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Sarney no meio da tempestade

As próximas semanas devem ser de forte tensão para o ex-presidente José Sarney. Enquanto articula nos bastidores de Brasília a manutenção do impopular governo Michel Temer (PMDB), o velho oligarca acompanhou nos últimos dias movimentações da Polícia Federal (PF) que devem chegar a dois dos principais operadores de Sarney: Ricardo Murad e Fernando Sarney.

No Maranhão, a PF deflagrou na última sexta-feira (2) a quarta fase da Operação Sermão aos Peixes que apura desvios de recursos públicos destinados ao sistema de saúde do estado. O ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad, é apontado como o chefe da organização criminosa que subtraiu R$ 2 milhões do Fundo Estadual de Saúde do Maranhão durante o governo Roseana Sarney (PMDB).

Intitulada “Rêmora”, a nova fase da Operação culminou na prisão de cinco pessoas envolvidas no esquema. O montante dos recursos públicos federais movimentado pela quadrilha, segundo estimativa parcial da PF, já supera a marca de R$ 18 milhões. O dinheiro desviado pelo bando deveria ser empregado, com exclusividade, na administração de diversas unidades hospitalares estaduais.

As investigações prosseguem e Ricardo Murad deve ser o próximo alvo da PF. Em entrevista, delegado da PF disse ter plena convicção da participação do ex-gestor da Saúde nos crimes como mentor do esquema. Em novembro de 2015, Murad chegou a ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento.

“Essa operação desvendou que a saúde do Maranhão estava sendo controlada por uma organização criminosa. Era esse tipo de gente que tava cuidando da saúde da população”, afirmou na época o superintendente da PF no estado, Alexandre Saraiva.

Ferrovia Norte-Sul

Já em Brasília, a Operação De Volta aos Trilhos prendeu outro homem de confiança de Sarney, o ex-presidente da Valec, Juquinha das Neves, indicado ao cargo pelo próprio oligarca. O ex-presidente da estatal responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul é investigado por ter cometido crimes de lavagem de dinheiro decorrentes do recebimento de propinas na execução da obra.

Com a prisão de Juquinha das Neves, a PF pode apertar o cerco contra o empresário Fernando Sarney, que administra os negócios do pai. Em 2009, Fernando foi acusado de envolvimento em esquemas de superfaturamento da obra. Na época, a PF apontava que um grupo liderado por Fernando Sarney teria desviado ao menos R$ 45 milhões da Ferrovia Norte-Sul.

Este ano, executivos da Odebrecht revelaram em delações que o grupo Sarney pegou, em propina, 1% do valor total da obra, que se arrasta há mais de 30 anos e nunca foi concluída.

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