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Sobre vender ilusões e a realidade de São Luís

edivaldoeyglesio

Por Yglésio Moyses – Nada contra o Eduardo Braide, mas detesto qualquer tipo de messianismo na política. Essa coisa de “São Luís tem jeito” parece muito com a o lema da “mudança” de 2012, só que piorado.

São Luís não “tem jeito” de virar uma metrópole organizada pelo menos nos próximos 40 anos, mas não é pessimismo meu, é responsabilidade pra não vender ilusões. Um orçamento como o da cidade é pequeno, não passa de 2,5 bilhões. Pega 60% (1,5 bi) disso só pra pagar folha de pagamento, depois tem o custeio e o que sobre pra investimento é muito pouco.

O teto do município pra Saúde via SUS é de 20 milhões por mês, 6 milhões desse dinheiro vão pro HU , o resto paga Socorrão, Aldenora, Santa Casa etc.

Os leitos de UTI novos que encaminhamos ali no Socorrão até hoje não foram credenciados no Ministério da Saúde porque a ordem em Brasilia é cortar despesa. O município está bancando no peito e na raça mais 300 mil de despesa por mês com esses dez leitos. Não dá pra fazer parceria com Deus e o mundo não. O município tem muitas, muitas dificuldades. Boa parte do empresariado daqui sonega o ISS que pode, muita gente não paga IPTU em dia, enfim, todo mundo quer comer bem, mas pagar a conta… cadê?

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Daqui a uns anos, a caminhar como agora, com cortes seriados de FPM, só vai dar pra pagar salário de servidor e nada mais. Eu me preocupo muito com o Eduardo Braide vendendo essa ilusão de que a cidade tem jeito em 4 anos. Ninguém é bonzão suficiente pra ir contra dívida pública, crise econômica, crise no SUS, crise arrecadatória e resolver o município na base do gogó.

Excesso de gogó só leva a uma coisa: decepção. Não tenho nada contra o Braide, mas repito, messianismo não cola, messianismo na verdade me assusta, porque a cada decepção, vai embora mais um fio de esperança das pessoas na política.

O Holandinha hoje me agrada porque aprendeu com o tempo que não se consegue resolver tudo com promessas, pouca grana e excesso de burocracia. Ele segue caladinho, sem gogó, sem bater no peito dizendo que é o tal, mas sou testemunha: não deixou de trabalhar um dia.

Se não melhorou a cidade do jeito que você quer e na velocidade que as desigualdades precisam, me desculpe: meu prefeito é apenas um gestor responsável, não é parente do David Copperfield, nem do Mr.M.

A política é barra pesada, você lida com a escória, com as piores pessoas diariamente e isso atrapalha muito. Não há milagre: há muito é o que fazer e daqui a quatro anos haverá ainda muito a realizar. A cidade não é uma solução imediata, será sempre uma construção contínua.

Sem ilusões, sem demagogia. Trabalho de formiguinha, pé no chão. Eu voto 12.

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