“Temos que agir rápido”, diz Flávio Dino nas Amarelas da VEJA
O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, é o entrevistado desta semana da revista VEJA. Nas páginas Amarelas, Dino afirmou ao jornalista Sérgio Quintella, que o novo governo irá atuar pela conciliação do Brasil. “Temos que agir rápido”, ressaltou o ex-governador maranhense.
A VEJA afirma na matéria que Flávio Dino “é hoje um dos mais influentes conselheiros do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
INTEGRA DA MATÉRIA DAS AMARELAS COM A ENTREVISTA DE FLÁVIO DINO:
Recém-eleito senador pelo Maranhão com 63% dos votos, o ex-governador Flávio Dino (PSB) é hoje um dos mais influentes conselheiros do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e cotado para ser o ministro da Justiça no terceiro mandato do petista. Enquanto o martelo não é batido, o ex-juiz federal defende, como membro da equipe de transição, a ideia de que o futuro governo atue rapidamente tanto para conter as manifestações bolsonaristas contra o resultado da eleição quanto para implantar medidas que tenham impacto imediato nas condições de vida da população. Entre os principais gestos a ser feitos, Dino defende o fortalecimento da frente ampla que possibilitou a vitória eleitoral sobre Jair Bolsonaro, a garantia de que os investimentos sociais virão acompanhados de responsabilidade fiscal e o desarmamento do país “literal e simbolicamente”. “O pluralismo político faz bem ao país”, afirma.
O terceiro mandato de Lula não deverá ter a tradicional lua de mel de 100 dias concedida a novos governantes. As cobranças começarão em 1º de janeiro, ao contrário do que aconteceu na primeira gestão do PT, em 2003. Como a equipe da transição está lidando com isso?
Certamente temos uma configuração política no Brasil diversa da que existia há vinte anos, na transição de Fernando Henrique Cardoso para Lula. Naquela época havia uma harmonia, e mesmo os que discordavam da vitória de Lula entendiam que ela fazia parte do legítimo jogo democrático. Agora, temos alguns setores políticos, sociais, empresariais e institucionais que não querem aceitar o resultado das eleições e fazem um combate ilegal e criminoso em relação ao novo governo. Temos um nível de destruição institucional muito maior do que havia em 2003. Vamos ter de agir rapidamente no sentido de adotar ações para garantir a ordem democrática e também medidas que melhorem a vida do povo, que está exausto depois de anos de dificuldades econômicas e sociais.
Que tipo de medidas?
A primeira delas diz respeito ao cumprimento da lei por todos. Há pessoas que estão praticando, de forma flagrante, crimes tipificados no Código Penal. É um dever do atual governo enfrentar a situação, mas se até o dia 1º de janeiro isso não ocorrer, a nova gestão terá de atuar para, por exemplo, colocar fim aos cercos ilegais aos quartéis do Exército. O primeiro passo é garantir as leis. Precisamos criar uma espécie de catequese democrática.
Como está indo o processo de transição?
Estamos nos passos iniciais, alguns grupos se reunindo e outros ainda se organizando. É um período curto e é preciso fazer o diagnóstico das áreas de governo e propor algumas medidas. Não conseguiremos dar conta de tudo, pois são praticamente apenas trinta dias de trabalho. O que nos cabe tem sido feito. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin tem conduzido os diálogos com as áreas de governo e com certeza teremos um conjunto de diagnósticos e de propostas para apresentar ao presidente Lula. A transição possível está sendo feita, em um ambiente muito conflituoso por parte do governo atual. É o que temos.
A quais conflitos o senhor se refere?
Não temos uma passagem de governo igual à de FHC para Lula em 2002. Lá o diálogo era mais fácil. Mas a lei tem de ser cumprida. A transição não é um favor, é um dever. Apesar da má vontade de um ou outro (do atual governo), o processo será cumprido.
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