sua invenção.”

2 – “O alarme soou quando chamou Roseana, muito a sério, para lhe dar conselhos à mesa. Dona Marly esqueceu por momentos convivas como Pedro Paulo Sena Madureira, editor da maioria dos livros do marido, e Janete Costa, que morreu no ano passado, decoradora pernambucana que acabava de dar seu toque no palácio e ficou de orelha em pé.”

– Filhinha, você precisa tomar cuidado com seu principal inimigo.

– Quem é, paizinho? O Lula, o Serra, o Fernando Henrique?

– Não, minha filha. Seu principal inimigo é você mesma.

***

BATCAVERNA

Segunda história:

“A 1º de março de 2002, numa tarde abafada de sexta-feira, os temores de José Sarney se materializaram nas figuras de oito agentes e dois delegados da Polícia Federal. Munidos de mandado judicial, estão vasculhando a empresa de Roseana Sarney Murad e Jorge Francisco Murad, seu marido. Os maranhenses chamam a Lunus de Batcaverna.”

“É dali que o casal, de fato, governava o Estado. Na cobertura do edifício Adriana, na Avenida Colares Moreira, os policiais encontram 1 milhão e 350 mil reais em dois cofres enormes. Pelo telefone, dona Terezinha, a secretária, ofegante, suada e chorosa, vai contando a operação, direto da Batcaverna, aos patrões na toca dos Leões.”

A cada notícia uma nova explosão de Roseana: “Eu não sabia que tinha dinheiro lá”, vocifera para Murad, acuado.”

***

ONCINHAS

Terceira história:

“A lua-de-mel da candidata à presidência com a imprensa acabou na edição do Jornal Nacional da quinta-feira 7 de março de 2002, com a imagem das 27 mil oncinhas nas notas de 50 reais dispostas em cima de uma mesa. Houve sete ou oito versões para a bolada. Na última, lendo uma nota seca, Murad disse que o dinheiro era para a campanha.”

“Só no dia 10 de abril apareceu a lista com os ‘doadores oficiais’ da campanha, que o “Correio Braziliense” tinha antecipado há um mês.”

“José Sarney ameaçava na “Isto É”: “O Fernando Henrique destruiu minha filha. Vou destruí-lo.”

***

“CAROS AMIGOS”

Com todos esses detalhes e muitos mais, o consagrado jornalista Palmerio Doria, em 2209, contou na revista “Caros Amigos”, de São Paulo, as aventuras e desventuras dos Sarney. São cinco páginas cheias:

“Quem governa é o Lula, mas quem manda é o Sarney.”

“Dos 56 cargos federais existentes no Maranhão, 54 pertencem à “cota” de Sarney. O partido do presidente da República, o PT, nomeou apenas dois. Ele está dando as cartas mais do que nunca. Controla áreas do Ministério dos Transportes. Na energia, domina de ponta a ponta.”

De lá para cá, pouca coisa mudou.

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