Sarney prepara candidatura dos três filhos em 2018 para tentar livrar a família da PF
Blog do Gilberto Lima – Confirmando o que diversos analistas vinham apontando, os três filhos do ex-presidente José Sarney devem lançar candidaturas em 2018, e o motivo por trás das investidas eleitorais seria estratégico: dar foro privilegiado aos herdeiros da oligarquia no afã de esquivá-los dos investigadores da Polícia Federal.
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), já até realizou o lançamento oficial da sua pré-candidatura ao Senado, e como era especulado, Roseana Sarney (PMDB) deve realmente entrar na disputa pelo governo do Maranhão. Mas há quem afirme que Roseana, acusada de vários crimes de improbidade e liderando em rejeição junto ao eleitorado, estaria disposta a disputar até uma cadeira na Assembleia. A grande surpresa seria uma eventual candidatura do empresário Fernando Sarney para deputado federal, até então conhecido pela sua aversão a cargos públicos.
Antes de representar “gás novo” ao já esfacelado grupo Sarney, as movimentações do clã para as eleições do próximo ano podem ser as únicas saídas da família para evitar a Justiça comum e a PF, já que, Roseana, Fernando, Zequinha e até mesmo o oligarca José Sarney já foram citados ou são alvos de investigações no âmbito da Operação Lava-Jato e em outros inquéritos por envolvimento em casos de corrupção.
Atolados em escândalos e sem imunidade, o grupo ensaia uma retomada ao poder em 2018 para tentar reverter a impopularidade e as denúncias contra eles.
Em fevereiro deste ano, o deputado estadual Adriano Sarney (PV), filho do ministro Zequinha e o único membro da nova geração da família a lançar carreira política, disse durante sessão na Assembleia Legislativa do Maranhão que seu grupo político retomará o poder em 2018. Na época, o vice-presidente da Casa, o deputado Othelino Neto (PCdoB), ironizou a aposta de Adriano Sarney: “continue sonhando, deputado”.
Relembre as denúncias que pesam contra cada um deles:
Roseana Sarney
Foi aberto em março de 2015 inquérito para apurar os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que disse em delação, que a ex-governador Roseana Sarney teria recebido R$ 2 milhões em propina para sua campanha em 2010. As cifras milionárias teriam sido pagas a Roseana pelo doleiro Alberto Yousseff. Vale lembrar que a prisão de Yousseff no Hotel Luzeiro, em São Luís, com uma mala cheia de dinheiro de propina, foi o marco inaugural da Operação Lava-Jato, há três anos.
Em 2016, Roseana foi novamente denunciada, dessa vez pelo Ministério Público do Maranhão, que apontou anuência da ex-governadora em esquema fraudulento de concessão de isenções fiscais a empresas durante sua gestão. O esquema ficou conhecido como a “Máfia da Sefaz”
A ex-governadora pode ainda voltar a ser ré na Justiça Federal na ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal desde 2001 contra os envolvidos no caso Usimar, que desviou entre janeiro e março de 2000, R$ 44,2 milhões da extinta Sudam para a construção em São Luís de uma fábrica de autopeças, que nunca saiu do papel.
Sarney Filho
Em uma tabela usada na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, há citação de pagamento no valor de R$ 400 mil em propina para o atual ministro Sarney Filho em 2010.
Também em 2010, Sarney Filho foi atingido pela Lei da Ficha Limpa. Sua candidatura chegou a ser impugnada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) do Maranhão. Ele foi acusado de abuso de poder econômico. Sarney Filho foi condenado a pagar uma multa e, segundo o MPE, isso o tornaria inelegível, conforme a lei complementar 135/2010. No entanto, após recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o deputado conseguiu manter o registro de sua candidatura.
Em 2009, Sarney Filho foi investigado pelo Ministério Público por ter usado sua cota parlamentar de passagens aéreas para viajar com a família para o exterior. Zequinha Sarney negou todas as acusações.
Fernando Sarney
O empresário, presidente da TV Mirante e membro do Comitê Executivo da Fifa, Fernando Sarney, exerceu apenas um cargo político em sua carreira, o de assessor da Secretaria Municipal de São Luís entre os anos de 1989 e 1990, mas seu histórico policial é extenso.
Em 2006, a PF realizou a Operação Faktor com o objetivo de apurar saques em dinheiro de pelo menos R$ 3,5 milhões relacionados a empresas da família Sarney no período das eleições estaduais do Maranhão daquele ano. À época, Roseana Sarney, irmã de Fernando, era candidata ao governo maranhense, mas perdeu para Jackson Lago no segundo turno.
Entre 2007 e 2010, Fernando Sarney e outros membros de sua família foram investigados dentro de um inquérito da Polícia Federal que apurava evasão de divisas dos cofres públicos maranhenses. O empresário chegou a ter seu telefone grampeado pela PF. Fernando foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Em 2009 Fernando Sarney pediu a Justiça que proibisse o jornal O Estado de S. Paulo e o seu portal de publicar reportagens com informações sobre a Operação Faktor, em uma clara tentativa de censura à imprensa.
Velho Sarney
A delação do ex-presidente da Transpetro atingiu em cheio também o oligarca José Sarney. Segundo o depoimento de Machado, R$ 18,5 milhões em propina teriam sido pagos ao ex-presidente. Afastado de cargos políticos desde 2014 e sem direito foro privilegiado, ironicamente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal no Paraná, não poderia usar depoimentos de Sérgio Machado referentes ao ex-presidente José Sarney.
Delatores da Odebrecht citaram ainda pagamento de propina a Sarney pelas obras da Ferrovia Norte-Sul, projeto que nasceu em 1987, durante o governo Sarney e nunca foi concluído. O grupo político de Sarney teria recebido 1% em propinas da construtora por uma obra que se estende há mais de 30 anos.
Recentemente, investigadores da Lava Jato descobriram rastros da influência de José Sarney no Executivo, no Legislativo e no Judiciário para atrapalhar as investigações. O ex-presidente estaria agindo como uma espécie de mentor do presidente Michel Temer (PMDB) e foi um dos artífices da criação da CPI da JBS para atacar as ofensivas da Lava Jato.
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